Poemas :  Exercício & Treinos
Exercício & Treinos
Tudo assim... Sem assunto.
Tudo assunto breve.
Uma palavrinha leve
procurando chegar junto.

O cravo, lembra defunto...
E entra um assunto
de morte.

A noite vem,
com seu negro porte,
fantasiada de estrelas...
Poesias, como fazê-las?

Escrevo tudo
e deixo entregue
à própria sorte.

AJ Cardiais
imagem: google
Poeta

Crónicas :  Livros, literatura & leitores
Livros, literatura & leitores
Minha maior preocupação é escrever textos que tenham “utilidades”. Textos que sirvam para despertar alguma coisa no leitor. Não estou tão preocupado com a “qualidade”. Preocupo-me sim, com a gramática, pois escrever corretamente é muito importante. Mas infelizmente parece que até isto está sendo deixado para trás por alguns escritores, porque tenho lido alguns livros e textos em que não há esta preocupação com a pontuação etc. Mas como não tenho nada com a vida dos outros, sigo o meu ideal.

O que é preciso dentro da literatura (e das artes em geral) é acabar com a “discriminação”. O que é que faz um livro ser “bom”? É o número de vendagem ou a informação? E o que é que faz um livro vender muito? É a estratégia de marketing ou o conteúdo? Tem gente que fica à cata de best-sellers, simplesmente para comentar que já leu, e não para adquirir algum conhecimento. Sinceramente, eu só leio o que me interessa. Não leio algo só para “dizer que já li”. Quando, por acaso, algum “best-seller” chega às minhas mãos (eu sou difícil comprar. Já não compro os que me interessam, por falta de grana), eu leio a primeira página, a segunda... Se não der para “engolir”, abandono a leitura. Eu gosto de ler o que me dá prazer em ler. Algo que, de alguma forma, me satisfaz. Já li livros difíceis de serem “digeridos”, mas eram assuntos que me interessavam. Às vezes eu tinha que ficar “ruminando” um assunto, para ser bem digerido. Não estava lendo simplesmente para ficar comentando na internet etc.

Vou dar um exemplo: eu comprava muito livro “do balaio”. Quando eu passava pela porta das livrarias e via aquele monte de livros no balaio, a preço de banana, eu tinha que dar uma olhada para ver se algum me interessava (são meus objetos de consumo: discos e livros). Numa dessas “investidas”, comprei um livro intitulado “A Cidade de Alfredo Souza”, de José Angeli. Quando comecei a ler, não consegui passar da segunda página. Foram várias tentativas e desistências. Resultado: deixei o livro de lado. Oito anos depois, não tendo nada o que ler, resolvi enfrentá-lo: forcei a barra. Quando consegui passar da segunda página, a história ficou maravilhosa... A leitura estava tão boa, que resolvi levar o livro para o trabalho para devorá-lo. Quando estava voltando para casa, encontrei com um amigo, o poeta Figueiredo. Vendo o livro, ele falou: rapaz, eu tenho um livro desse. Já tentei ler, mas nunca consigo passar de segunda página.
Então eu falei: tem uns oito anos que comprei este livro, e também não conseguia passar da segunda página. Ontem resolvi forçar a barra e descobri uma leitura deliciosa. Agora estou devorando-o. Hoje mesmo acabo de lê-lo. Resultado: depois de devorar o romance, fiquei querendo outro que tivesse “o mesmo sabor”.

A.J. Cardiais
imagem: a.j. cardiais
Poeta

Poemas :  Por que escrevo??
Por que escrevo??
Quando me pergunto
porque é que escrevo,
eu não sei dizer...

Talvez seja para aparecer
talvez seja para não morrer
talvez seja por puro prazer...

Sei lá!
Talvez seja para me encontrar
ou para desabafar.

Quando leio
um poema alheio,
procuro o que eu não sei;
o que eu não disse
ou não soube como dizer.

Só sei que quando
escrevo um poema
e acho que ficou
"bem estruturado",
sinto-me realizado.

A.J. Cardiais
imagem: Google
Poeta

Poemas :  Está resumido
Está resumido
Eu misturo
a mistura
da loucura
com o sangue puro.

O puro sangue maduro,
com a "devez" viajem de escrever.

Quem há de crer,
que o ato de escrever
faz de você
um solitário feroz?

É a nossa voz pedindo abrigo.
É o corte do cordão do umbigo.
É a sorte de quem ganha
um sonho perdido.

Eu disse nada,
eu disse tudo...
Está resumido.

