Poemas de nostalgia :  LUA MINGUANTE
LUA MINGUANTE

Dirceu Rabelo

.
O que ficou no passado, não sei...
Mas, sinto incômodos
Em presença da lua minguante
De melancolia distante
E claridade estranha.
Que me dá tristeza cortante,
Se a madrugada me apanha.
As lembranças me assaltam
De sofrer angustiante.
.
Lua minguante
De saudade profunda
Saída, não sei de onde
Que me dói na alma
E corrói minhas entranhas
.
Sentimento que me persegue
Desde que me lembro gente
Cresceu com a juventude
Explodiu com a maturidade
Martiriza meus derradeiros dias
E com certeza iluminará
Com mais intensidade
Minha última morada.
E afinal, o que ficou no passado?
Poeta

Poemas surrealistas :  A NECESSIDADE DE UM PORQUÊ
A NECESSIDADE DE UM PORQUÊ.

Dirceu Rabelo (será?)


Releio Nietzsche e me assusto mais uma vez.
Relaxo-me com um reconfortante Topamax.
Além de sua autêntica e profunda loucura
Em busca de explicações de coisas
Que ele próprio não sabia explicar,
Acusa os poetas (como ele), de serem filósofos.
.
E por quê? Porque formulam sempre porquês.
Diz ele: para um poeta, uma folha que cai,
Não é somente uma folha que cai,
Como um simples mortal a vê caindo.
Vem-lhe a dúvida.
.
Para o poeta, uma folha que cai
Pode ser levada pelo vento,
Ou arrastada pela correnteza do riacho,
Ou cair revoluteante à margem do regato.
.
E para Nietzsche a pergunta é, muitas vezes,
A antecâmara da dúvida.
Ou a dúvida, quem sabe, a antecâmara de uma pergunta?
Meio na dúvida, começo a concordar com Nietzsche.
Deve ser como partícula e antipartícula, afora o hífen.
Entenderam? Nem eu! Nem o antieu.
.
Tomo meu Seroquel de 100 mg, e fico parado,
Sistematizado, nesta dialética trágica,
Que me traz o tumultuário para minha mente,
Já bastante combalida.
.
Digo boa noite a Nietzsche, que permanece de pé,
Ali na cabeceira de minha cama,
Encaracolando com o dedo, seu bigodão,
Trajando uma vistosa farda de Napoleão.
E no peito, uma suástica, bem ao seu jeito.
.
Ele sorri para mim e ajeita a minha camisa de força.
E eu durmo como um anjo, louco, mas anjo;
Pensando ser poeta e, portanto, filósofo.
Que isso nunca chegue aos ouvidos de mamãe!
Poeta

Poemas de desilusión :  FALÉSIAS
FALÉSIAS
Dirceu Rabelo

Não prometa ficar
Não jure me amar
Eternamente
Não tente me confundir
Com suas juras
Não me fira
Com seus nadas
Devaneios
Desvarios
Incertezas
Lágrimas nesgas
Escarnecidas
Escorregando
Por sua cara
Mentirosa
Como chuva
Rasgando falésias
Turvando o mar
(Não é o que eu quero!)
Almejo a paz
Do beijo sincero
E de cúmplice olhar
Da mão segura – desvelo
Do calor do corpo
Em sexo demorado
Repleto de amor
Apaixonado
Sem cobranças
Único
Começar de novo!
Poeta

Poemas de religíon :  CREIO EM DEUS
CREIO EM DEUS
Dirceu Thomaz Rabelo

Há pessoas que encontram
Enorme dificuldade para crer
Na simples existência de Deus
Outras, simplesmente em nada crêem
E defendem o acaso como feitor
Das mínimas criaturas, ao Universo infinito.

