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Balé com o inimigo
A cena se passa em Leningrado, 1943.
Cena única
Uma sala com duas poltronas, uma janela com uma cortina rosa, uma estante, duas mesinhas com vasos de flores, quadros na parede, uma mesinha de centro com dois livros, e perto da janela um banco alto com um gramofone tocando um balé chamado O Pássaro de Fogo, de Stravinsky. Uma mulher loira, magra e alta, dança. Ela é uma bailarina e se chama Petrouchka. Ouvimos lá fora barulhos de bombas, tiros e canhões, mas ela continua dançando sem se importar com a guerra.
Petrouchka- Nem essa maldita guerra pode realmente me fazer parar de dançar( Dançando por toda a sala)- Essa maldita guerra só pode atingir pessoas estúídas e que não querem crescer como pessoas.
Sua dança se torna uma mistura de balé classico com contemporâneo. Mais barulhos de tiros.
Voz de soldado( off)- Precisamos defender essa casa! Mas há mais de trinta alemães e somos apenas cinco! É impossível! Eles realmente vão invadir esse prédio!
Petrouchka nada ouve e continua dançando. Ela consegue se desligar de toda a guerra, ela para um pouco de dançar, e senta-se numa poltrona e fecha os olhos.
Petrouchka- Essa poltrona me traz recordações incríveis. De minha avó, de meu pai a ler o jornal, de minha mãe a fazer tricô. Ah, como eu sinto falta deles. Desde que comecei a viajar com a companhia, eu quase nunca mais pude vê-los. E agora... Eles estão mortos.( Abre os olhos, levanta-se)- Vou voltar a dançar. Meus passos tem estado horríveis.
Volta a fazer passos de balé. Nesse momento a porta se abre com estrondo e vemos um soldado alemão entrar com tudo. Petrouchka para de dançar, se assusta, mas corre para uma mesinha com gaveta e abre. Ela pega uma arma, engatilha e aponta para o soldado que está se recompondo pois quase caiu entrando com tudo na casa.
Petrouchka- Quero que saia agora da minha casa, seu porco fascista! Eu não tenho medo de atirar! Saia daqui, seu besstydnyy!
O soldado olha para ela com fúria e puxa do coldre uma Luger e aponta para ela. Eles ficam com as armas apontadas um para o outro sem dizer nada.
Petrouchka- E então, seu maldito, quem realmente vai atirar primeiro? Acha que você com esse teu uniforme da SS e essa maldita cruz de Ferro criada pelo maldito imperador Frederico realmente vai atirar? Você estava fugindo da batalha, seu assassino covarde!
O soldado que se chama Wolf responde:
Wolf- Se continuar me xingando, vou te mostrar o que posso realmente fazer contigo. Abaixe a maldita arma!( Aponta para o coração dela).
Petrouchka ainda não obedece.
Petrouchka- Eu vou adorar matar um soldado que provavelmente matou minha família toda no ano passado!
Wolf- Nessa maldita guerra a gente mata ou morre! Você, abaize essa arma agora. Eu só quero ficar escondido enquanto esses malditos russos não me pegam e me fuzilam!
Petrouchka( começa a abaixar a arma, ainda com suspeita e raiva)- Seu idiota, havia ainda uns oito apartamentos e tinha que invadir o meu?
Wolf- Não irei responder essa pergunta tola.( Guarda a Luger). Que música é essa que estou ouvindo?
Petrouchska- O pássaro de fogo, de Stravinsky. Não é Wagner, nem Beethoven.
Wolf( torce o nariz)- É muito moderno para meu gosto.
Petrouchka- Claro, fascistas como você gostam apenas de obras que vocês consideram puras!
Wolf- E essa música é o que? Uma sinfonia?
Petrouchka- Um balé. Eu sou bailarina.
Wolf( surpreso)- Nossa, uma bailarina. Eu jamais iria me perdoar se matasse uma artista.
Petrouchka- Você já deve ter matado até santas ou velhas indefesas.
Wolf fica em silêncio aou vir isso. Fica constrangido com a resposta.
Petrouchka- Sabe, eu tenho estado entediada de ficar aqui, e claro, é perigoso, essa guerra toda. Vamos fazer um acordo, você parece ser um rapaz que tem um jeito para dançar. Nós dançamos um pouco, e você me tira daqui viva e me coloca em um lugar seguro. O que acha?
Wolf fica pensativo. Ele não acredita muito na promessa, mas de fato a mulher acertou ao dizer que ele gostava de dançar.
Wolf- Aceito, e tenho esse lugar e ninguém vai te incomodar.
Petrouchka- Aproxime-se então de mim.