A.J. Cardiais
imagem: a.j. cardiais
Poeta

Crónicas :  O processo criativo
O processo criativo
Não tenho um "processo criativo”... A “coisa” acontece comigo, de uma forma que eu não sei dizer. Só sei que acontece. Eu não paro, sento e digo: vou escrever uma poesia. Não olho para algo e penso em poesia... Já teve tanta coisa linda que fiquei olhando, admirando... Achei que merecia uma poesia, mas não fiz porque ELA não compareceu. Talvez eu não tenha treinamento para dominá-la ou não saiba um “ritual” para invocá-la. Mas é justamente isso que eu gosto: a surpresa. Fazer algo por “instinto”, é como exercitar o animal para farejar a presa e dominá-la, sem nenhum conhecimento de artes marciais.

O poeta Mario Quintana, no texto intitulado de Carta, diz: “Não sei como vem um poema. Às vezes uma palavra, uma frase ouvida, uma repentina imagem que me ocorre em qualquer parte, nas ocasiões mais insólitas”.**
Então se ele, Mário Quintana, não sabia, imagine eu.

** Mario Quintana. Em: Carta.
Coleção Melhores Poemas. Pag. 90
Minc FNDE – PNBE – Global Editora

A.J. Cardiais
18.07.2011
imagem: google
Poeta

Poemas :  Inspiração
Inspiração
Não escrevo quando quero...
Também não sento e espero
que o poema venha.

Procuro.
Provoco.
Invoco...

Fico feito um fogo,
procurando lenha.

A.J. Cardiais
imagem: google
Poeta

Poemas :  Sede de escrever
Sede de escrever
Já faz algum tempo
que escrevi um poema...
Olho para a paisagem
procurando um tema,
mas só vejo miragem.

A poesia deixou-me
num deserto...
E cada vez mais aumenta
a minha sede de escrever...
Poesia, sem você,
não dá para viver!

A.J. Cardiais
imagem: google
Poeta

Poemas :  Provação das poesias
Provação das poesias
Ela observa o cuidado que eu tenho,
com a poesia...
Para ela, tudo é porcaria.
Para ela, isso não diz nada.
Para ela, a poesia
é uma estrada vazia,
que não vai a nenhuma parte.
Para ela, poesia não é arte.

Eu hem! Acordar de madrugada
pra escrever umas porcarias
que não valem nada!
(Isso é ela, emburrada)

Coitadas das minhas poesias...
Vão ter que aguentar caladas,
pois não podemos provar nada.

Só o tempo dirá.

A.J. Cardiais
imagem: google
Poeta

Poemas :  Meu motivo
Meu motivo
Escrevo como um desabafo.
Se você quer ter sucesso,
não faça o que eu faço,
procure aprender.

Cada poema que eu traço,
tem a régua e o compasso
do meu prazer.

Não escrevo para sobreviver...
Escrevo para estar vivo,
pois sobrevivo de migalhas.

Escrevo o que vivo.
Vivo o que escrevo.
Este é meu motivo.

A.J. Cardiais
imagem: google
Poeta

Crónicas :  Crônica sobre as crônicas que pretendo escrever
Esse título ficou “pomposo”, porque não encontrei meios de reduzi-lo. Se eu colocasse “Crônicas das Crônicas”, eu estaria me superestimando. Se eu colocasse “Crônicas Sobre as Crônicas”, eu estaria falando sobre todas as crônicas, e não das pobrezinhas que estão esperando pela minha boa vontade (que na verdade não é minha, pois eu também fico esperando por... digamos que seja a inspiração). Mas falando das “pobrezinhas”, elas não sabem que a culpa não é minha. Como eu não sei dizer o nome do verdadeiro culpado (ou culpada) e quem aparece sempre na história sou eu, então carrego esta culpa.

Mas falando das crônicas “pobrezinhas” que estão esperando pela minha vontade, eu digo que elas ficam insistentemente me perguntando quando é que eu vou posta-las na internet. Coitadas... Elas não sabem o que é internet. Elas pensam que ao serem expostas, todos irão admira-las, elogia-las... Elas pensam que as pessoas vão dizer: Você é muito boa, dona Crônica. Muito gostosa de ler. Eu me deleitei com a senhora... Aliás, é senhora ou senhorita? Elas só pensam nisso, coitadas. Não imaginam o pior. Não sabem que vão ter que enfrentar um monte de bocas torcidas, de narizes empinados, de falsos elogios, de indiferenças... E o pior é que elas não vão poder descer do tamanco... Vão ter que engolir com classe, porque ninguém é obrigado a aceitá-las.

Tadinhas das minhas crônicas... Ficam com esse assanho todo, quando eu as exponho, e elas veem a “parada” aqui fora, ficam arrependidas de terem insistido tanto para que eu as postasse na internet. Elas pensam que as coisas aqui são fáceis. Elas precisam entender que o mundo literário, não é melhor nem pior que os outros, é igual.

A.J. Cardiais
Poeta