Poemas :  Os gados
Estou observando os gados
que pastam, sossegados,
sem se preocuparem com a inflação,
ou com os preços nos mercados...

Eles também me observam...
Mas não ficam preocupados,
pois não represento nenhuma sentença.
Quem disse a você,
que o animal não pensa?

Ele deve pensar,
pois percebe a pessoa
que vem lhe maltratar.
Pobre dos animais...

Precisam morrer para alimentar
esse bando de "animais"
que se dizem "racionais",
e cometem coisas tão brutais
como: "matar por prazer"...
Dá para entender?

A.J. Cardiais
18.03.2009
Poeta

Crónicas :  Eu e os bichanos
Eu e os bichanos
Se não fosse o meu neto, eu nunca teria me aproximado tanto de um gato. Não que eu não goste do felino... Mas justamente por saber da minha preocupação com os animais, eu sempre evitei criá-los. Quando meu neto perguntava porque eu não criava um cachorro, eu dizia que era porque não tinha condição. Dizia que um cachorro precisava de espaço e de muito cuidado. E quando a gente resolve criar um animal, tem que dar muita atenção. Dizia para ele que, criar um cachorro, não era só colocá-lo em casa, e pronto: está criando. Não adiantavam os meus argumentos, pois ele sempre insistia. Às vezes citando um animal que ele viu alguém criando. Quando não era um animal “doméstico”, o meu “discurso” era maior.

Daí o meu neto mudou de estratégia: em vez de pedir, ele já chegou em casa com um gatinho... Disse que, quando ele vinha da escola, uma senhora que criava muitos gatos, deu-lhe. E já chegou providenciando uma caixa para colocá-lo. Imaginem o rebuliço aqui em casa... De um lado minha esposa, dizendo que não queria saber de gatos, que o bicho suja tudo, e que isso, e que aquilo... Do outro lado o meu neto, dizendo que cuidaria do gatinho, que faria isso, faria aquilo... Juro que não me lembro onde eu fiquei nessa hora. Devo ter ficado do lado de fora. Então ficou acertado que no dia seguinte, o gatinho seria devolvido à antiga dona. Aconteceu que no dia seguinte, além de ter obrado no banheiro, o gatinho (feio) amanheceu tremendo e vomitando...

Aí foi aquela agonia: o que será que ele comeu? Dá leite pra ele! Ele vai morrer! Dá um chá! Chá de quê? E lá vai a agonia... Minha mulher brigava de um lado, por causa da sujeira do gatinho, e se apiedava do outro, por causa do estado dele. A minha filha, que estava em casa nessa hora, aumentou o lado da piedade. Esse rebuliço todo ganhou até um poema: “O Gatinho Está Doentinho”. O certo é que, nessa confusão toda, o gatinho (feio) acabou ficando.

Com toda reclamação de minha esposa, por causa da sujeira que o gatinho fazia no banheiro; com toda minha gozação, dizendo que ele era até educado, pois ia satisfazer suas necessidades no lugar apropriado (quem acabava limpando era eu); com toda preocupação de minha filha em comprar vasilhas para o gato comer, vasilha para fazer as necessidades dele; com todo dengo do meu neto; o gatinho (feio) foi crescendo e transformou-se num bonito gatão. Resumindo: o gatão (Pepe) morreu envenenado. No mesmo dia meu neto trouxe outro “gato”. Eu vi logo que era uma gata, mas fiquei calado. Quando minha mulher descobriu, começou a reclamar. Entre fica e não fica, a gata ficou (Lara). Lara engravidou, e teve três gatinhos. Dois nasceram mortos, só um vingou Vivi (Vivi é o diminutivo de Vitória). Lara apareceu grávida outra vez. Minha esposa começou a dizer que botaria ela para fora... Resultado: Lara sumiu... Ninguém sabe o que aconteceu. Minha esposa ficou com remorso, achando que foi por causa das ameaças que ela estava fazendo. Nós percebemos que Vivi ficou sentindo o desaparecimento da mãe por algum tempo, mas depois se acostumou. Agora ela reina absoluta. Minha mulher, que não queria saber de gatos (principalmente de gatas), agora a enche de carinhos. Até ovo de páscoa para Vivi, ela comprou. Quando eu olhei, espantado, ela me disse: O que é? Ela também tem direito! Que mudança...

A.J. Cardiais
07.04.2012
imagem: a.j. cardiais
Poeta

Poemas :  O amor dos gatos
O amor dos gatos
Os gatos não fazem silêncio
quando estão fazendo amor.
Os cães fazem.

Os gatos só fazem amor à noite.
Não é a qualquer hora,
como os cães.

Mas, logo à noite,
quando estamos dormindo!

Quando os gatos estão namorando,
os cães ficam ladrado
e acabam nos acordando.

A.J. Cardiais
21.07. 2010
Poeta

Poemas :  Vida glamorosa
Levo uma vida glamorosa
aqui, cultivando rosas.
Longe da poluição
de poses e de prosas
que não levarão a nada.

Levo a vida com a mão na enxada,
e calos nas mãos.
Mas não me falta nada,
nem sinto solidão,
pois vivo cercado de animais
e de vegetação.

