Crónicas :  O TRAUMA DA PAIXÃO INTERROMPIDA
O TRAUMA DA PAIXÃO INTERROMPIDA

Da imensidão do Universo a luz viaja e faz liga com a retina de um jovem que está em uma janela olhando para a rua de alguma cidade deste planeta.

Ele aguarda alguém e acende algo que vivia ganhando e passando para frente, “uma presença”, uma pequena trouxinha que dava para fazer um baseado.

Ele se afinava mais com esta galera da contra cultura, mas o bagulho fumado mostrou que não era para ele, pois ele ficava mais paranoico e desestabilizado do que já era, enquanto que todos pareciam que ficavam numa boa.

Ali daquela janela ele olhava a sombra da noite chegando e que, vista do Universo, era a moldura perfeita de um quadro, e aquele jovem já sabia ser totalmente despreparado para esta vida, estava mais para o século XVIII, e por isso estava cada vez mais solitário e melancólico, pois não sabia por onde começar a destrinchar os nós que se apresentavam à sua frente, como acontece com muitos adolescentes.

Passar daquela janela seria entrar em um labirinto e aquela ponta de baseado era só mais um experimento que nada acrescentou, a não ser o conhecimento que o caminho também não era por ali.

Daquela casa ele saiu com a ótica de que o mundo girava em outra rotação que a dele, pois a paixão terminou mal,deixando fortes marcas.

E ai passou a viver sobre uma nova ótica e teve assim centenas de relacionamentos que não iam para a frente, pois procurava aquele sentimento que ficou na memória.

E chegando no fundo do poço da extrema solidão o auxilio lhe veio e ele voltou a senti-lo finalmente e assim desmitificou-o, pois desta vez ele exauriu-se em apenas uma semana.

Passou boa parte da vida procurando-o e agora sacou que uma relação interrompida abruptamente, e no auge, quando ainda somos imaturos, sempre deixará a impressão que teria sido a relação perfeita, mas é apenas uma ilusão, uma distorção, que pode nos acompanhar e nos atrapalhar pela vida inteira.

Um exemplo é o enorme sucesso (hoje um pouco fora de moda) que sempre fizeram os filmes com amores interrompidos, como Romeu e Julieta, O Guarda Costa, e outros que não me lembro e que faziam todo mundo chorar.

Foram sucessos, pois deixavam no ar a ideia do amor perfeito (que todos gostariam de ter) e que foi dilacerado abruptamente, mas que com as adversidades e a rotina do dia a dia poderiam morrer rapidamente, como no caso atual dele.

E assim a paixão é confundida com o amor, que corre em mares caudalosos e serenos, enquanto aquelas em mares revoltos causados por passagerias tempestades


"Não é o lugar em que nos encontramos nem as exterioridades que tornam as pessoas felizes; a felicidade provém do íntimo, daquilo que o ser humano sente dentro de si mesmo' Roselis von Sass – www.graal.org.br

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Cuentos :  UM AMOR DE DOIS VERÕES
UM AMOR DE DOIS VERÕES

Ele foi à esquina costumeira para fugir do Fantástico e ver se pintava algum amigo para bater papo, e nem imaginava o que iria lhe acontecer e que influenciaria toda a sua vida.

Ficou ali sentado no muro até umas dez horas, mas ninguém chegando ele se esgueirou do muro para ir embora e quando atravessava a rua uma mina da casa em frente perguntou se ele não queria fazer companhia para ela, e uma amiga, que estavam festejando o aniversário de outra que estava acompanhada.

A aniversariante e o companheiro ficaram separados e ele com as duas ficaram conversando e tomando umas Cubas e beliscando uns salgadinhos na sala contígua.

Elas estavam morando a pouco ali e era novidade que chamava atenção, pois naquela época mulheres morarem sozinhas era uma raridade.

Ele tinha sorte com as mulheres, mas ainda não sabia tirar proveito disso, pois sempre se engraçava pelas erradas e o sexo ainda não predominava na cabeça dele, pois ainda não o tinha descoberto por inteiro naquela época de muito amasso e pouco vamos ver.

No final ficou o convite para voltar durante a semana.

Foi uma, duas, três vezes e viu que a coisa não era tão simples por ali e que a mina que o tinha convidado tinha um caso complicado e após uma briga com o cara ela voltou para a sua cidade.

Mas ele continuou a ir lá, pois tinha a outra com quem ficava conversando, escutando música e tomando as biritas.

O que ele não esperava é que a aniversariante, que era a mais bonitona e bem mais reservada, chegou um dia mais cedo e ficou do seu quarto escutando a conversa daquele piá de quinze anos e resolveu se chegar no outro dia.

E na saída a companheira de Cuba pediu para ele convidar um amigo dele, que ela sempre via passar, para vir junto no dia seguinte.

E ai nesse dia ele ficou com a bonitona e rolou um clima, uma dança, e a coisa se acalorou.

Ele se deu bem com a aniversariante e terminaram se amassando na cozinha. O amigo já tinha ido embora, mas para ele a noite durou mais, mas o final, ou o inicio, ficou para um dos dias seguinte.

Ela deixou tudo preparado e depois das danças e novos amassos ela o convidou para ira para o quarto e foi tudo muito bom com direito a luz de vela que ela já tinha preparado.

E o cara da noite de aniversário? "Era só um amigo muito solitário e por quem ela tinha muito estima e gostavam muito de ir a cinemas".

Bom, para ele tudo bem, mas por um tempo começou a achar que era verdade, pois o cara nunca entrava, só a trazia quase todas as noites e nunca muito tarde, mas enquanto ela não chegava ele ficava conversando com a outra que já tinha dispensado o seu amigo.

Os dois se afinaram muito bem com direito a almoço nos domingos e até passeios na região de mãos dadas para a inveja da rapaziada e os olhares das meninas, mas eles estavam na deles e não ligavam para nada em redor.

E o lance rolou por muito tempo, apesar de às vezes, ele ter que se esconder no sótão quando o cara entrava, mas isto era raro.

O coroa bigodudo e meio manco devia ter uns quarenta anos, ela tinha vinte e três, uma idade já avançada para o inicio daqueles anos setenta, então tinha ali um triangulo amoroso com três faixas etárias.

Quando o cara chegava sempre dava uma buzinada até que um dia, em um domingo à tarde, totalmente fora do padrão, ele não buzinou, e se chegando á janela da sala, que estava entreaberta, o viu enlaçado com ela.

Ele voltou ao carro e deu a buzinada e ela saiu e ele, que nesta altura já estava com mais de 16 anos, foi para a cozinha, mas ela voltou logo dizendo que o fulano os tinha visto e que era melhor ele ir embora, mas nem deu tempo, pois o cara já estava do lado dele dizendo “que só não o matava porque ele era um piá” e ele peitudo de pronto respondeu “que ela não achava”.

