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Procurei um ombro onde pudesse chorar. Preferia nele rir, mas nem sempre pode ser. O homem também chora quando sabe amar. Amar de verdade, amar seu amor, sem esquecer.
Nem todos os ombros sabem as lágrimas secar. Há mesmo aqueles que as lágrimas sacodem. São os ombros frios que nos deixam gelar. Que nos desnudam a alma e em nada ajudam.
Mas há sempre alguém com disponibilidade Para secar as lágrimas sem as sacudir. Lágrimas de desgosto, cansaço ou saudade Que as guardam para ela, não as deixam fugir.
Mais tarde as vão levar a quem as chorou. Vai-lhas entregar porque ela as guardou. Sabendo que o tempo é bom conselheiro E aquele que as chorou ficou prisioneiro.
As lágrimas não são que um bom sentimento. É água que corre sem escolher o momento. Deixai-las brotar, não será que oiro brilhante, São lavas de vulcão, é lava escaldante.
A. da fonseca
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Poeta
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Neste mundo, nesta Terra, Há tanta, tanta guerra, Mas todas elas diferentes. Há a guerra pelo poder. Há a guerra pelo dinheiro. Há a guerra no desporto Para tentar ser o primeiro. Mas não há melhor guerra Do que a guerra do amor Que já vem das noites os tempos. Para Adão e Eva... Talvez fosse passatempo! É uma luta corpo a corpo, Num bailado de felicidade. As armas? são os olhos que brilham Como espadas cintilantes, Lábios que se entrecruzam Entre dois seres amantes. Dois corpos jamais cansados De lutar como guerreiros Pelo amor aprisionados... Felizes prisioneiros! No fim dessa luta de amor Nossos corpos abandonados, Descansando alongados Nesse campo de batalha Que não era que uma cama, Recebemos como medalha Um fósforo, que nos deu a chama Para acender nossos cigarros. E entre duas auréolas de fumo, Minha mão tomou teu rumo Indo acariciar o teu corpo; Fechas-te os olhos, de conforto Ao sentires minha carícia. Nossos corpos transpiraram. Nossos corações suspiraram Num suspiro de trovador. Então, senhores das guerras Enterrai as espingardas Até que elas deem flor.
A. da fonseca
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Poeta
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Acabei de fazer uma soneca E venho levado da breca Para começar a escrever. Sobre o quê? sobre a mulher! Dela não há nada a dizer. Sim! Todos sabem que a mulher É um símbolo de beleza É um símbolo de amor E também sabem com certeza Que a vida nela é concebida. É a mais bela das flores Ela é orquídea, ela é rosa, Quando esposa é um primor, Como mãe é a mais querida, Seu corpo é uma prosa Uma enciclopédia da vida. Festejá-la só num dia Acho que é puro engano Sabemos que ela merecia Elogiá-la todo o ano.
A. da fonseca
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Poeta
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Si un seule parole suffisait pour te conquérir Si un simple regard suffisait pour te captiver Si un seul baiser suffisait pour pouvoir te séduire Si un seul geste suffisait pour à tes pieds tomber.
Je te dirais des paroles simples, les plus belles, Pour que tu ne puisses penser que tout serait fantaisie, Si peintre j’étais, je produirais la plus belle aquarelle Et tu serais pour moi, de toutes, la plus belle poésie.
Si nécessaire est, pour toi, des montagnes je raserais Je viderais tous les Océans pour pouvoir te trouver. Quand l’amour est fort, il n’y a pas mieux qu’aimer, Tout je ferais, pour t’avoir dans mes bras et t’embrasser.
Je conquerrais la plus belle plage de sable le plus fin, Pour sur elle , seulement nous deux pouvoir se promener. Et au petit matin plonger dans cette énorme piscine Et après, rouler nos corps et faire de l’amour sublimé
A. da fonseca
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Poeta
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Depois do tempo que eu te dava guarida Tu vieste a ser a mais bela do meu harém. Tu eras a mais desejada a mais querida Mas como as outras, tu passas-te também.
Agarrei-te com as minha duas nãos Tu te debates-te, não aceitavas Eu não perdi a esperança, isso não Eu segurei o teu corpo, bela escrava.
