|
Gostaria de ter um amor, livre como as nuvens...
Enquanto amar: ser lento e maravilhoso... Assim na terra, como no céu.
E quando “desamar”: ser simples ao se dissipar.
Sem vestígios, sem sombras e sem... Nuvens.
A.J. Cardiais imagem: google
|
Poeta
|
|
Ahinsa!
Desde as eras primitivas a Terra se nutre do fluido cósmico que abre-lhe entranhas, percorre-lhe inteira. Na etérea poeira de luz das estrelas o fluido lhe vem. Inunda-a de vida esse mágico bem. O sangue dos seres que surgem e passam Gaia o transfunde noutros que, em ciclo ascendente, sustém.
O espírito de Gaia canta na Natureza a música do Infinito. Em culto à beleza, exalta essa Fonte da Vida que a anima. e que ela sublima ao multiplicá-la no espaço irrestrito. Mas traz no seu canto uma ária bem triste. Sofre os excessos dos filhos ingratos. Está no limite. Dá mostras de seus sucessivos maus tratos. Lamentavelmente, comovem a poucos, por certo, aos melhores os duros apelos que emite.
Gaia está farta de sangue, farta dos homens, talvez, porque não cessa a ganância, porque não cessa a violência , esses cancros resultantes da insensatez.
Ciclônico éolo a bramir, convulsiona o oceano, rebenta do solo, feroz. Sofrem-lhe muitos a fúria. Ouvem-lhe muitos a voz.
Há os que riem e bebem e comem, com as mãos manchadas de sangue. Sabem que a Terra prescinde do homem. Nenhuma voz os confrange.
(Da coletânea “ESTADO DE ESPÍRITO”)
..............................................
AHINSA! (En Esperanto)
Serĝjo de Sersank
De la primitivaj tempoj - kia profunda mister’! - el kosma emanaĵo, kiu plene ĉirkaŭas kaj ĝin trapenetras, nutriĝas la Ter’.
Simile al l’etera pulvo, devenas tiu ĉi fluido el la senfina stelar’ kaj ĝi alportas la vivon - miraklo ja sen kompar’. La sango de ĉiu estaĵo, tuj naskita jam pasanta, transfuzas Gaja en aliaj, tio ĉi en ciklo kreskanta.
Tial, la animo de Gaja aŭdigas en la Naturo la muzikon de l’ Senlim’. Tiele, ŝi laŭdas la dian belecon de l’ Vivofonto kiu vigligas ŝin kaj kiu sublimigas ŝî per disdonad’ en ritmo intensa, eble sen fin’. Tamen, la kanto de Gaia nune fariĝas ia tristega ario. Pro tio ke agresojn de nedankaj filoj jam multe suferas, nun ŝi kantadas en frua agonio. Ve, bedaŭrinde, nur kelkajn homojn la plibonajn, certe, kortuŝas la petoj, kiujn, averte, elĵetadas ŝi. Jam Gaja satiĝis je sango. Eble je la homoj ankaŭ satiĝas, ĉar ne ĉesiĝas la homa perforto, eĉ la homa ambici’ ne ĉesiĝas. Ho, furnaj ŝankroj de l’ homa nesci’!
Ciklona Eolo, blekante feroca, diskrevas el la subgrundo, agitas la maron, subite. Multaj suferas sian furozecon, multaj aŭdiĝas sian voĉon, aflikte.
Ja multaj malgraŭe ridegas kaj drinkas kaj manĝas, je sango malpurajn havante la manojn . Tiuj sciadas: la Ter’ sin aranĝas: neniel bezonas la homojn. Tamen, nenia voĉ’ ilin tuŝas. Nenia far’ ilin ŝanĝas.
(El la poemaro “SPIRITOSTATO”)
|
Poeta
|
|
No princípio, apenas Deus, nada mais, mais nada havia. Na eternidade do espaço o tempo não transcorria. De nada valia o espaço. De nada o tempo valia.
Deus – o Supremo Senhor do tempo - todo esse espaço desde sempre percorria. Sonhava um novo universo que outro antes deste, por certo, pleno de luzes teria.
A vida – esse dom sublime – por Ele e n’Ele vibrava, dava ao Nada algum sentido. Fazia lembrar um quadro distante das mãos do artista e ainda descolorido.
Pois que a noite dominava, até que o bom Deus com arte, amor e sabedoria, fez eclodir de entre as trevas esplêndido sol, gigante, ao qual chamou “Luz do dia”.
Surgiu, assim, a matéria, como a lava incandescente no interior de um vulcão. Estrondo intenso deu corda ao tempo – o relógio eterno. E o espaço ocupou-se, então.
Novas estrelas e mundos e, dentre eles, o nosso recebem a luz da vida. Pródiga, a natureza faz da Terra a jóia ímpar que Deus, o Ourives, lapida.
E sem que saibamos como, nem para que, nem por que chegamos e d’onde viemos, ao escrever nossa história, outros pequeninos deuses orgulhosos nos fizemos.
O belo planeta azul é o lar-escola que herdamos. Malgrado sofra os reveses do homem dominador, devemos confiar, crianças, que nos governa o Senhor.
(Da coletânea de Sergio de Sersank)
Visite o blog "Estado de Espírito": http://sersank.blogspot.com
Ler mais: http://www.luso-poemas.net/modules/ne ... ryid=225212#ixzz1ydfClR2i Under Creative Commons License: Attribution Non-Commercial No Derivatives
|
Poeta
|
|
Uma plantinha, coitadinha, nasceu numa lata de sardinha.
Não tinha muito espaço para a pobrezinha se desenvolver.
Estava miudinha... Muito mirradinha. Não tinha como crescer.
A planta, para crescer, precisa de terra. É da terra que ela tira o que comer.
Ela tira seu alimento da terra, e nós nos alimentamos dela.
Coitadinha...
A.J. Cardiais Imagem: Google
|
Poeta
|
|
No silêncio, este grilo... Olho para o céu: “Mundo mundo vasto mundo” As estrela me chegam com um atraso de milhões de anos luz. E eu toco a esperá-las...
O que é que há entre o céu e a terra? Hamlet sabe. Eu, penso.
Os meus olhos combinam com o meu pensamento. Então, alimento a minha mente com o meu olhar.
Tenho pressa, aperto os passos... Voam movimentos e as distâncias se diluem.
Mas, tudo é isto: Drummond, que Bandeira! Os grilos me tocam uma canção de ninar.
A.J Cardiais 23.10.1989
|
Poeta
|
|
Gostaria de ter um amor livre como as nuvens. Enquanto amar: ser lento e maravilhoso, assim na terra, como no céu.
Quando “desamar”: ser simples ao se dissipar. Sem vestígios, sem sombras e sem... Nuvens.
A.J. Cardiais imagem: google
|
Poeta
|
|