Wolf vai até ela. Ela sorri discretamente para ele. Ela começa a a ensinar passos básicos que todos já viram para Wolf. Wolf no começo erra bastante.
Petrouchka( irritada)- Zadnitsa! É para a esquerda e não para a direita!
Wolf- Estou nervoso, e são muitos passos para decorar.
Eles continuam fazendo passos básicos de ballet e Wolf começa a acertar mais.
Petrouchka( não querendo demonstrar que está alegre pelo progresso dele)- Você realmente aprendeu.
Ouve-se mais e mais barulhos de tiros de metralhadora, de bombas e tanques começam a se aproximar.
Petrouchka- Bom, já fiz minha parte no acordo. A situação está começando a ficar ruim. Por favor, me tire daqui.
Wolf- Olhe, eu irei ajudá-la, mas ninguém pode saber disso. Você precisa ficar quieta, é minha vida que está em risco.
Petrouchka( revira os olhos incomodada)- Claro que não falarei. Eu vou te esquecer em menos de dois dias. Vamos logo, me tire daqui.
Petrouchka vai até a mesinha com o gramofone, desliga-o e vai para junto dele.
Wolf- Vamos! Eu tenho um esconderijo há seis quarteirões daqui. Lá não há batalha.
Wolf e Petrouchka saem apressados.
Wolf( voz off)- Entre no carro no banco de trás, e fique abaixada. Só levanta quando chegarmos.
Petrouchka( voz off)- Oh, eu poderia me passar por sua amiga, mas tudo bem, farei isso.
Um barulho de carro é ouvido partindo. No palco tudo fica escuro. Mais barulhos de tiros. O pano desce.
FIM
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Poeta
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Branca de Neve (1937)
O primeiro e indiscutível mais belo clássico da Disney foi o maior sucesso de todos os tempos na época em que foi lançado, e em todas as épocas. Branca de Neve, um conto dos irmãos alemães Grimm, do século XIX, sempre foi uma história que esteve na mente e imaginário das pessoas de todas as idades. A história conta a vida da princesa Branca de Neve, que é obrigada a se vestir de andrajos e realizar as tarefas no castelo para sua madrasta, a Rainha( que não possui nome no conto e nem no filme). Branca de neve é gentil, simpática, amorosa e sonhadora, e tem uma bela voz. Ela sonha em encontrar o príncipe encantado, e quando ela canta sozinha diante do poço, um príncipe realmente é cativado por sua voz. Eles fazem um belo dueto e se encantam um pelo outro, e a Rainha observa o casal cantando.
A Rainha decide matar Branca de Neve, mas ela usa o caçador para o ato cruel. O caçador leva Branca de Neve a uma floresta, e enquanto Branca de Neve está distraída com um passarinho, o caçador se aproxima com um punhal na mão, mas desiste diante do desespero da princesa e avisa que a Rainha quer matá-la, e que ela deve fugir.
Branca de Neve foge e perambula pela floresta, que começa a ganhar formas terríveis. Ela vaga por toda a floresta, e as árvores começam a ganhar vida e assustá-la. Só depois dela cair, ela percebe que estava apenas andando por uma floresta comum cheia de animais. Ela como ama os animais, começa a conversar com eles, que compreende tudo que ela fala. Ela pergunta aos animais onde pode passar a noite, e eles mostram a ela um chalé encantador. É o chalé dos sete anões.
Branca de Neve entra no chalé, vê se tem alguém, mas está vazio. Porém, o chalé está todo bagunçado, sujo, com teias de aranha, pratos e copos na pia, uma meia dentro de uma panela, etc. Ela decide pegar uma vassoura e limpá-lo e os animaos ajudam em todas as tarefas.
Depois desta cena, descobrimos que os anões possuem uma mina de diamantes e pedras preciosas, e que eles trabalham como mineradores. Eles cantam enquanto trabalham, e quando é cinco horas da tarde. Eles saem do trabalho e começam a cantar a famosa música do Eu vou, eu vou, pra casa agora eu vou.
Entretanto, quando eles chegam na casa, eles a encontram aberta e com as luzes acesas e um caldeirão de sopa no fogo. Todos acham que um monstro invadiu a casa, mas nenhum tem coragem de realmente vasculhar a casa, até que o mais novo( Dunga) é escolhido para ver quem está dormindo no quarto dos anões. Dunga vai até o quarto, mas se assusta, e acaba voltando. Depois todos descobrem que Branca de Neve está em suas camas, e ela conta que a rainha deseja matá-la. Os anões decidem deixá-la ficar em sua casa, e Branca de Neve cuida de cada um deles.
