Poemas sociales :  O GRITO DA TERRA
O GRITO DA TERRA
Ahinsa!

Desde as eras primitivas
a Terra se nutre
do fluido cósmico
que abre-lhe entranhas,
percorre-lhe inteira.
Na etérea poeira
de luz das estrelas
o fluido lhe vem.
Inunda-a de vida
esse mágico bem.
O sangue dos seres
que surgem e passam
Gaia o transfunde
noutros que, em ciclo
ascendente, sustém.

O espírito de Gaia
canta na Natureza
a música do Infinito.
Em culto à beleza,
exalta essa Fonte
da Vida que a anima.
e que ela sublima
ao multiplicá-la
no espaço irrestrito.

Mas traz no seu canto
uma ária bem triste.
Sofre os excessos
dos filhos ingratos.
Está no limite.
Dá mostras de seus
sucessivos maus tratos.
Lamentavelmente,
comovem a poucos,
por certo, aos melhores
os duros apelos que emite.

Gaia está farta de sangue,
farta dos homens, talvez,
porque não cessa a ganância,
porque não cessa a violência ,
esses cancros resultantes
da insensatez.

Ciclônico éolo a bramir,
convulsiona o oceano,
rebenta do solo, feroz.
Sofrem-lhe muitos a fúria.
Ouvem-lhe muitos a voz.

Há os que riem e bebem e comem,
com as mãos manchadas de sangue.
Sabem que a Terra prescinde do homem.
Nenhuma voz os confrange.

(Da coletânea “ESTADO DE ESPÍRITO”)

..............................................

AHINSA! (En Esperanto)

Serĝjo de Sersank

De la primitivaj tempoj -
kia profunda mister’! -
el kosma emanaĵo,
kiu plene ĉirkaŭas
kaj ĝin trapenetras,
nutriĝas la Ter’.

Simile al l’etera pulvo,
devenas tiu ĉi fluido
el la senfina stelar’
kaj ĝi alportas la vivon -
miraklo ja sen kompar’.

La sango de ĉiu estaĵo,
tuj naskita jam pasanta,
transfuzas Gaja en aliaj,
tio ĉi en ciklo kreskanta.

Tial, la animo de Gaja
aŭdigas en la Naturo
la muzikon de l’ Senlim’.
Tiele, ŝi laŭdas la dian belecon
de l’ Vivofonto kiu vigligas ŝin
kaj kiu sublimigas ŝî per disdonad’
en ritmo intensa,
eble sen fin’.

Tamen, la kanto de Gaia
nune fariĝas ia tristega ario.
Pro tio ke agresojn de nedankaj filoj
jam multe suferas,
nun ŝi kantadas en frua agonio.

Ve, bedaŭrinde, nur kelkajn homojn
la plibonajn, certe, kortuŝas la petoj,
kiujn, averte, elĵetadas ŝi.

Jam Gaja satiĝis je sango.
Eble je la homoj ankaŭ satiĝas,
ĉar ne ĉesiĝas la homa perforto,
eĉ la homa ambici’ ne ĉesiĝas.
Ho, furnaj ŝankroj de l’ homa nesci’!

Ciklona Eolo, blekante feroca,
diskrevas el la subgrundo,
agitas la maron, subite.
Multaj suferas sian furozecon,
multaj aŭdiĝas sian voĉon, aflikte.

Ja multaj malgraŭe
ridegas kaj drinkas kaj manĝas,
je sango malpurajn havante la manojn .
Tiuj sciadas: la Ter’ sin aranĝas:
neniel bezonas la homojn.
Tamen, nenia voĉ’ ilin tuŝas.
Nenia far’ ilin ŝanĝas.


(El la poemaro “SPIRITOSTATO”)
Poeta

Poemas :  DE AVÔ PARA OS NETINHOS
DE AVÔ PARA OS NETINHOS
No princípio, apenas Deus,
nada mais, mais nada havia.
Na eternidade do espaço
o tempo não transcorria.
De nada valia o espaço.
De nada o tempo valia.

Deus – o Supremo Senhor
do tempo - todo esse espaço
desde sempre percorria.
Sonhava um novo universo
que outro antes deste, por certo,
pleno de luzes teria.

A vida – esse dom sublime –
por Ele e n’Ele vibrava,
dava ao Nada algum sentido.
Fazia lembrar um quadro
distante das mãos do artista
e ainda descolorido.

Pois que a noite dominava,
até que o bom Deus com arte,
amor e sabedoria,
fez eclodir de entre as trevas
esplêndido sol, gigante,
ao qual chamou “Luz do dia”.

Surgiu, assim, a matéria,
como a lava incandescente
no interior de um vulcão.
Estrondo intenso deu corda
ao tempo – o relógio eterno.
E o espaço ocupou-se, então.

Novas estrelas e mundos
e, dentre eles, o nosso
recebem a luz da vida.
Pródiga, a natureza
faz da Terra a jóia ímpar
que Deus, o Ourives, lapida.

E sem que saibamos como,
nem para que, nem por que
chegamos e d’onde viemos,
ao escrever nossa história,
outros pequeninos deuses
orgulhosos nos fizemos.

O belo planeta azul
é o lar-escola que herdamos.
Malgrado sofra os reveses
do homem dominador,
devemos confiar, crianças,
que nos governa o Senhor.