Mas como o cara era manco não seria díficil dar um nó nele ou pelo menos ganhar na corrida.

O clima pesou, mas ele não arredou, mas ela o convenceu que era melhor ele ir e ele foi pela porta dos fundos, mas ficou na cerca espreitando alguma alteração, que não houve, e o seu sangue esfriando, caiu a ficha e ele vazou.

Foi para o outro lado da rua onde encontrou o amigo e falou “o cara nos pegou” e este, que era mais velho que ele, disse para ele se mandar, pois a coisa poderia ficar feia e ele foi e ficou lá em cima do morro da rua transversal até ver o carro conhecido rondando em sua busca e deu no pé.

O romance melou e ele não conseguiu mais ter acesso a ela, mas ficava na esquina esperando e o via traze-la, agora sempre tarde da noite, e ele não podia mais se chegar, pois ela se trancava, até que dias depois eles não voltaram mais, nem ela, nem a amiga, nem mais ninguém, e ele viu a noite se escurecer na vida dele.

“Amanhã talvez” era a música que ela gostava de dançar com ele e muito tempo depois ele assistiu a um filme "Houve uma vez um Verão" e ele viu que a música era a trilha sonora, e o enredo era o de uma mulher madura que num verão teve um amor com um adolescente.

Ela tinha trazido para a vida aquilo que tinha visto no cinema e deixou, depois, a vida dele feito um filme preto e branco

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Poemas :  A VOLTA POR CIMA
A VOLTA POR CIMA

Devido ter tido medo de tudo
Aprendeu a de nada ter medo

Por tudo nunca não ter ansiado
Quando tudo teve nada mudou

Ao sentir tanto de menosprezo
Calado soube esperar o apreço

E enquanto de todos apanhava
Aprendia como era sobreviver

E em meio aos falsos vencedores
Ele demonstrou que nunca perdeu

“A felicidade provém do íntimo, daquilo que o ser humano sente dentro de si mesmo” Roselis von Sass – www.graal.org.br

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Crónicas :  SE QUEIRA BEM, TENHA AMOR A SI
SE QUEIRA BEM, TENHA AMOR A SI

“Amai ao próximo como a ti mesmo”.

Esta frase vai e volta e volta e meia ela está ocupando os meus pensamentos e me vejo a analisá-la, pois Jesus com esta frase disse textualmente que é importante “amarmos a nós próprios” e nunca se olhou para ela por este ângulo.

Sempre se olhou esta frase a não ser pelo sentimentalismo cristão das igrejas e ela não tem nada de sentimentalismo, muito pelo contrário, ela nos dá a chave da felicidade.

Nas minhas vivências de adolescente eu fui me perdendo nos meandros e muito tempo depois eu me conscientizei do quanto tinha de má autoestima.

E com esta conscientização, (a terapia cognitiva é boa nisso) eu vi o quanto a vida poderia ser mais fácil se eu gostasse um pouco mais de mim, se eu me perdoasse mais, e não havia motivo para esta forma de me ver, pois era só preciso ver que aquela visão negativa estava no meu íntimo, pois tudo a minha volta dizia o contrário.

Este conselho que Jesus deu, assim como toda a sua doutrina, nunca foi interpretado de forma correta.

Este “como a ti mesmo” é emblemático e é a parte mais importante da frase, e fica claro que quem não gosta de si mesmo nunca vai poder amar ninguém, ou podemos dizer que estes sentimentos são diretamente proporcionais.

Você só pode ter pelos outros aquele sentimento limite ou aquela dimensão de sentimento que você já trás dentro de si, então se você quer amar alguém, você já tem que ter este sentimento dentro de si, pois o amor não vem de fora para dentro.

Não é encontrando alguém que você vai sentir amor. As coisas funcionam ao contrário: Você só vai sentir amor por alguém se já tiver este amor dentro de si e ninguém tem este amor dentro de si se não se gosta, ou se não se perdoa, ou se vive se cobrando ou se policiando demais, perdendo assim a naturalidade.

Este conselho dado por Jesus é pessoal e não coletivo, é para cada um de nós e ele foi o maior psicólogo que a humanidade já teve, então o que temos que fazer é entender o que ele quis dizer.

Não pelas interpretações sem brilho das igrejas ou dos templos, nós não precisamos de intermediários entre a palavra de Jesus e nós, pois a palavra dele é clara, tão clara, que hoje já não a entendemos mais.

Comece se gostando de si mesmo que acabarás amando o mundo, e amando o mundo te sentirás muito mais amado, e te sentindo muito mais amado amarás muito mais, e assim vai sem ter fim.

E aqui estamos falando do verdadeiro amor, então ele não tem nada de egoísmo, nada de vaidade, nada de narcisismo como alguns poderiam pensar.

Ame a si mesmo, se perdoe, peça perdão onde veja necessidade para se sentir melhor, e você começará a gostar melhor do mundo à tua volta e ele te devolverá de mãos cheias.

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Crónicas :  DA MÃE DE SANTO AOS PSIQUIATRAS
DA MÃE DE SANTO AOS PSIQUIATRAS

Quando eu tinha uns 14/15 anos tomei um porre e foi por dor de cotovelo, pois a mina que me alugava durante a semana nos finais de semana ficava com o noivo, e eu lá em cima, do alto da rua, com uma amiga e um amigo mais chegado me tirando sarro e rindo da minha desgraça. .

E ele, depois de ter passado um pouco o meu porre, disse que estava indo com a mãe num centro de sarava e eu pedi para ir junto a próxima vez. Foi a minha primeira busca de solução para um problema que eu sabia que os outros não tinham.

Lá chegando perguntei para uma mãe de santo das mais antigas: “O que é que eu tenho” e ela me respondeu: “Que você tem o que meu filho!” e eu saquei que estava no lugar errado, mas fiquei indo lá para curtir o batuque até que um “preto velho”. que não falava com ninguém, disse que se eu não levasse a sério ia “apanhar muito” e eu parei de ir.

Eu tinha uma "falha de fabricação" no lado social.

E este mal sem explicação só foi piorando e cheguei aos dezoito anos aos trancos e barrancos.

Tinha muita mina para casos, mas “paixões” nunca mais depois de ter tido outra experiência, quando já com 16, mas que acabou muito mal, pois a mulher (tinha 23 anos), com quem fiquei por quase dois anos, foi levada embora no apagar das velas e eu, além de ter tido a minha primeira ameaça de morte, nunca mais a vi da noite para o dia.

Mas foi quando cai no exercito que eu pedia para morrer, pois ali o meu pânico social ficou mais evidenciado, pois eu tinha que conviver com todo mundo 24 Horas por dia, além da tantos chefes, e precisei pela vez de um psiquiatra.