No castelo, a rainha desobre através do espelho mágico que ela consulta todos os dias, que Branca de Neve está viva, e que o coração que ela tem nas mãos é o coração de um animal dado pelo caçador. Ela fica furiosa, e decide preparar uma armadilha para derrotar Branca de Neve.
De trama surpreendente a cada cena, Branca de Neve é a estória que mais representa a imagem dos contos de fadas, seja ele adaptado ou não. A estória nunca envelhece e pode sempre ser vista como uma obra encantadora.
O conto é uma verdadeira inspiração popular, passada pelo filtro dos Irmãos Grimm que trouxeram ao mundo as melhores histórias que a imaginação, a criatividade e o espírito humano deixaram como o legado mais precioso de uma época e também para transcender qualquer época conhecida.
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Poeta
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Duas garotas russas sonhadoras
A cena se passa em Moscou, Rússia, no inverno de 1919.
Cena Única
Uma sala ampla com três sofás, dois armários, seis quadros na parede, um piano, e diante do sofá vemos umas duas pilhas de livros. Há uma janela com uma cortina de cor esmeralda, a janela está entreaberta. Em cima de um dos sofás vemos um rifle. Nos dois sofás há duas garotas deitadas, com as mãos na testa. Uma se chama Annuva, veste um vestido de cor preto, e um colar. Ela tem uma fita azul no cabelo. A outra se chama Aglaya, ela veste um vestido de cor vermelho cardeal. Ela tem um belo rosto, olhos verdes e cabelos ruivos. Ela fica fazendo círculos com o dedo no ar.
Aglaya- Nunca pensei que este dia fosse ser tão longo. Ele simplesmente não passa. Por que não pode passar mais depressa?
Annuva- Porque deve ser o pior de nossos dias. Claro, não há nada de fantástico e ilusório aqui neste dia. Oh, e não pensamos em cinquenta coisas estranhas hoje.
Aglaya( fazendo círculos no ar com o dedo)- E eu que não estive em sonho nenhum hoje. Oh, apenas nas páginas dos velhos autores.
Annuva- Espero que de noite possamos dar vazão a todos os nossos sonhos. Esse dia! Oh, ele poderia morrer já!
Aglaya- Sim, morrer... Morrer como o gato que imaginei um dia que vivia comigo em uma cesta linda, mas que não miava!
Annuva- Pobrezinho! Um gato que não mia!( Levanta-se, vai até o sofá em que há o rifle, pega nele, desliza o dedo nele todo)- Mas o caozinho que sonhei era bem atentado! Ele merecia uns belos tiros no traseiro( Vai até a janela, olha para fora)- Oh, lá vai Lalia novamente com essas malditas pastas! Ela não pára de espionar o governo russo!( Vai apontando o rifle para fora, depois desiste, e volta ao mesmo lugar, deita no sofá segurando o rifle).
Aglaya( fazendo quadrados com o dedo no ar)- Aposto que só há Zadnitsas e skuchnyy por toda parte. Ah, mas minha mente está muito parada. Onde estão aquelas imagens evanescentes que tanto adoro?
Annuva- Hoje minha mente está totalmente bloqueada, minha cara. É como se... ( Coloca o rifle no chão, se levanta, dá alguns passos pela sala).
Aglaya- Sei como se sente. Hoje é um dia que nossas imaginações estão realmente falidas.
Annuva( vai até a janela, fica olhando a rua com um olhar de nostalgia)- Talvez seja apenas minha melancolia, ou talvez uma lembrança de alguém que tanto amei.
Aglaya- Eu tenho apenas sonhos... Você se lembra de nossos sonhos, não?
Annuva( ainda olhando para fora da janela)- Claro, viveremos uma revolução em que vamos limpar a arte e a educação desse país, e também derrubar os corruptos e assassinos dessa máquina burocrática!
Aglaya( bate palmas)- Ainda bem que ainda te lembras...
Annuva( volta para junto do sofá)- O que fizeste com aquele pé de coelho que deixei em meu quarto?
Aglaya- Está junto do meu. Na verdade, eu acho que precisamos de mais quatro.
Annuva- Um apenas é o suficiente, doidinha.( Sorri)
Aglaya- Vou pegar o rifle e treinar alguns tiros.( Levanta-se do sofá, pega o rifle, se afasta da amiga e vai até um canto e começa a atirar na parede. Ela acerta dois vasos e um tiro vai na parede)- Nossa! Como melhorei minha mira!
Annuva bate palmas.
Annuva- Provavelmente sonhaste que estava melhorando sua mira, e eis agora que sua mira está melhor.
