Sonetos :  Militante da poesia
Militante da poesia
Ataco em todos os flancos
e deixo palavras entrincheiradas.
Sozinho, nas madrugadas,
fico arquitetando os ataques...

Às vezes me cerco com os craques:
Drummond, Bandeira, Quintana...
Montamos uma campana
e ficamos estudando as coisas...

Um dia eles me perguntaram: como ousas
aproximar-se de nós?
Quem sois vós?

E eu, cheio de ardor,
fui logo dizendo:
sou um poeta amador!

- Ah... Estamos entendendo...
Então podeis continuar aprendendo.

A.J. Cardiais
05.04.2011
imagem: google
Poeta

Sonetos :  Militante da poesia
Militante da poesia
Ataco em todos os flancos
e deixo palavras entrincheiradas.
Sozinho, nas madrugadas,
fico arquitetando os ataques.

Às vezes, acerco-me dos craques:
Drummond, Bandeira, Quintana...
Montamos uma campana
e ficamos estudando as coisas...

Um dia eles me perguntaram:
Como ousas aproximar-se de nós?
Quem sois vós?

E eu, cheio de ardor,
fui logo dizendo:
Sou um poeta amador!

- Ah... Estou entendendo...
Então podes continuar aprendendo.

A.J. Cardiais
05.04.2011
imagem: google
Poeta

Poemas :  O poeta amador
O poeta amador
Eu não quero provar
que sou bom em nada...
Só quero é libertar
minha alma enclausurada.

Então, se busco liberdade,
não quero prender-me
sem nenhuma necessidade,
ao que não dê prazer.

Escrever como um dever,
fica para o Escritor.
Eu escrevo por escrever.

Por isso sou poeta Amador:
escrevo só por prazer.
Faço poesia só por amor.

A.J. Cardiais
Imagem: Google
Poeta

Poemas :  A pousada do poema
Eu ainda estava saboreando
a realização do último poema...
Estava vivendo a ilusão
que esta situação encena,
quando outro poema,
sondou a minha área.

Ele se pergunta:
será que valerá a pena
eu "baixar" nesse terreiro?
Ele me parece tão “fuleiro”...

Deve ser de algum “poeta amador”.
Mas estou notando
que se trata de um senhor...
Ele não pode estar
no rol de um amador.

Isso já deve ter percorrido estradas,
caminhos, trilhas, picadas...
Tudo por uma causa sonhada.
Então é aqui que eu vou fazer
a minha pousada.

A.J. Cardiais
Poeta

Crónicas :  O poeta amador
Quem está aprendendo alguma coisa, deve ser chamado de aprendiz ou iniciante, não de amador. Amador é quem faz algo por amor. Às vezes a diferença entre amador e profissional é só porque um faz por amor e o outro faz por dinheiro. Então o amador deveria ser mais valorizado, porque tem muitos “profissionais” que trabalham sem amor nenhum à profissão. Infelizmente o que faz alguém ser chamado de “profissional” é só porque sobrevive daquilo.

Quantos escritores podem ser considerados profissionais? Poucos, não é? Uma vez eu li um escritor dizendo que o único escritor no Brasil, que vivia só de livros, era Jorge Amado. Isso naquela época, porque agora tem o Paulo Coelho e deve ter mais meia dúzia.

O que faz um escritor ser considerado profissional? É só publicar um livro? É publicar um livro, e fazer parte da Academia Brasileira de Letras?
No tempo de Drummond, Bandeira etc, quando a poesia era mais “consumida”, todos os poetas sobreviviam como cronistas de jornais ou trabalhando com outras coisas. Nunca li algo dizendo que eles sobrevivessem de literatura. Será que eles eram considerados amadores, na época?