Minha crença é tão definida
Que eu vejo num sopro de vida
A presença de Deus o Criador
Sinto sua presença no raio e na chuva
Na nascente de água na grota
E na pequena semente que brota

Ele está na pequena ave em seu ninho
E na criança que brinca na praça
Presente está no perfume da flor
E também na doçura das frutas
No delicado sorriso da adolescente
E no corpo fragilizado do idoso

Vejo Deus, agora, ao meu lado
E a todo o momento agradeço
Por já ter nascido com tanta fé
De que ele se faz presente amiúde
Até nos meus versos, e somente
Agradeço ao Pai, por tal virtude.

Itabira, 10 de março de 2012
Recebendo o “Troféu Pedro Aleixo”.
Poeta

Poemas de naturaleza :  OS INCONVENIENTES DE SER RIO
OS INCONVENIENTES DE SER RIO
Dirceu Rabelo

Nem cismavam as gretas de pedras
Das serras de Diamantina
Quando começaram a parir
As águas do Rio do Peixe
Que as dores do parto
Não terminariam ali
Segue seu filho bastardo
Lambendo o lodo das pedras
Engrossando seu leito preguiçoso
Serpenteando feito gari
Lavando areia aqui e ali
Levando com os sedimentos
Os preciosos frutos da ganância
Purificando a alma do Serro
Ressurgindo em Alvorada
Ali sendo estuprado pelo garimpo
Que ralam seus barrancos sem dó
Irrompendo em Dom Joaquim
Onde para incrédulo!
Aqui, um grande minerossauro
Fuça suas margens
Bem onde ele é deflorado
Pelo desalmado e fedido Rio Folheta
Fecharam questão!
Vão levar suas águas para o mar
Com canudões, em sucção
Por outros caminhos
Que não os normais
Quanta maldição!
Mas, suas águas não vieram do mar?
E para lá não estão indo... Naturalmente?
Por que não deixam?
Fecharam questão (já não foi dito?)
Mas, o que restar do rio (se restar)
Continuará agora
Cambaleante como um bêbado
Mais magro, mirrado
Coitado, malgrado progresso
Desaguando quase seco
No Rio Santo Antônio
Triste sina ser rio
Onde riem de seu
Líquido estado de ser.
Poeta

Poemas :  CREIO EM DEUS
[b]CREIO EM DEUS[/b]
Dirceu Thomaz Rabelo

Há pessoas que encontram
Enorme dificuldade para crer
Na simples existência de Deus
Outras, simplesmente em nada crêem
E defendem o acaso como feitor
Das mínimas criaturas, ao Universo infinito.

Minha crença é tão definida
Que eu vejo num sopro de vida
A presença de Deus o Criador
Sinto sua presença no raio e na chuva
Na nascente de água na grota
E na pequena semente que brota

Ele está na pequena ave em seu ninho
E na criança que brinca na praça
Presente está no perfume da flor
E também na doçura das frutas
No delicado sorriso da adolescente
E no corpo fragilizado do idoso

Vejo Deus, agora, ao meu lado
E a todo o momento agradeço
Por já ter nascido com tanta fé
De que ele se faz presente amiúde
Até nos meus versos, e somente
Agradeço ao Pai, por tal virtude.

Itabira, 10 de março de 2012
Recebendo o “Troféu Pedro Aleixo”.


Poeta

Poemas de desilusión :  FALÉSIAS
FALÉSIAS
Dirceu Rabelo

Não prometa ficar
Não jure me amar
Eternamente
Não tente me confundir
Com suas juras
Não me fira
Com seus nadas
Devaneios
Desvarios
Incertezas
Lágrimas nesgas
Escarnecidas
Escorregando
Por sua cara
Mentirosa
Como chuva
Rasgando falésias
Turvando o mar
(Não é o que eu quero!)
Almejo a paz
Do beijo sincero
E de cúmplice olhar
Da mão segura – desvelo
Do calor do corpo
Em sexo demorado
Repleto de amor
Apaixonado
Sem cobranças
Único
Começar de novo!

Poeta