A psiquiatria pouco podia fazer naquela época, mas ele me receitou uns remédios que, com a receita, a minha mãe conseguiu me tirar de lá.

Mas o meu problema se manteve lá fora e tive que ir para outro, no caso um psicólogo que dava aula em uma faculdade e escrevia em jornais.

Com o tempo eu atravessava a rua quando via alguém que eu teria que cumprimentar. Fiquei com este psicólogo por um tempo até que as sessões passaram a ser de grupo, e com elas as discussões de egos mal resolvidos se digladiando de um lado e, de outro, pessoas caladas que só assistiam, coitadas.

Neste período eu conheci uma literatura que me deu muitos esclarecimentos sobre muita coisa e aí achei por bem parar de ir lá, pois conheci leis profundas que regem o mundo e a nossa vida.

Mas o mundo era um mar revolto e eu não sabia nadar, muito menos manter a cabeça fora d’agua. Aquela literatura me ensinou tudo do mar, mas aprender a usar isso teria que ser comigo.

Mas aquele psicólogo não cobrava caro era mais um pesquisador. Ele era esforçado, embora sempre mudo, mas quando eu disse que ia parar até me isentou do pagamento para não me perder, mas já tinha dado para mim.

Arranjar os empregos era fácil, passava nas entrevistas, mas depois o bicho pegava, o dia a dia era um tormento, até chegar um ponto em que desisti de tentar e, felizmente, a minha família não dependia da minha ajuda financeira.

E foi a partir deste período que eu aprendi a conquistar mulheres sem precisar falar muito, e foram muitas, mas “amor” (confundi as paixões tidas com amor) como tinha experimentado antes, eu não conseguia sentir mais e isto me desesperava e me levava a outra e outra e outra...

Até que, quando já não aguentava mais, conheci uma mulher me aceitava como eu era, e eu sabia que não adiantava ir embora como sempre fiz, pois com a próxima seria a mesma coisa, e a próxima e a próxima, então me esforcei e consegui ficar junto por longos dez anos

Mas a minha situação financeira já estava bem encaminhada e melhorou bastante neste período, além dela não depender de mim nesta área..

Sobrevivi a estes dez anos, mas começou a me bater uma depressão muito grande novamente e a ter pensamentos apavorantes, então eu tinha que resolver os meus demônios, então peguei a minha mala e fui para um hotel com as suas solitárias paredes.

Tinha que haver uma saída, mas antes da separação tentei algumas vezes consultar uma outra psiquiatra que só ficava me dando umas cruzadas de pernas e para isto eu não precisava ficar pagando.

Eu chorava copiosamente, feito criança, e ela com aquelas pernas...,e eu já tinha me tornado meio compulsivo na área, então lutava contra isto também, nunca me viciei em nada, embora tenha experimentado de tudo.

Comecei a beber todas, eu não tinha para onde ir a não ser bares para me relacionar, e nesta altura já tinha dinheiro para frequentar bons restaurantes, bons bares, bons tudo, mas sofria ainda com a fragilidade afetiva tremenda, embora muito bem camuflada e começou os recionamento de vida curta novamente.

Até que um dia encontrei um amigo tomando refrigerante num evento e ele me disse que estava se tratando de Síndrome de pânico e me confessou que outro colega nosso estava se tratando no mesmo médico.

Não demorou muito para eu ir lá pedir o nome do psiquiatra. Pensei “deve ser mais um destes que eu conheci” e fui sem muita esperança, mas o cara me ganhou, não quis saber nem se eu tive pai ou mãe e já começou a me ensinar relaxamento e eu aprendi isso e como era boa aquela sensação, e depois me mandava conhecer pessoas "como lição de casa".

Eu não podia ficar sozinho, e como ia lá duas vezes por semana (eu tinha pressa), tinha que levar os relatos e não podia ser sempre as mesmas pessoas, tinha que variar.

Então eu conheci cada pessoa! E sabe de uma coisa? Você não sabe como tem mulheres por ai querendo conhecer alguém que não queira nada delas, a não ser a sua companhia para sair e eu acredito que com os homens deve acontecer a mesma coisa, só que eles não se abrem entre si e vão levando esta de conquistadores emuralhados nas suas desconfianças em eterna solidão e insatisfação em todos os níveis.

Mas como a finalidade era desenvolver afetividade e amizades, então era importante não ter sexo, então eu tinha que conviver com aquilo que me dava fobia, que era envolvimento afetivo, e procurei seguir os conselhos dele, na medida do possível, e fui conquistando e tendo amigas de verdade que duram até hoje.

Era para dizer que eu estava em tratamento de socialização e que sexo prejudicaria o meu tratamento e tal e eu comecei a ver como as mulheres podem ser nossas amigas. Comecei a aprender outro lado para mim totalmente desconhecido e um lado muito bom, o lado da afetividade, da amizade e da confiança.

Aquele psiquiatra era muito bom e não posso dizer que transformou a minha vida num mar de rosas, mas me tornou uma pessoa melhor, mais afetiva, mas a pedra final da minha busca não foi ele que colocou.

Depois dele continuei na minha lida, pelo menos mais uma parte dela eu tinha resolvido e muito tempo depois, quando li o livro “Mentes Inquietas”, da Dra. Ana Beatriz Barboza Silva, me achei e fui no consultório de um neurologista, pois psiquiatria não queria mais, e disse: “Eu tenho “Transtorno de Déficit de Atenção, TDAH", e o senhor teria algum remédio para me indicar?”.

Tinha, mas não resolveu.

Eu já tinha um relacionamento sério, depois de todas aquelas namoradas como lição de casa, mas não estava nem 50% legal ainda, mas eis que lendo o livrinho do meu plano de saúde encontro um neurologista que por coincidência também estava na relação de psiquiatras.

Bingo, não podia ser melhor, e fui lá com cara de poucos amigos, e ele me disse na segunda visita, que apesar da minha cara amarrada da chegada, ele já sabia que não era TDA que eu tinha, e que eu estava mais era para bipolaridade, males que se confundem em parte.

Então estou tomando os remédios, pena que os bons ainda não são baratos, mas a minha vida posso dizer que já é normal. Ainda tenho os meus percalços, mas isto todo mundo tem.

Quanto tempo passou isto? Quase cinquenta anos de uma vida de muita luta. Antigamente Bipolaridade era chamada de Psicose Maníaco depressiva.

Já imaginou eu dizer para alguém lá no passado, na década de oitenta/noventa, ou mesmo ainda hoje, que eu tinha uma psicose?

