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Caros amigos, é com muita pena que nada posso publicar devido à hospitalisação.
Respeitosos cumprimentos
A. da Fonseca
(Bebert)
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Poeta
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No jardim da minha casa sentei-me a ver a Lua. Caneta e papel na mão, preparei-me para escrever, Mas sobre o quê? das brincadeiras na minha rua? Escrever sobre a juventude? é possível, vamos ver.
A vida é como o tempo passa e nem damos por isso. Nós pretendemos viver não pretendemos envelhecer Mas a vida é composta da juventude e da velhice, Nós envelhecemos mas não podemos rejuvenescer.
O tempo passa, que tristeza, passa a uma velocidade Sem controlar, olhamos em frente e o futuro já passou Sem que se saiba até onde pode ir a nossa bela idade. Olhei para a Lua e a Lua meus cabelos ela prateou.
Começaram a ficar brancos e assim só podemos sonhar. É o preço que temos que pagar por uma vida vivida Que nós a quisemos de amor sem hipocrisia mas amar; Dos anos passados só fica a saudade da mocidade perdida.
A. da fonseca
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Poeta
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Viajaremos o nosso amor numa canoa enfeitada, Eu vou ser teu trovador numa ilha abandonada. E na imensidão do Oceano, lá longe, no fim do Mundo, Com abrigo para amar serei teu vagabundo.
Construiremos uma cabana para abrigar o nosso amor Tu serás minha Diana na nossa Capela-Mor. Ilha que será nosso lar e quando acabar o dia, Tu serás a luz do Luar que o nosso amor acaricia.
Te ver pela manhã acordar, meu amor, mas que prazer, É como que madrugar para ver o Sol nascer. E nessa ilha abandonada eu só serei ciumento, Da brisa da madrugada, do Sol, da Lua, do vento.
E à noite, à beira mar contra a tua pela doirada Mostrar-te que sei amar ao te cantar uma balada. Do passado sem saudades, destruiremos a canoa, Acabaram-se as cidades, não chores por nós Lisboa.
A. da fonseca
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Poeta
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A vida é uma dança Que se dança Sem par. Dançamos sozinhos E vemos os vizinhos Sozinhos a dançar. Cada um tem a sua E dança como sabe Mas nem sempre é fácil A saber comandar, Nem sempre obedece Ao passo que queremos E quando o conseguimos.... Morremos!
A. da fonseca
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Poeta
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Passo os dias deitado E as noites também, Já estou bem treinado Para o tempo que aí vem.
Quando a data chegar Já estarei habituado A dormir sem acordar Ninguém fique admirado.
Não precisarei depois Nem sequer lavar o rosto Um só, eu não tenho dois E nisso tenho muito gosto.
O tempo passará, passará, E terei alguns visitantes E o meu corpo servirá Para regalar esses meliantes.
E se houver pescadores, Sirvam-se, estejam à vontade Asticots de várias cores Digo isto sem vaidade
Depois de bem limpinho Levem-me e colem-me à pedra, Bem à vista e coladinho Na velha Igreja em Évora.
A. da fonseca
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Poeta
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Se eu soubesse que o amor dava saudade Preferia nunca na vida, alguém ter amado. Assim sem preconceitos e em liberdade Teria vivido a vida sem estar apaixonado.
Teria evitado desilusões e dissabores. Nunca o meu coração viveria amarrado A essas ilusões que lhes chamam amores, Viveria feliz sem me sentir abandonado.
Mas a saudade não me deixa esquecer Esses tempos vividos que felizes eram. Mas o amor nem sempre é como se quer E nossos beijos e caricias se perderam.
Guardo comigo a saudade das madrugadas. Como um sonho, nosso amor fazia amor. Nossos corpos, nossas mãos entrelaçadas, Os nossos desejos se saciavam sem pudor.
Foram tempos majestosos os que eu vivi. Hoje estou triste sem amor para amar. Acabar com essa saudade não decidi, Pois que mesmo sofrendo a quero lembrar.
A. da fonseca
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Poeta
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Empurraram-me para os caminhos da vida, Ofereceram-me um labirinto a percorrer. Mostraram-me a entrada mas não a saída Mas era eu a escolher como ele o percorrer.
Entrei pé ante pé no labirinto da vida. A saída não estou apressado de a encontrar. Faço como se procurasse essa saída, Procuro sempre que posso dela me desviar.
A vida continua a me empurrar, não vou! Encontro-me bem na sombra desta grande selva. Nela amo, sofro, vivo, quero ficar onde estou E à noite consigo dormir sobre a verde relva.
Quando da saída estou perto, não a vejo. Ou por outra, eu não a quero sequer ver. Olho para o lado da entrada com desejo De voltar a entrar e recomeçar a viver.
A. da fonseca
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Poeta
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Chamem-me louco! Louco, sim, Porque habito uma casa amarela. Casa amarela... Sinal de hospício Onde eu moro Sem sacrifício, Onde moro com prazer. Mas já fui sacrificado Por alguém de muito saber, Sábio na arte de escrever “Expert” do mal dizer. Mas para vos ser franco Na TV vi uma janela E vi uma casa amarela, Aquela de Camilo Castelo Branco. Era doido? Talvez! Doido pela cultura Doido pelo amor Mas doido...! ele o foi alguma vez?
A. da fonseca
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Poeta
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Vagueio na noite, numa noite de inverno Naquelas velhas ruas dos amores proibidos. Como lobo solitário que passeia no inferno Que procura no pecado seus amores perdidos.
Amores proibidos que tanto nos fazem sofrer, Onde o Paraíso não existe mas sim sofrimento Quero deixar esse deserto mas como fazer? É a morte que cai e eu caio no esquecimento.
Para viver assim prefiro ter o gosto de morrer Porque as carambolas da vida deixam mossas Que não têm cura pois que ferem o coração.
O amor é uma doença, raro é uma conclusão; Nem só com palavras doces se pode amar., Quando o amor está moribundo não há solução
A. da fonseca
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Poeta
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Continuo a pensar naquelas noites Naquelas horas, dias e madrugadas Em que o amor nos invadia. O teu corpo no meu se espreguiçava, Os nossos corações cantavam Belas e Celestiais melodias. Com as lágrimas do prazer Lavávamos os nossos pecados, Pecados de dois corpos enamorados. Desfolhávamos nossos corpos Como quem desfolha uma flor, As pétalas caídas no chão, Foi tudo o que do nosso amor ficou, Elas que eram o símbolo do nosso amor, Ficou somente o perfume Dessas flores desfolhadas, Flores que foram por nós amadas
A. da fonseca
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Poeta
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