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Caminhai. Olhai somente as pedras da calçada que pisam. Caminhai. Não vejam ou não queiram ver que as vossas Caminhai. Não pensem a que outros querem ou idealizam, Não! Deixai-os caminhar por um caminho sem rosas.
Caminhai. Ou deixem caminhar os sentimentos que são vagos Caminhai. E chamem loucos àqueles que lutam por outro caminho Caminhai. Deixai que a miséria continue a viver em grandes lagos, De desespero, de depressão, sem esperança, sem ninho.
Caminhai. Mas atenção, a vida traz por vezes surpresas inesperadas. Caminhai. Pensando que o mal ou o bem só acontece sem pensar Caminhai. Em estradas que nos levam a momentos desesperados Pensando que um dia será tarde para tudo remediar.
A. da fonseca
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Poeta
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Em penetrando no teu coração Com o meu amor por ti apaixonado, Tu abriste o teu peito, tu lhe deste vida. E em noite de Luar, noite calma, Nossos corpos se fundiram abandonados. Deste-me tudo de ti, dei-te tudo de mim. Em momento de sonho, senti que os teus seios Passeavam no meu corpo docemente. Saboreavam o perfume, ele era o teu jardim. Meu corpo aceitou de se abandonar ao teu prazer. Eu beijei os teus olhos, vermelhos de desejos. Eu te quis possuir e te cobri de beijos. Vi o teu corpo divinal, de prazer rir Enquanto os meus lábios esperavam os teus E eles vieram. vieram deixar o mel do amor. Apaixonadamente saboreei esse néctar Que foi o começar de uma orgia apaixonada. Foram horas em que o tempo parou. Foi tempo do amor, tempo de paixão de quem amou.
A. da fonseca
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Poeta
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À noite, Caminho na tua rua Ao nascer da Lua Pleno de esperança. E assim o meu olhar Percorre as janelas Todas elas tão belas E ornadas de faiança.
Espero, Te ver numa debruçada Como fada encantada Para me poder enfeitiçar. Hoje ainda por lá passei Mas teu olhar não encontrei E eu vou ficando a esperar.
Voltarei, Amanhã o meu sentimento Esperando esse momento Em que a tua bela janela Para te ver esteja aberta No momento, à hora certa Em que o amor se desperta.
Então, Se o amor acontecer, O meu coração voará para te ver E docemente no teu peito Te colocará uma rosa Te lerá a mais bela prosa De amor todo a preceito.
A. da fonseca
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Poeta
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Eu tenho ciúmes Dos teus poemas Que para mim não escreves Tenho ciúmes Das prosas poéticas Cheias de amor Como a flor Cheia de perfume Para mim herméticas Mas que fazer? Sim, eu vou escrever Para te dizer Que te amo a morrer. Sim meu amor, Sinto-me abandonado Coração mal amado Não é sedutor.
A. da fonseca
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Poeta
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A rua onde tu moras É rua dos meus desejos Namorada dos meus sonhos. Só adormeço à aurora Depois de pensar aos beijos Dos teus lábios de medronho.
Eu vou uma casa alugar Que está em face da tua Para te ver da janela. Assim eu verei passar Airosa na minha rua A mais bela das donzelas.
Eu sonho que as minhas mãos Passeiam pelos teus seios Sempre rígidos de desejos. Que o teu corpo de algodão Com os meus braços enleio E de te possuir, eu desejo.
Eu sonho que os meus lábios Vagueiam pela tua pele E a vão cobrindo de beijos. Os teus movimentos sábios Fazem de mim aquele Que sonha com os teus desejos.
Os teus olhos cintilantes Parecem fontes de amor Tu és o amor perfeito. Teus lábios escaldantes Fazem-me sonhar à flor Que quero trazer no peito.
Mas acordado, à janela Vejo-te passar com desdém Sempre desviando o olhar. Mas tu serás sempre aquela Aquela e mais ninguém Com quem ficarei a sonhar.