Todo mundo correria de mim ou mandariam me trancafiar e, com certeza, eu mesmo me excluiria da sociedade estigmatizado e com horror, quando este mal não é nada de mais, e o único prejudicado somos nós mesmos que nunca nos sentimos bem, pois ou estamos depressivos ou agitados, ou seja, longe do centro, longe do equilíbrio emocional que nunca sentimos.

Este termo "maníaco" é que era infeliz, pois neste caso ele quer dizer que você é a "mil", piradão, no bom sentido, só que isto não tem nada de mais, principalmente naqueles anos setenta e posteriores.

O final dos anos sessenta e a década dos anos setenta foi um período bipolar, com o polo na euforia, o contrário do até então, onde os músicos viviam caindo pelos becos escondendo os seus vícios como John Coltrane.

Já nesta década posterior e com o advento dos festivais de rock foi "chutado o balde" e as drogas foram usadas escancaradamente como diversão e teve as suas baixas naqueles que exageraram exponencialmente, como Jimi Hendrix e Janis Joplin, a maior cantora de rock de todos os tempos, mas bipolares ao extremo e autodestrutivos, mas a maior parte sobreviveu, assim como nós anônimos.

Para sobrevivermos temos que ser inventivos, pois estamos numa frequência distorcida, como uma rádio fora da estação, mas temos que manter algum controle e as drogas ou bebidas, hoje mais do que nunca, só agravam o problema. É só arrumar mais uma encrenca sem volta.

O bipolar vê o mundo como um ambiente adverso, então desenvolve um poder de articulação muito grande para poder sobreviver. Você tem dois inimigos, o mundo de fora e o que você tem dentro de você. Você não tem paz, pois não se adequa ao ambiente, mas tem de passar que está, e todo dia é uma luta. Cada dia uma batalha. Não tem noite bem dormida, não tem descanso.

É como viver montado em um boi brabo, que às vezes descansa e às vezes quer tirar você de cima, mas você está amarrado a ele, não tem como escapar.

A medicina evoluiu muito nesta área, tanto nos remédios como nos diagnósticos, pois ficar só em terapia nestes casos é inócuo, pois este distúrbio é químico e você tem que compensar o organismo com remédios que são para toda a vida, pelo menos por enquanto, mas logo a teremos.

Não tem este negócio de infância mal sucedida. O meio em que você nasceu é só a igual espécie que te atraiu para esta vida terrena, mas os motivos dos sofrimentos, estes, foi você quem fez por merecer, você os criou em vidas passadas, mas até ai não vai a ciência e, se não fosse assim, o mundo seria muito injusto e arbitrário se os fatores fossem só os genéticos.

Por que motivo eu e outros seriamos os premiados?

Não haveria justiça se fosse assim e o mundo seria ridículo. Eu e outros iguais não tivemos problemas nenhum relacionados a traumas, embora pela nossa desarticulação os acabasse tendo, mas só nascemos com a química meio desajustada e que nos faz ficar correndo sempre atrás do prejuízo, em distorção com o meio.

Mas para sofrermos tanto em uma pequena vida não existe explicação se não considerarmos existências anteriores, então as minhas pesquisas não se reduziram só à psiquiatria.

Eu tinha um Norte, aquela filosofia encontrada lá atrás era perfeita, mas os meus problemas não pararam.

Descobri o meu diagnóstico, Bipolaridade, mas então também já sabia que tinha errado muito em outra vida.

Conheci um cientista louco, inteligentíssimo, mas muito soberbo, (fomos amigos por um tempo) que desenvolveu uma ciência que ele chamava de Numeriatria, baseada na Numerologia, e ele me explicou tim tim por tim como eu me sentia, e o porquê, e eu nunca tinha visto aquilo, como é que ele podia saber como eu me sentia, se nem eu mesmo sabia verbalizar naquela época?

Ele falou quarenta anos depois o que eu queria saber daquela mãe de santo.

Um exemplo que eu poderia dar é você imaginar que de repente um cara como o Sadam ou um Kadafi, ou um religioso impiedoso e arbitrário da idade média, nasce na próxima vida no meio de todos aqueles e outros que ele fez sofrer ou oprimiu, mas só que agora sem nenhum poder.

Os outros à sua volta nem vão ligar para ele nesta nova vida, mas a sensação anímica que ele vai ter, sem ter poder nenhum agora, é que todo mundo o quer pegar. Sentir-se-á desprotegido e com a sensação que muitos o querem pegar.

E a sensação minha era essa, que todo mundo queria me pegar, então coisa boa eu não fiz. Abusei de poderes que eu tive e oprimi e fiz muitos sofrerem. Pela colheita (o que sentimos agora) podemos presumir a semeadura de outros tempos.

O mundo seria muito injusto para quem vêm com um transtorno desse que para não se tornarem visíveis, para camuflá-los socialmente, vai um esforço enorme e fora outras grandes discrepâncias que há na sociedade e que parecem injustas, mas não são, como uns nascerem tão ricos e outros paupérrimos, uns nascendo na rica e culta Noruega e outros na Somália ou no Afeganistão.

Tudo isto eu já sabia lá quando tinha 19 anos e encontrei a Mensagem do Graal, Na Luz da Verdade, do escritor alemão Abdruschin (www.graal.org.br), depois de muita caminhada, de todas as caminhadas, mas eu precisava além do conhecimento ali tido, achar descanso para algo que a medicina ainda não tinha, mas ficar parado não ia adiantar nada.

E hoje, no amor, também já posso dizer que encontrei a joia mais rara.

Hoje os diagnósticos estão mais fáceis e você não imagina como reconheço hoje, na sociedade, pessoas fazendo muito mal a quem está a sua volta e à sua própria família, ou manipulando pessoas inteligentíssimas e até grandes lideres, para tê-los sobre a sua influência, estes são os psicopatas do dia a dia!

E a Dra. Ana Beatriz tem outro livro “MENTES PERIGOSAS - O psicopata mora ao lado”, e você não imagina como os tem à nossa volta, eles gostam de serem o centro e os manipuladores das atenções e para isso não medem consequências, mentem, falseiam, deturpam, difamam com a maior naturalidade.

Em todas as variantes da sociedade há os bons e os maus e não é diferente entre os bipolares, já na psicopatia não tem o lado bom e eu já conheci alguns. Entre os homens há um maior número, mas quando mulheres são "imbatíveis".

Os bipolares da geração setenta que não tinham freio, como eu tinha, eram alucinados e muito doidões, mas eram pessoas geniais, mas a maioria passou do tempo e se perderam pelos cantos do mundo, mas uma boa parte sobreviveu, principalmente os com o polo predominante na euforia, como muitos músicos que não se entregavam.

Com relação aos '"psicopatas que moram ao lado" sabe aquelas pessoas maravilhosas, sem defeitos, sempre alegres, e que nos agradam tanto e são tantas vezes “injustamente” tão mal compreendidas?