(Da coletânea de Sergio de Sersank)

Visite o blog "Estado de Espírito":
http://sersank.blogspot.com

Ler mais: http://www.luso-poemas.net/modules/ne ... ryid=225212#ixzz1ydfClR2i
Under Creative Commons License: Attribution Non-Commercial No Derivatives
Poeta

Poemas sociales :  LA VERBO (En Esperanto)
LA VERBO (En Esperanto)
Blua sfero,
grandioza kosma juvelo,
tre soleca Tero-Mar’,
ĉu vi rondiras cele al deklin’?
Voraz vermo vin penetras,
ellasas algidan febron,
kaj baldaŭ devoros vin.

Ĝi sin movas tra l’ homaj vejnoj.
Sur iliaj pacaj kampoj
ĝi kondukas ekstermon.
La verbo de la avareco
naskas ĉi voreman vermon.


Kiu do nin povos savi
de tiu speco da malsano,
jam de multe nin hantanta?
Ho, tia angoro de havi,
plu kaj plu kaj ĉiam havi -
fatala febro -
sole en la homo
manifestanta!...
Poeta

Poemas sociales :  EL VERBO
EL VERBO
Esfera Azul, joya inmensa,
solitaria Tierra-Mar,
¿hasta cuándo volverás?
Gusano voraz te penetra
y la fiebre que desencadena
está a punto de te devorar.

Fluye por las venas de los hombres,
mina a los campos de paz.
El verme de la avaricia
crea esse verbo voraz.

¿Quién puede salvarnos
de esse mal que nos infesta?
Ah, ansia de tener
y aindamáis tener –
fiebre funesta –
que sólo en el hombre
se manifiesta! ...


(Da coletânea "Estado de Espírito", de Sersank)

Visite o blog: "Estado de Espírito"
http://sersank.blogspot.com
Poeta

Poemas sociales :  O VERBO
O VERBO
Esfera azul, jóia imensa,
solitária Terra-Mar,
até quando irás girar?
Um verme voraz te permeia
e a febre que desencadeia
está por te devorar.

Circula nas veias do homem,
mina-lhe os campos da paz.
O verbo vil da avareza
cria esse verme voraz.

Quem poderá salvar-nos
desse mal que nos infesta?
Ah, ânsia de ter e mais ter -
febre funesta -
que apenas no homem
se manifesta!...




(Da coletânea "Estado de Espírito", de Sersank)
Poeta

Poemas sociales :  UM HOMEM MORRE DE FRIO
UM HOMEM MORRE DE FRIO
Nos braços de Morfeu queda a cidade.
Gélida avança a noite sob o vento
Que zune açoites, bravio.
Por leito e barricada andrajos tendo,
Num canto, ao pé de arranha-céu imenso,
Um homem morre de frio...

Agonizando, ali, talvez delire,
Vendo os pedestres últimos, em busca
Do leito morno, macio...
Talvez, sinta-se um deles, por momentos...
Um homem desses, livres das algemas
Do destino. Ah, desvario!...

Morre indigente. Já não mais lhe ocorrem
Reminiscências de melhores dias.
Não tem mais traços de brio.
Distantes sons de uma boate em festa
A custo põe-se a ouvir. Perdem-se, agora,
no seu imenso vazio...

Nem todos dormem. Ornam-se de luzes
Os altos edifícios. E eis, um carro
Pára junto ao meio-fio.
Traz de Mammon uns súditos restantes
Que, indiferentes, tiritando e rindo,
Vão-se com seu vozerio...

Ensaia erguer-se; embalde, embalde tenta...
Thanatos já, movendo as longas asas,
O envolve, terno e sombrio.
À volta, entre as paredes, que ironia:
Há tantos indivíduos que se abraçam
E tanto leito vazio!

Bem cedo hão de encontrar-lhe o corpo, inerte.
Hão de exprobrar-se, por negar-lhe auxílio,
num gesto inóquo, tardio...
Talvez, alma remida, ao sol do Além planando,
Não mais proscrita, logo exulte e louve
O Averno da crosta, frio...

“- Coitado!”... “- Oh, que infeliz!"... “- Quem era ele?"
“- Um ébrio, com certeza". “- Um andarilho."
“- Um réu, talvez, arredio"...
Descerrem seus portais, guardiões do Inferno!
Estendam o seu fogo ao mundo infrene!
Um homem morre de frio...

(Da coletânea "Estado de Espírito")

Leia mais no blog:
http://sersank.blogspot.com
Poeta

Poemas de reflexíon :  LAS NOCHES ACABAN EN DÍA
LAS NOCHES ACABAN EN DÍA


Ni estrellas, ni encuentros, ni sueños
en esa noche tan oscura.
Solo imagenes de otras noches
disipadas en la aventura.

Riñas de las calles sin salida.
Susurros. Clamores. Risas.
Túrbias y falsas miradas.
Y disimulados crímenes.

Pesado en los hombros
un gênio maldito
le gritó: - Vuelve!
Era inútil su grito.

Lejos de las luces de los burdeles,
diose cuenta de que era tarde.
Entonces volver, tonteria.
Al son de sus pasos de agotada fiera,
ladridos de perros evocaban la policía.

Informes, y ya sin voz,
con el viento se erguiram sus extintos afectos
de entre las sombras del olvido.
En el viento vagaron, dilapidados,
extractos de sus dramas
y pasiones sin sentido.

De ropa vieja, sombrio el semblante,
como avantesma del más allá forajida,
siguió sin volverse un único instante.

Así como un soterrado salido del túnel,
bañóse en el sol que muy rojo ya venia.
Nuevo rumbo en el rojo horizonte
aunque arduo seguiria.


(El libro “Estado de Espírito” de Sergio Sersank)
Poeta