Poemas de reflexíon :  Depois do ato sexual
Depois do ato sexual
E depois do sexo,
um sentimento complexo...
Uma sensação de vazio,
depois da ânsia do cio.

E depois do sexo,
quando não existe amor,
cada um vai para um deserto.

Cada um carrega sua dor.
Cada um leva seus restos.

A.J. Cardiais
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Poeta

Poemas de nostalgia :  Meu universo de amor
Meu universo de amor
Tanta gente me amou,
mas não senti o mesmo.
Eu vivia à esmo,
sedento de emoções.

Eu tive muitas paixões...
Muitas. Ao mesmo tempo.
Meu coração era o momento.
Meu desejo era o amor.

Não vou falar de dor,
pois a dor que eu sentia,
eu curtia:
Transformava em poesia.

E no meu universo eu sabia
reinar com alegria
e mandar a tristeza
para outra freguesia.

A.J. Cardiais
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Poeta

Poemas sociales :  Sede de viver
Sede de viver
O retrato é a seca:
Costelas de fora,
urubus na espreita...

Quem “se apaga”
não deita,
nem deleita
o sonho
do suor derramado.

Sede de viver
é sofrer
é penar
é lutar

Sozinho,
contra um mundo
de ambição.

A.J. Cardiais
25.11.1983
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Poeta

Poemas de reflexíon :  A minha cruz
A minha cruz
Às vezes eu caio,
e vou ao fundo do poço...
Mas logo ouço
uma voz, um empurrão:

Levanta irmão!
Carrega tua cruz!
Uma vida de luz,
não é qualquer um que enfrenta.

Levanta e senta.
Espelhe-se em Jesus:
Carregou uma cruz
de forma violenta,
sem ter nenhuma culpa...

Foi uma coisa justa?
Ele, que tudo podia,
nada fez, tudo enfrentou...
Suportou a dor
entrando em harmonia
com o Criador.

A.J. Cardiais
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Poeta

Poemas :  No vento da literatura
No vento da literatura
Gosto quando a poesia
chega de surpresa...
Pode não ter beleza,
mas que tenha amor.

Como se saída de uma flor,
para enfeitar a vida,
vai bailando distraída
sem nenhum temor.

Gosto da poesia,
como um beijo roubado.
Como um beijo estalado
numa face dura,
para aliviar a dor
de toda amargura.

Gosto da poesia pura,
da poesia sentimento;
Da que navega no vento
da literatura.

A.J. Cardiais
imagem: google
Poeta

Poemas :  Válvula de escape
Válvula de escape
A dor que eu trago,
não falo...
Escrevo e largo.
Deixo-a ir, não retenho.

Da dor que eu venho,
eu quero partir.
Não sou carregador,
sou poeta.
Sou o estafeta
da linguagem.

Sempre trago uma mensagem
escondida nas entrelinhas.
Da dor que eu vinha,
(no começo da linha)
consegui fugir...

Nada como tingir
sua vida
da cor que mais lhe agrada.

A,J. Cardiais
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Poeta

Poemas :  Falando ao coração
Falando ao coração
Ei, coração! Você tem que bater.
Mas não precisa acelerar...
Se você não bater, apanha.
Com isso eu posso até morrer.
E se você bater muito forte,
pode me matar...

Ei, coração! Você precisa ter manha...
Vê se não se assanha,
quando encontrar um amor.
Nunca se altere, seja lá o que for.
Também não acelere,
pois pode me causar dor.

Ei, coração!
Você tem que estar comigo.
Tem que ser meu amigo
e nunca me perturbar.

Você está em mim
e eu estou com você...
Se não nos unirmos
nós vamos nos matar.

A.J. Cardiais
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Poeta

Poemas :  O poeta e os sonhos
O poeta e os sonhos
Para que serve o poeta,
enquanto está em fermentação?
Sua poesia não vale um pão,
seu poema não para a escravidão
e sua dor é só sua,
não da multidão.

O poeta rabisca no caderno,
cisca no inferno...
Queima pés e pestanas.
Queima a última grana
apostando num sonho...

Ah pesadelo medonho...
Quem quer poesia?
Quem crê na ousadia
de quem vive de sonho?

A.J. Cardiais
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Poeta

Poemas :  Minha vida teatral
Minha vida teatral
Minha vida é uma arte.
Invento um amor,
invento uma dor,
para sobreviver
ou para sofrer.

Minha vida é uma arte.
Ela está em qualquer parte,
em qualquer flor,
em qualquer lugar:

Nos olhos de uma menina,
nos lábios, no andar,
no vestir, no calçar...
Eu qualquer lugar:

Numa feira, num curtume,
num bordel, num curral
cheirando estrume...
Vaqueiros aboiando,
gados ruminando...
Mas eu não estou lá.

Estou aqui, cá, no meu lar,
vivendo tudo isso,
numa parabólica natural...

Este é o meu bem,
este é o meu mal,
esta é minha vida teatral.

A.J. Cardiais
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Poeta

Sonetos :  Precisa-se de um amor
Precisa-se de um amor...
De um amor de verdade.
Desses que a felicidade
está sempre enamorada.

Precisa-se de um amor
que tenha muita compreensão.
Desses que a união
é uma coisa sagrada.

Precisa-se de um amor
que saiba dar e receber,
e nunca deixe a libido morrer.

Precisa-se de um amor
que saiba contornar a dor
e que, a cada dia,

faça o amor renascer.

A.J. Cardiais
Poeta