Remorsos? certo, mas queria-te comer, Vi todo o sangue que tu perdes-te . Tinha desejos de ti, a morrer Depois da penetração, tudo esqueces-te
Consegui entre minhas pernas te prender. Não desisti de fazer com que fosses minha, Preparei a minha ferramenta do dever E penetrei a faca no pescoço da galinha!
A. da fonseca
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Poeta
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Virou pesadelo, Por culpa de quem? Por culpa da esquerda Que governou à direita Enquanto o povo espreita Numa janela quase fechada Uma vida que não nos deu nada. Mas viva a democracia Com um elefante poderoso Que representa a força do povo Não à direita, com Coelhos Mas uma esquerda com pentelhos Bem eriçados Que digam merda ao capitalismo, Exploradores do homem Que trabalha dia a dia E que não nos dêem conselhos Porque são falsos São cheios de hipocrisia Venha a nós o vosso esforço Para bem encher os nossos cofres E vós, pobres escravos Convençam-se que é assim Trabalhem mais para ganhar mais É a doutrina de Nicolas Sarkozy Pauvre con!
Viva a liberdade Viva a democracia Viva o povo que é a seiva de um estado
Abraço a todos os homens e mulheres QUE SOFREM
A. da fonseca
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Poeta
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Puta de vida, puta de sociedade Não é só a puta que é fodida Mas também a nossa dignidade. Mesmo a dignidade da puta Nem ela mesmo é respeitada Ninguém é ninguém, não somos nada. Tenho vontade de ser kamikas Fazer explodir tudo em palavras Das mais rudes às mais malcriadas Pois que há gente sem sentimentos E nada servem os lamentos Daqueles que são feridos de morte Que andam no Mundo sem Norte Que tudo fazem para o merecer Mas esse Norte nem sequer dá para ver. Um véu negro se levanta Se reagem logo alguém se espanta E dizem-lhes, vão-se foder. Se estou revoltado? Ah pois estou Gostava de viver num mundo sem hipocrisia Sem o cinismo das guerras Mesmo que sejam só de palavras E essas fazem na verdade doer. Porquê, porque quero a paz E contrariado não posso responder
A. da fonseca
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Poeta
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Aquele olhar, aquele olhar, Que me fulminou e me chocou, Foi um olhar, que eu creio de amor De tristeza ou de um pedido, Creio de clemencia para eu a salvar. Aquele olhar, aquele olhar, Que não mais o poderei esquecer Mas que fazer? Ela estava a sofrer E teria que ser eu a tomar a decisão Palavras que tremendo pronunciei Porque elas me feriram o coração. Aquele olhar, aquele olhar Que viu as lágrimas no meu rosto Que teria ele pensado? me teria julgado Pensando que a abandonei? não sei. Naquele momento muito sofri E ainda hoje continuo a sofrer Não sei se tinha o direito, não sei, De lhe tirar a vida para não mais sofrer. Aquele olhar, aquele olhar, Era um olhar amoroso, piedoso Tão meigo que ela possuía, Não sei se naquele momento Na verdade seria um olhar acusador. Aquele olhar, aquele olhar, Que eu queria esquecer Que que eu queria afastar da minha memória Mas não posso seria decisão inglória E a nossa Amanda, não merece que esqueçamos Aquele olhar, aquele olhar. A. da Fonseca
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Poeta
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Tenho o meu corpo cheio de água E a água cheia deste meu corpo, É uma grande piscina de magoa Onde eu vivo mas quase morto.
Estas mágoas que a vida nos trás Mas em as aceitando eu afago-as Para poder sorrir e viver em paz, Tenho o meu corpo cheio de água.
Onde o amor também navega Pois nele sinto o meu conforto, Tenho o coração cheio de entrega E a água cheia deste meu corpo.
Essa água que alimenta a vida Para a minha alma é frágua Que para sarar as minhas feridas É uma grande piscina de mágoa.
Quero viver com felicidade Pois que sofrer não suporto, Percorro a casa da saudade Onde vivo mas quase morto.
A. da fonseca
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Poeta
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Estou pronto para morrer Como e quando, não sei, É o que vos digo, podem crer, Estou farto da vida também.
Farto desta podre sociedade De ego sempre bem inchado. Não existe a solidariedade, O Mundo já está quadrado.
A cada ângulo um hipócrita, No centro um mau palhaço Que não passa de um parasita.
Que nos dá muita urticária E no coração fica o traço De felicidade imaginária.
A. da fonseca
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Poeta
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