Seca
Seca
Escribo
Tardíamente,
Para quien quiera y pueda leer
Palabras que me salen a torrentes,
Descontroladas,
Agonizantes,
Palabras inciertas, inconstantes
A chorros
En furores cautivantes.
Perdidas en el éter, devueltas
Desde lo alto por las lluvias que este año tardan en llegar.
Se siente, en el aire
Amargura, cansancio.
….
Las escucho,
En estados febriles.
Las escribo
en los tiempos muertos.
Tradução de Gustavo Arturo Restrepo
"Seca
Escrevo
tardiamente,
para quem quiser e puder ler
palavras que me saem em rompantes
descontrolados,
agonizantes.
Palavras inseguras, inconstantes
aos jorros e golfadas cativantes.
Perdidas no éter, ser-nos-ão volvidas
por altura das chuvas que este ano teimam em tardar.
Sente-se no ar amargura,cansaço.
...
Oiço-as,
em estados febris.
Escrevo-as nos tempos mortos."
MRLEAL – Abril 2012
Ao florir a amendoeira
Nuvens escuras, carregadas,
Sombreiam o horizonte.
Escorrem lágrimas,
pesadas
Pelos prédios de azulejos gastos…
Ao fundo das calçadas
crescem negras poças
sujas com o lixo dos homens.
Estrondos, cerram-se vidraças.
Entre paredes,
resguardam-se os desejos e crescem os segredos.
Serenamente, entrego-me aos braços do silêncio.
Lá fora,
a chuva arranca do frágil caule
A branca flor da amendoeira.
Em cacos
A veces,
en las noches amenas de verano
Cuando el cuerpo
Cansado de sublevarse
Procura la calma serena y fría de la Luar blanca
El velo azul del cielo
…me acoge en su regazo.
Los barbaros monjes caballeros
Persiguen, ardientes de deseos
Las lindas princesa árabes...
Y se oyen risas, en las doradas llanuras.
En la luz parda y clara que antecede al nacer del sol
Se quiebra de súbito, el hechizo.
En el suelo, los trozos partidos de otra ilusión
Yacen, golpeados los sentidos.
Traducción Gustavo Arturo Restrepo
"Por vezes,
nas noites amenas de Verão,
quando o corpo,
cansado de se revoltar
procura a calma serena e fria da branca lua,
o veludo azul do céu acolhe-me no seu regaço.
Os bravos monges cavaleiros
perseguem, ardentes de desejos
As lindas princesas árabes…
E ouvem-se risos, nas douradas planícies.
Na luz parda e clara que antecede o nascer do Sol
Quebra-se, de súbito, o feitiço.
No chão,
os cacos de outra ilusão
Jazem,
ferindo os sentidos."
De mirar ardiente
O Pintor
poema de Maria do Rosário Leal
De mirar ardiente, agotado,
Sigue calle abajo la figura del pintor.
Encorvado,
Torcido el hombro arqueado
Enseña su silueta inconfundible
A contra luz del neón blanco del café
Se detuvo
Encendió otro cigarrillo.
Dónde está, no me ve pero siento el mirar
Latir dentro de mí.
No respiro.
Así estamos, suspensos uno en el otro
En cuanto nuestros mundos se tocaban, en ansias…
Me arde el pecho
En brasa como el fuego del cigarrillo que él aplasta en la acera con el pie
En fin
En la calle donde la noche se oculta, se calla el silencio pero si hablase
Diría que nada vio.
Traduccion Gustavo Arturo Restrepo
ah, se eu pudesse
Ah, se eu pudesse
aprender a contentar-me
com o brilho das estrelas
sem querer conhecê-las...
Se eu pudesse fugir aos meus pensamentos,
intensos descontentamentos e aos seus porquês...
Talvez pudesse dormir
sossegar de querer novos impossíveis
todos os dias
saborear apenas a paz de um instante
o sol a brilhar
uma folha a cair.
Ah, se eu pudesse...
me callo
Me callo
Delante del espectáculo doloroso de este mundo.
No por motivos sublimes,
Solamente por tristeza.
Me callo
Delante del continuo fluir de la Naturaleza,
Que sea sí, por su belleza
Merece mi mudo aplaudir.
Pero, a pesar de esta bendición o quizás por ella,
La melancolía de otros horizontes despunta…y insiste en surgir
Qué hacer con este nudo en la garganta,
Profundo,
El terrible despertar de un monstruo que me va a devorar
Me callo
Cuando veo el mar
Para oír las mareas ir y venir
Me callo,
Para oír el silencio,
Me callo
Para sentir.
(Traduccion de Gustavo Arturo Restrepo do poema "Calo-me" de Maria do Rosário Leal)
Como dizer-te
Como dizer-te,
sem que o saibas
Que se mo pedisses
dar-te-ia um universo.
Como manter longe de ti
este segredo, tolamente desvendado,
em cada olhar,
em cada gesto.
Como esconder até morrer,
esta chama ardendo no meu peito
Quando te vejo.
Como matar este vil desejo
sem que te toque
sem que te tenha.
MRLEAL – 31.01.12
Em cacos
Por vezes,
nas noites amenas de Verão,
quando o corpo,
cansado de se revoltar
procura a calma serena e fria da branca lua,
o veludo azul do céu acolhe-me no seu regaço.
Os bravos monges cavaleiros
perseguem, ardentes de desejos
As lindas princesas árabes…
E ouvem-se risos, nas douradas planícies.
Na luz parda e clara que antecede o nascer do Sol
Quebra-se, de súbito, o feitiço.
No chão,
os cacos de outra ilusão
Jazem,
ferindo os sentidos.
MRLEAL - Março 2012
Uma palavra, apenas
Agita-se
O meu interior
Num turbilhão violento.
É, talvez, um pensamento
Mas age como um vulcão.
Penso, então, em escrever
Um pouco sobre esse momento.
Não por interessar a alguém
Mas p´ra acalmar o sofrimento.
Na minha doce ilusão
Solto um grito em silêncio
P´ra matar a solidão
Basta uma palavra, apenas.
MRLEAL – 20.03.2012
Por entre as paredes serenas
Na branca paz do claustro
emparedam-se as mortas em vida.
Paz podre,
mas merecida
por tanta miséria sofrida.
Apenas vaguear por ali,
imaterialmente,
sem sentir as leis terrenas,
apenas ser,
existir,
por entre as paredes serenas
enquanto rosas brancas murcham no jardim.
MRLEAL – 30.03.2012