Vender livros hoje em dia está muito difícil. Além do povo não ser muito chegado à leitura, os livros estão muito caros e o povo não tem dinheiro. Como viver de livros? Conheço alguns poetas que se esforçam para publicar um livro, e depois saem vendendo de bar em bar... Tem muita gente que compra, só por comprar. Quando chega em casa joga o livro em um canto ou fica usando para guardar contas.

Uma vez eu encontrei uma amiga, que eu sabia não ter a menor simpatia com poesia, com o livro de um poeta (conhecido meu) nas mãos. Aí eu falei: eu conheço esse poeta, nós já participamos de um grupo. Onde você comprou? Ela respondeu: eu estava em um bar com o meu namorado, aí ele chegou, perguntou os nossos nomes, escreveu no livro e: dez reais. Eu ia até perguntar se ele te conhecia, mas desisti. Então eu falei: poxa menina, deveria ter perguntado. Eu queria saber o que ele iria dizer... Depois você me empresta esse livro? Ela prontamente tirou dois recibos de dentro do livro e perguntou-me se eu queria uma revistinha que estava em minha mão. Entreguei-lhe a revistinha, ela botou os recibos dentro e entregou-me o livro dizendo: tome, fique.

Aí eu pergunto: quantas pessoas ele vendeu o livro, e fez essa mesma coisa, ou pior? Esse pelo menos veio parar nas minhas mãos, e está guardado. Mas quantos já se acabaram sem ninguém dar uma “olhadinha”? E o poeta chega em casa, achando que as tantas pessoas que compraram o livro dele, estão conhecendo o seu trabalho...
Será que vale a pena fazer isso?

A.J. Cardiais
Poeta

Crónicas :  Mau conselho
Escrever algo e postar, é como montar um telhado de vidro... Você tem que estar preparado para receber de tudo: Tanto a luz do sol e da lua, como as pedradas e as tempestades. Afinal você estará expondo o seu pensamento, a sua vontade, a sua verdade, a sua mentira... sei lá, você estará se expondo. E se expor, até para quem gosta de chamar a atenção, é preciso ter "argumento". Principalmente se for escrevendo. Vai ter gente dizendo que você deveria ter feito assim e assado, que você deveria ter usado isso e aquilo... Vai ter gente criticando a sua linguagem, vai ter gente apontando as suas falhas... Mas também tem o seu lado bom: Além de você "descarregar" o seu sentimento, pode ter alguém elogiando a sua maneira de escrever, pode ter alguém elogiando a sua coragem de se aventurar a escrever sem ser nenhum acadêmico, pode ter alguém lhe agradecendo, por você ter mostrado um novo caminho... (tudo isso é suposição de sonhador).

Mas o mais importante é a adrenalina que ficará reinando, enquanto você espera o resultado da sua "ousadia". Eu falo "ousadia", porque quem já escreve cheio de pompa, cheio de conhecimento e senhor de si, só espera colher louros com o seu texto. Quando ele mostrar o "currículo", ninguém se atreverá a dizer que o texto dele é ruim. Se o cara for doutor, professor, pós isso, pós aquilo (só tem pós, nenhum pré), acadêmico, neurastênico etc, todo mundo só terá boas falas. Quem se atreverá em atacar o doutor sabe tudo? Os outros doutores serão os primeiros a acobertarem qualquer "falha". Estou fugindo do meu objetivo, voltemos:

Lembre-se que você estará expondo a sua maneira de pensar, de ver e sentir a vida e as coisas. Então não espere que todos que lerem o seu texto, vá pensar como você. Explique o que precisar ser explicado, aceite o que precisar ser aceito, mas não compre briga. Ninguém chuta cachorro morto. Então, se chutarem você, é porque você está vivo. Tente ficar mais vivo ainda. Procure escrever o mais correto que puder, para não começar uma "escola" de escrever errado. (Já basta a internet) No mais, é acreditar no que você faz, e tocar em frente. Se não fosse com a ousadia, Oswald de Andrade não teria modificado a forma de escrever poesia.

A.J. Cardiais
Poeta