Poemas :  Bem lá no fundo
Bem lá no fundo
Eu caio, levanto,
choro, canto...
Me aborreço, entristeço.
Me estresso, enlouqueço...

Xingo, brigo, reclamo,
blasfemo...

Amo,
e vou vivendo
com uma coisa
me dizendo:

Seu vagabundo,
bem lá no fundo,
você é que é feliz.

A.J. Cardiais
imagem: google
Poeta

Frases y pensamientos :  Cama de Nuvens
Dormir com quem a gente ama,
é como deitar-se numa cama
feita de nuvens.

A.J. Cardiais
Poeta

Sonetos :  Sentimento do mundo
O que as pessoas querem saber?
O que as pessoas querem ouvir?
O que o poeta tem a dizer?

Eu falo de mim,
com um sentimento do mundo.
Colocando-me assim,
como um escudo.

Tudo em mim
toca mais forte,
toca primeiro...

Sou um pandeiro
nas mãos ritmadas
da poesia.


A.J. Cardiais
Poeta

Sonetos :  Testamento
Sei que não sou nada,
e nem procuro ser.
Só faço viver
e seguir minha estrada.

Não procuro ter
o que não posso levar.
Ter o suficiente pra viver,
é o meu lema.

Minha fortuna está nos poemas
que eu vou deixar,
para quem quiser “investigar”.

Posso morrer sem ser nada,
porque fiz minha caminhada
tentando me encontrar.

A.J. Cardiais
Poeta

Poemas :  Não sei mais nada
Você não sabe como estou...
Sinto-me um barco à deriva.
Nessa luta de amor,
estou sem esquiva.

A cada golpe, só apanho.
Já não me acompanho.
Sou um estranho
neste desafio.

Não sou mais o rio
em busca do mar...
Não sei mais sonhar,
não sei mais nada...

Não sou estrada
e nem caminho...
Sinto-me um mar
em desalinho.

A.J. Cardiais
13.09.2005
Poeta

Poemas :  Cruz e espada
Tudo com você tem outro sabor.
Talvez seja o tempero
do amor.

Tudo em você me seduz.
Você é minha espada
e também minha cruz.

A.J. Cardiais
Poeta

Poemas :  Domínio amoroso
Quero uma mulher,
que me queira.
Para não viver
numa brincadeira
de cabo-de-guerra.

Quero uma mulher,
Que me ame.
Para não viver
num vexame
de toda hora se desentender.

Quero uma mulher,
que saiba viver,
que saiba querer
e me domine sem saber...

Aí, eu me entrego,
com todo prazer.

A.J. Cardiais
Poeta

Cuentos :  Doação dos olhos
Resolvi! Vou doar meus olhos. Afinal, depois de muito pensar, cheguei à conclusão de que seria o melhor para eles.
O que eles vão fazer quando eu morrer? Se eu não os doar, eles irão comigo e apodrecerão também, não é mesmo? Não, não quero este triste fim para os órgãos que me fizeram ver maravilhas. Ainda mais os meus... Não estou querendo "puxar o saco", mas eles são ótimos. Enxergam bem à qualquer distância. Também pudera, eu os exercito bastante! Estão sempre em forma, apesar das pancadas e dos ciscos que os visitam de vez em quando.

É, vou doar os meus olhos... Será o melhor para eles. Não quero, quando morrer, que lá em cima (ou lá embaixo?), ao encontrar-me com alguém que foi cego, ficar arrependido quando ele começar a se queixar de que, por falta de humanidade, nunca conseguiu ver a terra, o mar, as plantas, as pessoas, os animais... Não sabe como é o azul do céu e do mar, que tanto ouviu falar; Não sabe como é a beleza das flores, das mulheres, das crianças... Que por falta de visão passou por esta vida, sentiu tudo, mas não viu nada; Não pode amar uma mulher (no caso, se eu estiver conversando com algum homem) pela atração física e sim por outros porquês que a falta de visão procura "compensar"... Mas, nunca é a mesma coisa.

Enfim, não quero ouvir o "lenga-lenga” de nenhum cego, e ficar com remorsos. Porque, se algum deles vier falar comigo, eu direi: Meu amigo, eu doei os meus olhos... Agora, não tenho culpa se eles não os deram a você, certo?

E também posso receber algum agradecimento de alguém que foi beneficiado com os meus olhos. E daí passaremos a conversar sobre o assunto:
-- Como é, você gostou dos meus olhos?
-- Gostei sim, rapaz. Eles eram ótimos! E olhe que eu fiquei dez anos com eles, e nunca precisei ir ao oftalmologista... E você, foi alguma vez?
-- Eu fui uma vez só. É que eles estavam "minando", sabe como é, né?
-- Eu sei... Eles ainda estavam com esse problema. Mas isto não era nada. Foi por você força-los muito...
-- Ora, mas afinal, eu tinha que testa-los, não tinha?
-- Tinha, mas foi demais.
-- É, eu devo ter exagerado mesmo... Sim, e como foi você, o que fez com eles?
-- Fiz a mesma coisa que você: Doei-os novamente. Não queria vê-los estragando debaixo da terra...

A.J. Cardiais
1981
Poeta

Poetrix :  Navegando No Seu Corpo
Navegando No Seu Corpo
Quando navego no seu corpo,
fico com vontade de naufragar
para nunca mais sair deste mar.

A.J. Cardiais
imagem: google
Poeta

Poemas :  Outono/Inverno
A noite chega
com um perfume
de inverno,
apesar de outono.

Eu me abandono
cravando olhares
nas nuvens.

Um céu gris
pede bis
a esta interpretação.

Vejo nuvens encharcadas,
viajarem carregadas
pela imaginação.


A.J. Cardiais
Poeta