Cuidado, você pode estar sendo manipulado há muito tempo e fazendo mal indiretamente a muitos à sua volta, por influência dela, sem se tocar que está sendo usado.

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Poemas :  O AMOR E O AUTO PERDÃO
O AMOR E O AUTO PERDÃO

Quando foram pedir sua ajuda ele já a tinha dado
Quando deram os parabéns já não fazia diferença
Quando vieram lhe chamar ele já estava ausente
E quando da hora de sair já fazia tempos a sua ida

E quando ele foi elogiado já era indiferente
E quando o notaram não queria mais estar ali
E quando veio a música ele já tinha dançado
Mas quando ela dançou de longe ele assistiu

Você o procurava, mas ele se sentia perdido
Você dizia o conhecer, mas ele se desconhecia
Você via claro o caminho que para ele era turvo
E para não te fazer sofrer melhor foi sumir

Você lhe queria amor e agora ele sabe o valor
Pois a ele mesmo de todos males já se perdoou
Não pode amar alguém um coração em desgosto
Pois só é feliz no amor quem no peito já é feliz

"Não é o lugar em que nos encontramos nem as exterioridades que tornam as pessoas felizes; a felicidade provém do íntimo, daquilo que o ser humano sente dentro de si mesmo' Roselis von Sass – www.graal.org.br

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Crónicas :  TRISTEZA, DEPRESSÃO, BIPOLARIDADE E A ESPIRITUALID
TRISTEZA, DEPRESSÃO, BIPOLARIDADE E A ESPIRITUALIDADE.

É um erro considerar a depressão como tristeza que se perpetua. Tristeza é tristeza e você pode conviver muito bem com ela, já a depressão é algo muito mais incapacitante, mais inpactante e muito mais aterradora e pode possuir um ponto de origem muitas vezes já esquecido.

Quando você está triste você pode responder bem a uma boa piada ou a uma brincadeira, pode acabar rindo, mesmo sem muita vontade e a tristeza você pode dividir com alguém, pois sabe o motivo, já a depressão na maioria das vezes não.

Na depressão há que ser prático, a vida tem que continuar e o lance é sair dela o quanto antes, mesmo que esse antes possam ser meses ou anos; e remédios ajudam, mas sem força de vontade não resolvem.

Muitas vezes levamos uma vida de alegrias criadas desde a tenra idade, aprendemos a mantê-la, mas no fundo pode ser sem base firme, pois lá num cantinho da alma pode ter ficado algo incapacitante que vamos levando, passando por cima, pois poderia mostrar a nossa fragilidade.

Mas como é de se presumir um dia vai arrebentar feito um coice e quando isto acontece todo o castelo se desmancha e damos de cara com a nossa mais dura realidade e ai não vamos saber lidar com esta incapacitação monstra que vai nos prostrar.

A meu ver a bipolaridade sempre começa pela depressão, você vai caindo nela como se fosse atropelado pela inadaptação do ambiente. O mundo vai te levando de roldão, você se perde e ai já não se adapta a nada, não se dá bem no convívio na escola, com as namoradas, com os amigos e vai surgindo o medo social, pois você se vê sem defesas para ele, despreparado para a vida, e realmente muitos de nós viemos assim, criamos um hiato em outros tempos que está fazendo falta agora.

Um exemplo: Alguém nesta vida não se permite relacionamentos afetivos, por algum motivo, o mais comum são os ligados às religiões, e se abstém de formar uma vida familiar e suprime também com isso, de forma antinatural, a atividade sexual.

Ai quando volta em uma próxima vida, (que pode ser esta atual), terá dificuldades nestes campos, pois vai querer namorar, mas não terá o traquejo devido, além de travamentos ou uma exacerbação do instinto sexual, não mais natural.

Sentir-se-á como se tivesse pulado um ano na escola e sempre estará com a sensação de que lhe está faltando algo, e realmente estará, e embora agora queira ter uma atividade afetiva e sexual normal vai sempre ter a
sensação de estar fazendo algo de errado, ter dificuldade de expor socialmente esta relação, e dai tantos sentimentos de culpa que não se sabe de onde vem, nem porque se sente.

Tudo que é exercido de forma antinatural e torcido vinga, e influenciará fortemente em uma próxima oportunidade de vida terrena.

E nesta vida, no aprofundamento do retraimento em função da falta de naturalidade que sente agora, o mundo começa a ficar mais apavorante na medida inversa desta limitação, então você reage, pois precisa sobreviver afinal, ganhar algum espaço e você precisa se sustentar, trabalhar, e então tem que criar um “personagem” que seja o contrário do que realmente é e entra no outro polo da bipolaridade, ou o oposto da depressão que é a euforia.

Mas que não se tenha a idéia de que este píco de euforia traga alguma felicidade, ela pode até passar esta idéia para quem está em redor, mas quem está passando por este processo está procurando se segurar para não pirar, para não extrapolar, então é uma luta em duas frentes opostas e a cura é achar o equilibrio entre estes polos só que o mundo não para, então é como se estivesse amarrado em cima de um touro bravo que não cansa nunca.

Parecer uma pessoa bem articulada e se desdobrar para manter-se equlibrado, longe a inanição da depressão e longe da piração, cria uma pessoa que acaba, muitas vezes, se dando bem materialmente, mas tudo construído em cima desta lacuna mal resolvida que não sabe por que tem, enquanto todos vivem tão bem à sua volta.

Um mundo vai sendo criado em volta daquela falta que continua mantida lá dentro do seu íntimo e que não é tão fácil de ser resolvida.

A não aceitação de si mesmo e uma enorme baixa autoestima o mantém longe do meio que ele não gosta e isto o joga para os polos, com o tempo automaticamente, então tem que trabalhar a autoestima e ai é onde a terapia cognitiva pode ajudar, enquanto os remédios o equilibram do outro lado.

Nesta loucura toda ele acaba se tornando muitas vezes uma pessoa bem articulada, de sucesso, e cheio de namoradas efêmeras, mas sem nenhuma que se torne muito íntima, pois isto acontecendo ela vai ver as deficiências ali existente, vai ver o quanto ele na realidade é “feio e sem graça” (na ideia dele) e ele não quer ver este lado exposto; que seja conhecida a sua condição de miserabilidade emocional.

O bipolar é um lider no seu meio ambiente, por falta de opção, pois ele não conhece o meio termo e a outra seria a submissão total, então domina o ambiente à sua volta. É reagente na dificuldade, é prático nas decisões e articulado, cativa muitos e afasta alguns, mas estes ficam discretos e para esses ele fica sempre na defensiva, pois pressente que eles sabem do "seu segredo".

