Poemas :  Varando a madrugada
Varando a madrugada
Está clareando o dia...
Fiquei quase a noite toda
acordado.

De vez em quando a poesia
deitava-se ao meu lado,
e contava coisas picantes
para me deixar agitado.

A poesia não sacia
sua sede,
enquanto a minha rede
estiver esticada...

Quando ela me pega de jeito,
nós varamos a madrugada.

A.J. Cardiais
imagem: google
Poeta

Poemas :  Poesia impura
Não deixe a poesia pura.
Deixe um pouco de gordura
e algum resquício de loucura.

Faça com que ela não seja mole,
nem dura.
E que tenha jogo de cintura
para requebrar na palavra
mostrando sua formosura.

A.J. Cardiais
Poeta

Sonetos :  Justiça cega
Justiça cega
Ah, como eu gostaria
de escrever só o belo...
Porém o meu martelo
condena a hipocrisia.

Eu vejo a vida vazia
que o povo está levando,
acabo não suportando
e explodindo na poesia.

Amplio a velha fotografia
de três por quatro,
de dois por dois...

Enfeito mais retrato,
com sonho de feijão com arroz
e fome de encher o prato.

A.J. Cardiais
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Poeta

Sonetos :  Soneto do acaso - II
Soneto do acaso - II
Não faço na poesia
só um jogo de palavras.
Minha alma está enraizada
até nas estrofes vazias.

Eu respiro os momentos,
sufoco as agonias,
visto as fantasias
e bailo conforme os ventos.

A poesia é a vida
com seu vai e vem;
sua subida e descida,

Com toda sua loucura.
E, quando ela está sumida,
é o poeta quem a procura.

A.J. Cardiais
imagem: google
Poeta

Sonetos :  Soneto corrosivo
Soneto corrosivo
Antes,
o que eu dizia
ser minha poesia,
era tudo ilusão.

Antes,
a minha mão
de reger fantasia,
descrevia o passo da canção.

Hoje,
o meu soneto
é lento...

Escrevo
como o vento:
Corroendo os acervos.

A.J. Cardiais
imagem: google
Poeta

Poemas :  Oferenda
Oferenda
Que ninguém me entenda,
armo a minha tenda:
TUPY, OR NOT TUPY?
Sertanejo, vide bula!
Não me engula.

As minhas palavras
não matam a fome, a gula,
a sede de poesia
et hipocrisia;

Não mata nada,
a não ser
a minha eterna covardia
de ser tão pouco,
quando muito queria...

TUPY, OR NOT TUPY?
Que tal TAPUIA,
TAMOYO
OU GUARANY?

Retornemos singelamente
para os braços
de nossa gente...
Os "gringos"
não nos interessam mais.

A.J. Cardiais
31.05.1989
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Poeta

Poemas :  A poesia do "dotô" (doutor)
A poesia do "dotô"  (doutor)
Eu sou a poesia nua...
A poesia das ruas,
do tempo e do espaço.

A poesia do contágio
de quem vive
o mundo poético.

A poesia do cético,
que quer dissertar
o seu mundo como é.

A poesia do "dotô",
que mal sabe ler,
mas dá aula de filosofia.

A poesia que não atrapalha
e não traz no seu bojo
um monte de tralha.

A.J. Cardiais
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Poeta

Poemas :  A poesia da vida
A poesia da vida
Quem não faz poesia,
não sabe como é a alegria
de, ao acordar de manhã,
abrir a janela pra vida,
e ser agraciado com poesia...

A poesia está no olhar
de quem vê o dia com poesia.
A poesia está no verbo Amar
e em toda sua filosofia...

a poesia está no ar
está na vida
está no prazer...

A poesia não se esconde...
Vê quem tiver olhos
e coração para vê-la.

A.J. Cardiais
imagem: google
Poeta

Poemas :  Mal secreto
Mal secreto
Não quero nada secreto.
Se trago algo escondido,
é a questão do viver poesia.
Talvez seja uma mania.

Às vezes, nas entrelinhas,
eu escondo uns soluços
ou deixo palavras de bruços,
que é para ninguém ver.

Isso é para esconder
o meu ponto fraco...
E poucos vão entender
este meu traço.

Muitos pisarão nas rimas
com prazer,
e ainda vão dizer:
ah, isso eu faço!

A.J. Cardiais
imagem: google
Poeta

Poemas sociales :  Por um mundo de paz
Por um mundo de paz
Estou sempre procurando
defender a Natureza,
em minha poesia.
Não estou me importando
se ela está vazia:
de ética, de estética,
de poética, de "bostética"...

Estou alertando,
estou denunciando,
estou brigando,
para que no futuro
tenhamos um mundo melhor...
Um mundo sem dor.

Só estou pedindo,
para plantarmos amor,
em volta da Terra;
Para não vivermos mais
nesse clima de guerra;
Para fazermos um mundo
de paz.

A.J. Cardiais
imagem: google
Poeta