Poemas :  Amiga morte
Não sei como é que a morte
irá me levar...
Se eu tiver sorte,
ela me levará dormindo.
Então morrerei sorrindo...
Sonhando que estou partindo,
quando na verdade já parti.

Se eu tiver sorte também,
ela me levará quando eu estiver
escutando musica.
Aí morrerei sentado.
Quando todos pensarem
que estou dormindo,
já passei para o outro lado...

Amiga Morte,
quero morrer forte!
Não quero morrer definhando
ou então lutando
para continuar aqui.

Eu quero, de uma vez, partir.
Depois eu volto
pra dizer que eu morri.

A.J. Cardiais
01.01.2010
Poeta

Poemas :  A força da mulher
Se não fosse a mulher,
a vida não teria sentido...
A mulher é a vida
e também a morte.

O homem que tem sorte,
encontra a mulher certa.

A mulher é a luz
e também a escuridão.
Pode levantar um homem
ou joga-lo no chão.

A.J. Cardiais
23.05.2012
Poeta

Sonetos :  Soneto mortal
Não procuro a morte
e nem corro dela...
Desfilo nesta passarela
apostando na sorte.

Viver é sempre estar
de bem com a sorte.
Independe de ser forte,
para a morte não visitar.

Você precisa lembrar
que ELA não faz diferença:
não olha crença,

nem posição social.
A morte é imparcial:
chegou o fim, é final.

A.J. Cardiais
Poeta

Cuentos :  Doação dos olhos
Resolvi! Vou doar meus olhos. Afinal, depois de muito pensar, cheguei à conclusão de que seria o melhor para eles.
O que eles vão fazer quando eu morrer? Se eu não os doar, eles irão comigo e apodrecerão também, não é mesmo? Não, não quero este triste fim para os órgãos que me fizeram ver maravilhas. Ainda mais os meus... Não estou querendo "puxar o saco", mas eles são ótimos. Enxergam bem à qualquer distância. Também pudera, eu os exercito bastante! Estão sempre em forma, apesar das pancadas e dos ciscos que os visitam de vez em quando.

É, vou doar os meus olhos... Será o melhor para eles. Não quero, quando morrer, que lá em cima (ou lá embaixo?), ao encontrar-me com alguém que foi cego, ficar arrependido quando ele começar a se queixar de que, por falta de humanidade, nunca conseguiu ver a terra, o mar, as plantas, as pessoas, os animais... Não sabe como é o azul do céu e do mar, que tanto ouviu falar; Não sabe como é a beleza das flores, das mulheres, das crianças... Que por falta de visão passou por esta vida, sentiu tudo, mas não viu nada; Não pode amar uma mulher (no caso, se eu estiver conversando com algum homem) pela atração física e sim por outros porquês que a falta de visão procura "compensar"... Mas, nunca é a mesma coisa.

Enfim, não quero ouvir o "lenga-lenga” de nenhum cego, e ficar com remorsos. Porque, se algum deles vier falar comigo, eu direi: Meu amigo, eu doei os meus olhos... Agora, não tenho culpa se eles não os deram a você, certo?

E também posso receber algum agradecimento de alguém que foi beneficiado com os meus olhos. E daí passaremos a conversar sobre o assunto:
-- Como é, você gostou dos meus olhos?
-- Gostei sim, rapaz. Eles eram ótimos! E olhe que eu fiquei dez anos com eles, e nunca precisei ir ao oftalmologista... E você, foi alguma vez?
-- Eu fui uma vez só. É que eles estavam "minando", sabe como é, né?
-- Eu sei... Eles ainda estavam com esse problema. Mas isto não era nada. Foi por você força-los muito...
-- Ora, mas afinal, eu tinha que testa-los, não tinha?
-- Tinha, mas foi demais.
-- É, eu devo ter exagerado mesmo... Sim, e como foi você, o que fez com eles?
-- Fiz a mesma coisa que você: Doei-os novamente. Não queria vê-los estragando debaixo da terra...

A.J. Cardiais
1981
Poeta

Poemas sociales :  A natureza chora
A natureza chora
Eu vi um rio morto...
Já tinha virado esgoto.
E as pessoas, nem aí...

As pessoas estão achando
tudo normal.
Se um rio morrer,
não faz mal...
Elas que não podem morrer.

Deixe o esgoto
seguir seu curso...
Deixe poeta
com o seu discurso...

Deixe a Natureza chorar
mais um luto.

A.J. Cardiais
imagem: google
Poeta

Poemas :  Todos nós que já se foram - segunda parte
Todos nós que já se foram - segunda parte
Faz tempo que vi alguns amigos
foram para outra historia
Tem gente nova caminhando com a gente

Para o homem que varre a areia contra o vento

Vem gente nova querer mudar

Agenda de Atividades
20:00 as 2:00 - Inverno
2:00 as 8:00 - Primavera
8:00 as 14:00 - Verão
14:00 as 20:00 - Outono
Todas as estações passam em um único dia

Você já viu gente aparecer na sua frente?
Nos teus braços alguém apaga,
vai ficando transparente
e não rola uma única lágrima

No horizonte as pessoas já se foram
estão nos seus devidos ninhos
alimentado sua prole.
Poeta