Ele não passa em branco em nenhum ambiente, mas será sempre uma pessoa infeliz, camuflada na personalidade forte que desenvolve.Não há tempo para emoção, para a legítima afetividade, nem tem como conhecê-la, tudo é muito louco e está sempre a mil.

E vai levando este mundo, mas isto é custoso, pesado, e durante muitos anos, dezenas de anos, conhece um poder que antes no isolamento não tinha, mas um dia isto já não vai bastar e ele vai querer um relacionamento mais calmo, mais verdadeiro, vai querer ser feliz de verdade, e não só parecer feliz e articulado e então é onde a casa cai. Cai não, se estraçalha em milhares de pedaço.

Com o peso deste sentimento incapacitante ele desmorona na depressão novamente; pode ter construído um patrimônio considerável, mas sabe gastar bem, ou quase sempre, pois tem os seus tombos; se torna um vencedor e desenvolve um instinto apuradíssimo, pois é questão de vida ou morte para ele, pois se sente sempre em ambiente hostil e isto lhé dá muita tarimba.

Mas ele vai ver que os bens materiais não vão adiantar em nada nessa hora de derrocada, e a depressão bate, e bate muito mais pesado então, pois ele sabe que pode ter conquistado tudo, mas vai ver que este tudo na verdade não vale nada.

Acabou a artificialidade da euforia, mas mesmo nela como se tornar feliz se ele não sabe como? E o meio, o estado de equilibrio, como conseguir se não sabe mais como voltar a ele?

Soube criar mundos de relacionamentos, mas no fim do dia todos vão para os seus lares e ele até pode ter um, mas sempre com o sentimento da solidão presente, embora possa ter muitas pessoas à sua volta e ser amado por elas não se sentirá nunca totalmente feliz, pois a felicidade está em amarmos e não em sermos amados.

Como nos disse Jesus: “Ama a teu próximo como a ti mesmo”.

E para o bipolar esta é a primeira lição a ser aprendida.

Aprender lições da vida é fácil, mas aprender a ter sentimentos, voltar a sentir emoções, aprender a ter alegrias genuínas, e não ser só movido pelo medo ou pela fuga do seu verdadeiro eu é o objetivo a ser atingido.

Na depressão não tem dinheiro, carros, apartamentos, bons restaurantes, belas companhias, viagens, que o empolguem mais. Acabou este período, e a sensação de impotência e da inutilidade de tudo isso para a sua verdadeira felicidade se lhe torna evidente.

A pessoa com depressão não está se sentindo só, está se sentindo dentro de uma masmorra sem nenhuma janela ou porta para o mundo exterior e nesta masmorra estão todos os seus entulhos ou sei lá o que, e ela não tem a chave para abri-la e nem mais as forças para continuar lutando e cai prostrado e impotente.

Isto é a depressão, o estar dentro de uma masmorra sem nenhuma janela nem portas, o total isolamento, sem nenhuma luz ou esperança e vai ter que partir do zero novamente. E o ressurgir desta esperança é conquistada em luta íntima árdua.

O que ajuda muito é aprender a relaxar e não deixar o cérebro dominar, pois nele só pensamentos negativos surgem e ele fica lutando íntimamante como se estivesse numa guerra contra algo imaginário, feito um Dom Quixote, lutando contra moinhos de vento criados dentro de si. Aprender a relaxar é importante.

"Não é a pescaria que deixa os pescadores se sentindo bem. O que relaxa é o ficar focado na boia e com isto a mente é dominada e os pensamentos indesejados perdem o espaço."

Inimigos criados na infância? Não, criados em outras vidas. Os poucos anos vividos até a adolescência não explicam tantos sofrimentos que muitos vivenciam.

Estes medos têm suas origens no que fizemos em outras vidas, quando possivelmente tivemos algum poder e o usamos mal e todos somos ligados às coisas erradas (ou certas) que fizemos no passado, contra alguém ou a uma coletividade e que agora nos assombram.

“Pois suas obras os seguirão”, pois nossas obras nos acompanharão, e haverão os períodos (ou as vidas) onde seremos vulneráveis e dai vem o medo inconsciente e sem explicação que muitos sentem e que precisam serem resgatados pela nossa mudança interior e novas atitudes.

E com a ajuda de tratamentos também, mas os remédios ainda são para toda a vida, pelo menos, por enquanto, o são para os bipolares.

‘Eis o que vos falta! Reconhecer a vontade de Deus, que repousa na Criação e nela se efetiva continua e automaticamente. Exatamente a esse respeito, porém, nunca vos ocupastes até agora de modo certo’. Abdruschin em Na Luz da Verdade – Servos de Deus - www.graal.org.br

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Poeta

Crónicas :  A PAZ INTERIOR É FRUTO DO QUE PENSAMOS E SENTIMOS
A PAZ INTERIOR É FRUTO DO QUE PENSAMOS E SENTIMOS

Quando eu era adolescente gostava muito da soul music, como as de All Green e das baladas românticas como as de Ray Charles, Abba, Steve Wonder ou Bee Gees.

Foi uma boa época, todos finais de semana sempre tinha algum lugar com alguma festinha para irmos até que alguma coisa começou a acontecer e aquelas festinhas começaram a perder um pouco a graça. A reunião dos amigos parece que já não satisfazia a todos os gostos, começou parecer que começava a faltar alguma coisa

O nosso mundo começou a se ampliar ou a se desmoronar o de até então.

É um tempo muito curto, dos 13 aos 17, mas muito efervescente e determinante para o resto da vida e logo em seguida já sentimos o peso do mundo nas nossas costas e no meio deste período aconteceu o fato que me levou a escrever esta crônica.

Eu frequentava uma casa onde moravam três mulheres na faixa dos 20/25 anos e eu entre 15\16, e já era mais ouvinte de rock e uma delas se tornou o meu primeiro relacionamento e o meu primeiro “caldo”, como dizem os surfistas quando as ondas nos derrubam e nos levam ao fundo, e foi lá que passou a ser o meu “point” e onde os meus outros amigos já não tinham mais acesso.

E foi para curtir sons nesta casa que pedi emprestado para uma amiga, muito “maluca”, alguns sons “pesados”.

Apesar desta amiga ser uma aluna “primeira da classe” (se formou em medicina), rica e bonita, tinha uma vida dupla e namorava o maior “maluco” da cidade e que só eu sabia. Ele vivia me dando “presenças”, mas eu passava para frente, aquilo me tirava o chão e me deixava paranoico, não gostava.

Bom, esta amiga me emprestou um “LP” do Black Sabath, cujo significado do nome só fui saber muito mais tarde e da fama de adoradores de satã, embora eles sempre tenham refutado isso. O nome foi dado mais na gozação, mas a fama ficou.

