Poemas :  O poeta

Balança os pés

na beira do cais,

sobre as rutilantes águas

o poeta.

Olha até não poder mais.

Sabe que este corpo já não aguentará

a próxima viagem.

Há muito que se deixou ficar por ali

a saborear a beleza de algum pensamento

ou a escoar-se nele

por ele,

através dele.

As palavras já não servem o seu intento.

Nem nunca serviram

agora que se detém.

Em vão.

Foge-lhe de novo o pensamento.

Não sabe,

qualquer ruído ou cor

ou outra coisa qualquer,

são agora o seu ar e o seu sustento.

Impossíveis de agarrar.


MRLEAL - 4.4.2012
Poeta

Poemas :  De mirar ardiente

O Pintor
poema de Maria do Rosário Leal


De mirar ardiente, agotado,

Sigue calle abajo la figura del pintor.

Encorvado,

Torcido el hombro arqueado

Enseña su silueta inconfundible

A contra luz del neón blanco del café

Se detuvo

Encendió otro cigarrillo.

Dónde está, no me ve pero siento el mirar

Latir dentro de mí.

No respiro.

Así estamos, suspensos uno en el otro

En cuanto nuestros mundos se tocaban, en ansias…

Me arde el pecho

En brasa como el fuego del cigarrillo que él aplasta en la acera con el pie

En fin

En la calle donde la noche se oculta, se calla el silencio pero si hablase

Diría que nada vio.


Traduccion Gustavo Arturo Restrepo
Poeta

Poemas de nostalgia :  Por entre as paredes serenas


Na branca paz do claustro
emparedam-se as mortas em vida.
Paz podre,
mas merecida
por tanta miséria sofrida.

Apenas vaguear por ali,
imaterialmente,
sem sentir as leis terrenas,
apenas ser,
existir,
por entre as paredes serenas
enquanto rosas brancas murcham no jardim.


MRLEAL – 30.03.2012
Poeta

Poemas :  Inercia fatal

Más que placer hacer nada

Solamente ser sin pensar en nada

Estar al sol, si él llega,

Sino paciencia,

Tendré que esperar.



Más que placer hacer nada

Ni siquiera preocuparme

Haga yo lo que haga

Todo gira sin parar



Más que placer hacer nada

Ni sufrir ni ansiar

Cuando mi tiempo se agota

Que lea esto, quien quiera…



Traduzido por Gustavo Arturo Restrepo de um poema de Maria do Rosário Leal
Poeta

Poemas :  O pintor

O Pintor

De olhar ardente, esgotado,
Segue pela rua abaixo a figura do pintor.
Corcovado,
o torto ombro arqueado,
assina-lhe a silhueta inconfundível
no contra luz de néon branco do café.
Parou.
Acendeu outro cigarro.
De onde está, não me vê mas sinto-lhe o olhar
a existir dentro de mim.
Não respiro.
Assim ficámos, suspensos um do outro,
enquanto os nossos mundos se tocavam, em ânsias…
Arde-me o peito,
em brasa como a chama do cigarro que ele esmaga no passeio com o pé,
por fim.
Silêncio, na rua onde a noite se escondia.
Se falasse, diria que nada viu.


MRLEAL – 23.03.2012
Poeta

Poemas :  Em cacos

A veces,

en las noches amenas de verano

Cuando el cuerpo

Cansado de sublevarse

Procura la calma serena y fría de la Luar blanca

El velo azul del cielo

…me acoge en su regazo.

Los barbaros monjes caballeros

Persiguen, ardientes de deseos

Las lindas princesa árabes...

Y se oyen risas, en las doradas llanuras.

En la luz parda y clara que antecede al nacer del sol

Se quiebra de súbito, el hechizo.

En el suelo, los trozos partidos de otra ilusión

Yacen, golpeados los sentidos.

Traducción Gustavo Arturo Restrepo



"Por vezes,

nas noites amenas de Verão,

quando o corpo,

cansado de se revoltar

procura a calma serena e fria da branca lua,

o veludo azul do céu acolhe-me no seu regaço.


Os bravos monges cavaleiros

perseguem, ardentes de desejos

As lindas princesas árabes…

E ouvem-se risos, nas douradas planícies.


Na luz parda e clara que antecede o nascer do Sol

Quebra-se, de súbito, o feitiço.

No chão,

os cacos de outra ilusão

Jazem,

ferindo os sentidos."
Poeta

Poemas :  Uma palavra, apenas



Agita-se
O meu interior
Num turbilhão violento.
É, talvez, um pensamento
Mas age como um vulcão.

Penso, então, em escrever
Um pouco sobre esse momento.
Não por interessar a alguém
Mas p´ra acalmar o sofrimento.

Na minha doce ilusão
Solto um grito em silêncio
P´ra matar a solidão
Basta uma palavra, apenas.


MRLEAL – 20.03.2012
Poeta

Poemas :  fogo

Lufadas de ar quente

Inebriam os sentidos

Gritos agudos, aflitos

Ferem os ouvidos

Crepitam as casas

Desabam os muros

Fugiram os animais

antes de tudo,

e os velhos, arrastados

para sítios seguros,

choram lágrimas secas e

abrem as bocas num pedido mudo.

Enegrecido o sol

queimado o futuro

não há dia nem noite

só rolos de fumo.



MRLEAL - 17.03.2013
Poeta

Poemas :  A triste flor

Que belos são os teus ramos,

os teus nós entrelaçados…

Quem és tu?



Dizes-me que és uma árvore apenas,

Entranhada na terra, à mercê do vento,

da chuva e do sol…



És, realmente, bela,

to digo eu que sei tudo acerca da beleza!



És serena e imponente,

apesar de um pouco altiva,

invejo-te o porte elegante

e as rugas de sabedoria...



Nada temes nem receias

seja dor ou sofrimento,

nada muda o teu semblante

nem a morte ou o vento…



As coisas que já viste

e tiveste que calar

Carregaram-te o olhar



com uma sombra triste…

e da tristeza, bem sei falar ,

Sente o meu perfume



feito de pura melancolia,

serei eternamente jovem,

Sem saber nada da vida.



Morre-se-me,

Aqui perante ti,



o meu tempo mas se tenho só este momento

então nasci p’ra te admirar…



Poeta

Poemas de introspectíon :  Em cacos


Por vezes,
nas noites amenas de Verão,
quando o corpo,
cansado de se revoltar
procura a calma serena e fria da branca lua,
o veludo azul do céu acolhe-me no seu regaço.

Os bravos monges cavaleiros
perseguem, ardentes de desejos
As lindas princesas árabes…
E ouvem-se risos, nas douradas planícies.

Na luz parda e clara que antecede o nascer do Sol
Quebra-se, de súbito, o feitiço.
No chão,
os cacos de outra ilusão
Jazem,
ferindo os sentidos.


MRLEAL - Março 2012
Poeta