A. da fonseca
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Poeta
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Como Águia majestosa, sobrevoei a montanha O dia estava belo nessa tarde de Primavera A paisagem de um verde de beleza tamanha Se mostrando sem segredos, à minha espera.
Lá do alto via os animais selvagens a pastar. Via os camponeses que trabalhavam ao Sol Sempre tudo admirando continuei a voar E para mais me encantar ouvi cantar o rouxinol.
Como a terra é linda, como a vida assim é bela Toda construída com uma grande coreografia Montes e vales, ribeiras, flores em cada parcela Tudo nos faz sonhar, e tudo é verdadeira poesia.
Chegou a noite, e a Lua chegou bem prateada Refletindo no lago a sua imagem cintilando Ao bordo estavas tu como uma fada encantada Perdi o voo caí ao teu lado para assim te amando.
A. da fonseca
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Poeta
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Estava a jantar o que não é nada de anormal. Um jantar de um ser humano que não é rico Mas poder jantar nos dias que correm é ideal Pois que para muitos um jantar é um ciclo.
Ciclo que por vezes demora muito a se fechar. Nem sempre há quem consiga comer todos os dias Bebem um cafezinho pela manhã e vêm saltar O almoço, ficando tristes, sem alguma alegria.
Admiro a garrafa de vinho tinto que está na mesa Néctar dos Deuses que nos ajudam tanto a esquecer As dívidas, a renda da casa, mas podem ter a certeza Que é um néctar que a muitos ajuda a bem viver.
Mas a ti, Sol, que nos acompanhas na nossa vida Que nos aqueces, que nos dás moral e alegria Que fazes que a primavera nos dê cor e que convida A amadurecer esse néctar, fonte de muita magia.
A. da fonseca
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Poeta
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Tenho quase oitenta e cinco, não sei se lá chegarei. Ma quero que conheçam os meus sentimentos Mesmo que sejam virtuais, sempre vos amei, Em todos os bons e nos maus momentos.
Passei a minha vida sempre a aprender. Convosco muito aprendi e não sei nada, Mas será sempre assim até quando morrer, Fui amado, talvez apreciado, talvez vida errada.
Mas quem tudo sabe? Eu não conheço Talvez por isso não conheça o que é vida Não quero dizer que ser amado eu mereço Mas reconheço que de aprendizagem fui servido.
Quando um dia que não está longe, eu sei, Deixar de ter aqui a vossa bela companhia Certo é que comigo com alegria levarei Os bons e maus momentos, ficará a nostalgia.
A. da Fonseca
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Poeta
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Sou fera Sou Anjo Sou quimera Sou banjo
Se fera ferida Ataco feroz Aureola perdida É corda partida Instrumento atroz
Quimera banida Momento infeliz, Tiraram-lhe a vida Feriram-lhe a raiz
A. da fonseca
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Poeta
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Continuar a escrever será coisa que valerá a pena? Não sei. Por vezes é como subir ao alto da montanh Gritar e o eco não existe. É como montar uma cena E no fim não haver actores para executar a façanha.
Então para quê se cansar para tentar chegar ao cume? Procuram-se os caminhos que nos levem lá a cima E não se faz tudo isto por ter vaidade ou por ciume Mas sim pelo gosto de escrever e saber ligar uma rima.
As palavras, as rimas, são como os caminhos tortuosos Que fazem sofrer aqueles que que lutam para os vencer. Ser poeta, é como ser alpinista a mãos nuas, virtuosos Que lutam, que sofrem, para conseguirem bem escrever.
E quantos chegam ao pico da montanha ou da poesia? E quantos são reconhecidos como de bons escritores? Quantos escrevem e nem sequer são lidos, são porcaria, Sendo assim julgados talvez porque não sejam Senhores
Mas eu considero que sim, escrever vale sempre a pena. Como subir uma montanha mesmo que seja só pelo prazer, Se gritar e não houver eco, é porque o mundo é uma arena Onde não há um lugar para fazer crescer um malmequer.
A. da fonseca
L
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Poeta
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