Isto passou e hoje, como farejador de livrarias dei de cara com o CD correspondente ao LP daquela época e comprei-os, além do livro autobiográficado e segundo eles o nome da banda surgiu meio que aproveitando filmes de horror que estavam na moda naquela época, ainda sobre muita influência da Igreja, como o “O exorcista”, muito tempo proibido por aqui.

Na Mensagem do Graal, escrita pelo sábio alemão Abdruschin, ele nos diz que somos responsáveis por todos os nossos atos, e até aí não haveria nenhuma novidade, mas que também somos responsáveis também pelo que ouvimos e pelo que vemos.

Isto me levou a pensar sobre o assunto.

Como é que podemos ser responsáveis pelo que vemos? Mas o sentido não é propriamente no que vemos, mas na forma de como vemos as coisas e, principalmente, no sentimento que acompanha a nossa visão do objeto visto ou das palavras ou músicas que escutamos.

E ai a relação homem\mulher é um grande exemplo, pois dois homens, na grande maioria, não conseguem ficar batendo papo sem que a conversa seja interrompida quando passa uma mulher qualquer ostentando os seus atrativos físicos.

O homem das nossas bandas ainda é um babão, coisa que na Europa este olhar já é assédio consumado e só enche de moral as daqui.

Olhou e a forma como olhou criou formas no mundo fino invisível que o rodeia e também ao da mulher para onde foram direcionados e isto gera conseqüências.

Para quem não conhece o poder que possui a junção de milhares de pensamentos não consegue entender como alguém como o ex do FMI pode se expor à situação a que se expôs com a camareira do hotel.

Os pensamentos podem começar com uma brincadeira e crescendo na somatória com outros nutridores daqueles pensamentos, cedo ou tarde vão influenciar algum incauto e este não se contendo acaba efetuando um ato tão impensável para ele, ou alguém vir a trair a mulher e a família que ama com aventuras extraconjugais, colocando esta felicidade em risco, ou melhor, acabando com esta felicidade.

O problema é que qualquer um que fique alimentando estes pensamentos nutridores cedo ou tarde acaba influenciado, junto com os outros milhões de pensadores iguais, a um determinado acontecimento na matéria como tem acontecido muito na Índia ou recentemente com turistas estupradas nas vans do rio de Janeiro.

Eles são penalizados, mas no mundo fino tiveram muita ajuda de outros que alimentam os mesmos desejos, mas que não tem coragem de explicitar na prática e por isto o comentário do filosofo alemão de que somos responsáveis também pelo que vemos e escutamos.

Sim, pela forma como vemos as coisas, pois muitas vezes, sem nem imaginarmos, estamos sendo co-responsáveis por crimes que podem estar acontecendo lá do outro lado do mundo.

Eu sou casado, mas casei já depois de muitas vivências e já coroa, e como sempre fui muito observador, vi muitos casamentos se desfazerem porque os maridos começaram “alimentando” desejos por mulheres fora do casamento e aos poucos passaram do pensar e dos comentários feitos, para a materialização dos fatos, e ai como diz o provérbio “onde passa boi passa boiada”. O cara não para mais e o casamento acaba se esvaindo mesmo.

Somos responsáveis também pelo que ouvimos:

Quando caminhando com algum amigo assim e aceitamos ouvir comentários desses sobre alguma mulher que passa por nós e somos coniventes ou complacentes com os comentários ou damos alguma risada juntos, só para acompanhar, estamos sendo responsáveis, pois com as palavras e a aceitação delas estamos criando algo.

Tenho amigos com filhas adolescentes que ficam “babando” por meninas da mesma idade que as filhas deles e não se dão conta do quanto estão sendo desrespeitosos com as suas próprias filhas.

Estão alimentando algo que pode atingir as suas filhas, pois o homem e a mulher atual são totalmente ignorantes sobre a vida espiritual ou mental que acontece à sua volta.

Muitos pais e mães de família são co-responsáveis por muitos crimes sexuais que acontecem em algum canto do mundo.

Mas o que tem o Black Sabath, lá do inicio desta crônica, com tudo isso que estou falando?

Tem que eu andei muito agressivo naquele período que os estava escutando novamente e não me dava conta do que era, estava dirigindo de forma mais impaciente também.

Somos responsáveis pelo que ouvimos inclusive as músicas e aquelas que eu gostava e estava ouvindo novamente, estavam me causando mal e me dei conta disso.

E nesta analogia o que podemos esperar da nossa juventude que curte raps, e funcks?

Um dos ícones do estilo disse recentemente que não há rap sem ódio.

O que podemos esperar então do que estas audições podem causar e estão causando nos seus ouvintes? Coisa boa não é, e depois ficamos chocados quando vemos adolescentes fazendo atrocidades, pondo fogos em indigentes, ou entre eles mesmos.

Conhecendo-se as leis que regem os mundos dos pensamentos e dos sentimentos, as leis espirituais que formam as sementeiras que nos aguardarão, não tem como se esperar amor e compreensão de onde estas qualidades não foram alimentadas.

A paz se inicia no nosso intimo e é conseguida, como nos ensina o sábio alemão já citado, com aquilo que vemos, escutamos, pensamos, sentimos e realizamos.

E o conselho que ele nos dá é:

“Conservai puro o foco da vontade e de vossos pensamentos, com isso estabelecereis a paz e sereis felizes!” Abdruschin em Na Luz da Verdade – No reino dos demônios e dos fantasmas – www.graal.org.br

E quem sabe assim não vivenciaremos as sabias palavras da também escritora Roselis von Sass:

"Não é o lugar em que nos encontramos nem as exterioridades que tornam as pessoas felizes; a felicidade provém do íntimo, daquilo que o ser humano sente dentro de si mesmo”.

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Poemas :  UM AMOR QUE SE FINDOU
UM AMOR QUE SE FINDOU

ACABOU DE EMUDECER
UM SENTIMENTO TERMINAL
FOI UM AMOR QUE SECOU
FEITO GRAVETO NO QUINTAL

SERÁ QUE FOI UM...

ARDENTE AMOR DE PRIMAVERA
LINDO JUVENIL ADOLESCENTE
QUE NÃO RESISTIU AO TEMPO
MAS SERVIU DE EXPERIÊNCIA?

SERÁ QUE FOI UM...

ACALORADO AMOR DE VERÃO
COM SORRISOS E ALEGRIA
MAS QUE NÃO SUPORTOU
AS DUREZAS DO DIA A DIA?

SERÁ QUE FOI UM...

INDEFINIDO AMOR DE OUTONO
CHEIO DE ESPERANÇAS NO AR
MAS QUE FORAM MURCHANDO
FEITO FLORES EM UM ALTAR?

SERÁ QUE FOI UM...