Quer queira ou não,
eles são seres vivos.
Então são estes seres
que convivem comigo.

A.J. Cardiais
04.09.2009
Poeta

Poemas :  Sensações de déjà vu
Sensações de déjà vu
As coisas estão se repetindo
em nossas vidas.
Pior que as coisas ruins
se repetem muito mais.

Escancaro os jornais
numa linha de frente...
Os fatos se repetem.
Nós somos sim, animais.

Nos colocamos como superiores,
porém queremos provar sabores
além dos que necessitamos.
Nós sempre ignoramos
os casos dos nossos ancestrais.

As coisas sempre estão
se repetindo em nossas vidas...
Precisamos instalar um posto
de observação.

A.J. Cardiais
23.07.2014
imagem: google
Poeta

Sonetos :  Amor aos animais
Amor aos animais
Você que diz
que ama os animais,
deixe que eles vivam
nos seus ambientes naturais.

Não crie passarinhos,
papagaios, macacos,
iguanas e outros,
dizendo que ama os bichinhos.

Se você realmente
ama os animais,
deixe-os no seu ambiente.

Deixe-os com seus iguais.
Não os traga para o meio da gente,
senão eles não voltam mais.

A.J. Cardiais
imagem: google
Poeta

Crónicas :  Nós, os cães, os gatos & outros animais
Nós, os cães, os gatos & outros animais
Eu fico me perguntando: será que os gatos e os cães já vieram ao mundo para viverem entre os humanos, ou se há muito tempo atrás eles foram sendo domesticados, até não existir mais nenhum gato e nenhum cachorro selvagem? Pelo que me consta, tirando os animais “comestíveis” (galinha, pato, peru, porco, boi...) e os trabalhadores (cavalo, jegue...), os únicos que já nascem entre os humanos são os gatos e os cachorros. Você vê muitas pessoas criando pássaros, micos, tartarugas, peixes, coelhos... até cobras. Mas eles são tirados da Natureza, ou comprados nos “cativeiros”. Isso quer dizer: eles foram “acostumados” a conviver com o ser humano. Já os gatos e os cachorros não precisam disto, eles já nascem acostumados. Eles já conhecem esta espécime predatória, destruidora e maquiavélica, que é o ser humano. Talvez seja a única hora em que nós “despertamos” o nosso lado animal, seja esta: quando nos aproximamos dos nossos bichinhos de estimação, com amor. Eu falo “com amor”, porque tem muita gente que cria os animais só para alguma utilidade. Os cães para protegerem a casa e os gatos para livrem a casa dos ratos. Não dão nenhum outro tipo de atenção aos seus “fieis escudeiros”. Depois dizem que "gostam" de animais.

A.J. Cardiais
imagem: A.J. Cardiais
Poeta

Poemas sociales :  Soltando o palavrório
Soltando o palavrório
Não me cobrem o sentido...
Hoje estou imbuído
de soltar o palavrório.
Ter, eu tenho acessório:
um monte de palavras em minha mente;
um monte de imagens à minha frente;
inúmeras razões aparentes...

Começaremos pela chuva: essa água benta,
que quando cai na terra mistura-se,
fica fedorenta,
e me dá margem para rimar.
Vou aproveitar e falar da enchente,
que está matando muita gente
e causando desolação...

A culpa de tudo é do Bicho homem...
Estou chamando de “Bicho”,
por não ter outro nome
que eu possa usar,
para “desqualificar” esta nossa espécie...
Incluo-me também apesar de não concordar
com tanta coisa que vejo.

Intitulamo-nos de seres “Racionais”...
Com que razão usamos este título?
Talvez tenhamos razão:
o racional não usa o coração;
É frio e calculista. Por esta razão,
perde de vista a intuição,
o instinto de sobrevivência,
que nos outros “animais”
deve ser a única “inteligência”.

Estou sendo muito árduo
com a “nossa” espécie...
Mas acontece que todo mundo esquece
das outras formas de vida.
Quando a Ciência dividiu
a Natureza em “reinos”: reino animal,
reino vegetal, reino mineral...
Transformou tudo em reinados.
E para cada reinado existe um Rei.

Alguém respeita o reino vegetal?
Alguém respeita o reino mineral?
Alguém se lembra, por acaso,
que todos eles estão em nós?
Alguém se lembra, por acaso,
que para sobreviver nós precisamos
do animal, do vegetal e do mineral?

Alguém se lembra disso quando,
para expandir sua plantação,
destrói toda a vegetação
que há em volta?
Alguém se lembra disso
quando constrói suas fábricas de poluição
e polui todos os outros reinados em volta?

Pois é... Tudo tem volta.
A mãe Natureza, para mostrar
que está viva, se revolta...
E para isso Ela conta com a ajuda
do Deus Sol e da Deusa Chuva.
Animais "acionais", limitem suas ambições,
limitem seus desejos!
Sejam um pouco emocionais.
Usem mais seus corações.
Olhem em volta e entrem em comunhão
com os outros reinos...
Se eles nos faltarem, nada sobreviverá.
Principalmente nós... Aí sim, será o FIM.

A.J. Cardiais
imagem: google
Poeta