INTENSO AMOR DE INVERNO
AQUECIDO COM FOGÃO A LENHA
MAS EM UMA MANHÃ SEM FORÇA
EM CINZAS FRIAS SE DIZIMOU?

O QUE SERÁ QUE O APAGOU?

"A felicidade provém do íntimo, daquilo que o ser humano sente dentro de si mesmo” Roselis von Sass" – www.graal.org.br

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Crónicas :  BIPOLARIDADE "PRETO NO BRANCO"
BIPOLARIDADE: "PRETO NO BRANCO"

A vida nunca tinha sido fácil, mas ele não era mais de se encolher. Se a vida estava assim ele levantava para seis e não esmorecia como até então. A depressão era a companhia onipresente, mas nada de ficar mais prostrado, pois conheceu pouco da vida sem ela, no inicio da caminhada, mas este "pouco" passou a ser o seu "Norte" a ser novamente encontrado.

Por isto já é feliz quem tem algum parâmetro.

O imobilismo causado pelo pânico foi até uma determinada tempo onde ele viu, que se não mudasse, corria o risco de ir morar na rua com a morte dos seus pais que não estavam bem. Seus irmãos não eram as melhores companhias, e isto o fez ir atrás das mudanças, precisava desenvolver meios de sair daquele imobilismo antes que fosse tarde, tarde, tarde demais.

E para quem fica anos apartado de qualquer convívio social, encolhido na depressão, voltar a interagir não era mais tão fácil, então foram anos e mais anos reaprendendo, errando, procurando novo acerto, mas depois de tantos caminhos percorridos, ele foi galgando passo a passo o caminho da sua independência, tanto da depressão como da financeira, começando pela rapa da sociedade, a morada de todos os vícios, onde todos são aceitos.

Não sentia mais emoção a não ser o pânico que ocupava todo o espaço e quando a afetividade por alguém pintava ele entrava em surto, vinha o pânico e ele mudava de lugares.

E neste processo de se socializar o beber era um meio de inclusão. Onde estão os vícios da sociedade é onde menos se cobra para a entrada de um novo membro. “Na noite todos os gatos são pardos”.

Pela falta de traquejo muitas vezes ele tinha que pensar como uma pessoa normal agiria em determinada circunstância, pois não tinha ideia, não tinha tido a vivência, então agia pelo que imaginava ser o mais certo.

Muitas vezes blefava quando em situações difíceis, mas viu que a atitude valia muito no meio, e assim foi galgando os degraus para fora da escuridão, do poço lúgubre anímico. Muitos riam daquele cara silencioso, sem nenhum traquejo no inicio, mas ele tinha um objetivo e não deixava mais se abater, não deixava mais a "peteca cair".

Se tornou bom de conversa e era muito forte para a bebida, ela nunca o derrubava, mas era como um ator representando uma vida que não era a sua, pois ele também “não sabia qual era a sua".

Caminhos foram se abrindo e na noite começou a aprender a se relacionar e a se equilibrar no fio da navalha onde vivia a sua alma.

Estava como a subir pelas paredes de um poço profundo, escuro e gélido e sem corda para se segurar, e volta e meia caia novamente, mas do medo também nascia a coragem e a perseverança de vencer, pois sabia que a vida, merecida de ser vivida, só existia fora daquele imobilismo anímico.

E ai foi conquistando tudo que materialmente podia conseguir, como bons carros, bons apartamentos, frequentar bons restaurantes e muito tempo livre. Virou um bom papo. Entrou no período da euforia que camuflou a depressão por muitos anos. Estava escondida, mas não curada.

Atingiu o topo do foço, mas ali havia uma tampa que não permitia mais evolução; só os bens materiais já não faziam mais diferença. Agora tinha que evoluir emocionalmente e ai o bicho voltou a pegar e a toalha caiu novamente.

Tantos bens e de volta ao poço. Voltou ao fundo novamente e não sabia que caminho tomar, não tinha nenhuma pista, nem nenhum coelho na manga para esta nova circunstância.

O período de bebida já estava no limite, pois bebida e depressão não combinam, e chegou o dia em que estava em um ambiente de boemia e viu uma mulher de meia idade se aproximar, uma senhora negra, e ela começou a conversar, mas esta conversa não era com ele, mas sim com alguém que estava usando o espaço dele e ele não estava mais nele, mas do lado observando. Estava assistindo a conversa e olhando ali do lado estupefato e vendo que já não era ele que estava guiando o seu corpo.

Ele se viu como mero espectador do que acontecia e a mulher nem olhava para ele; ele não tinha a menor importância para eles. Era como se a mulher estivesse dando uma bronca naquele terceiro, e ela falava com autoridade, e o outro só escutava, a respeitava. Este ele não conseguia visualizar, mas sabia que estava ali devido a conversa da mulher.

E foi ai que caiu a ficha do que estava acontecendo nos últimos tempos, pois já há dias acordava e não se lembrava de como tinha chegado em casa. A primeira coisa que fazia era perguntar ao porteiro se o seu carro estava na vaga.

Começou a ter o que é chamado de amnésia alcoólica e ele se tocou que a falta de lembrança que estava tendo não era uma amnésia pura e simples, mas sim algo que está acima da explicação da medicina, mas ele sabia do que se tratava, estava tendo possessões quando bebia, pois a irradiação do seu sangue mudava devido ao álcool acumulado e facilitava este acontecimento. Isto ele tinha lido na obra “Na Luz da Verdade” dissertação “ Possesso” – do sábio alemão Abdruschin e se lembrou.

Era mais que hora de sair daquele ambiente e daqueles hábitos que tinha mantido nos últimos dez anos, durante o período de "euforia", mas antes disso ainda encontrou aquela mulher no mesmo lugar de antes e queria conversar com ela sobre o assunto, mas ela claramente não queria papo com ele e fugia dele.

Nada é por acaso e aquela vivência, tido naquela noite, o levou para mais um estágio da sua vida, para mais um avanço necessário que tinha que ter na eterna busca do caminho para sair do labirinto confuso que trouxe para esta vida.

Caiu pesado novamente na depressão, mas desta vez teve outros tipos de ajuda, além da profissional.

A vida nunca te deixa sem uma nova opção quando a anterior já se deu por vencida, quando você é perseverante, e tem um 'Norte" a ser atingido.

Como alguém tinha dito para ele um dia: "Todos os caminhos são válidos".

Ele conhecia os dois polos da bipolaridade, estava na hora de conhecer o centro, mas nesta já tinha passado dois terços da sua vida.

"Não é o lugar em que nos encontramos nem as exterioridades que tornam as pessoas felizes; a felicidade provém do íntimo, daquilo que o ser humano sente dentro de si mesmo' Roselis von Sass – www.graal.org.br

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