Aglaya( segurando o rifle, faz algumas gracinhas com ele. Carrega ele e dá mais dois tiros)- Pronto, meu treino está completo( Ela coloca o rifle perto de uma mesa).
Annuva- Gostaria de sair, mas está tão frio... Eu detesto o frio.
Aglaya- Já eu adoro, mas hoje está um tempo horrível. Acho que teremos que passar aqui mesmo em casa.
Annuva- Sim, a confabular como convenceremos a participar de nossa revolução.
Aglaya- Pela palavra escrita com certeza não será! Teremos que chamar nossos amigos revolucionários.
Annuva- Não te lembras que a maioria deles já estão presos?
Aglaya- Ainda há uns quatro ou cinco. Eles nos servem.
Annuva- Nada, o que sobrou são todos ruins. Precisamos realmente agir sozinhas ou então recrutar agentes.
Aglaya- Como se fosse fácil. Todos parecem adormecidos.( Deixa-se cair no sofá).
Annuva- Ag, eu acho que seria melhor sairmos um pouco. Preciso te mostrar uma fonte belíssima no norte da cidade. Ela pode realizar nossos sonhos.
Aglaya- Oh, excelente ideia! Eu estava começando a me tornar realista demais aqui.
As duas saem juntas. Ouve-se um barulho de pratos caindo em outro lugar. O pano desce.
FIM
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Poeta
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Hipocondria
A cena se passa em Portugal, Lisboa, em 1911.
Cena única
No centro do palco uma mesa cheia de remédios, duas cadeiras perto da mesa, um sofá afastado no canto direito, uma porta à esquerda. Um homem chamado Manuel Cerqueiros está sentado em uma cadeira. Ele passa a mão nos joelhos.
Manuel- Ah, essa maldita dor em meus joelhos, Com certeza é artrite, ou então reumatismo, ou mesmo osteopenia. E a cefaléia que não passa, provavelmente um aneurisma, uma trombose cerebral. Ah, Céus, e meus intestinos. Eles simplesmente não funcionam corretamente. Doença celíaca com certeza! (Levanta-se rapidamente da cadeira, vai até a mesa e pega um pote de remédios, abre e toma dois) - Sim, este me indicaram para os intestinos! (Volta a sentar na cadeira.)
Meus olhos também não estão nada bons! (Levanta e caminha pela sala. Ele estreita a vista) - Oh, com certeza estrabismo convergente! Droga, e aquele médico súcio me disse que eu não tinha nada nos olhos!
Manuel vai sentar no sofá. Fica inquieto.
Manuel- Oh, preciso tomar um para essa cefaléia! (Vai até a mesa, pega um frasco vermelho, abre e toma uma pílula) - Sim, esse sempre me ajuda em momentos de intensa cefaléia.
Começa a andar pela sala. Passa a mão no peito.
Manuel- Oh, palpitações! Elas começaram quando eu menos esperava! E não tenho nenhum remédio para o coração. Provavelmente uma artéria irá realmente romper!( Passa a mão pelos cabelos).
Manuel vai novamente a mesa e dessa vez pega um frasco azul de remédios, abre e toma dois. Fecha o frasco e coloca de volta na mesa.
Manuel- Esse pelo menos me deixa menos ansioso. Oh, como sou ansioso! E como tenho depressão sazonal! O tempo muda, e eis que estou mudado! Mas não1 Isso não irá acontecer comigo! Pois... Há, a minha neurose, sei o que pode resolver.
Ele vai a mesinha e pega uma pasta. Ele passa a pasta nas mãos e no rosto suavemente. Ele suspira aliviado.
Manuel- Oh sim, agora me sinto melhor, mas eu espero que minhas dores nos pés realmente não voltem. E o inchaço em minhas mãos é terrível todas as quartas!
Volta para o sofá, deita-se.
Manuel- Maldita languidez! Meus acessos de preguiça só podem ser alguma neuropatia! Estou convencido de que é psicastenia! ( Ele levanta mais uma vez, dá três voltas na mesa de remédios, e depois volta ao sofá.)
Manuel- Agora minha ansiedade tornou-se em fobia! Oh, como tenho tantos acessos emotivos! Certamente terei que fingir que está tudo bem quando minha irmã aqui chegar.
Voz de mulher off (É a vizinha de Manuel) - Morreram duas pessoas hoje de neurose, uma de psicastenia, e outra de artrose, e ah, uma também de inchaço nos pés!
Manuel- Oh, eu sei como resolver tudo isso. Em meu quarto há pastas, há pomadas. Irei lá e terei que dormir. Não durmo há três dias!
Manuel antes de sair pega dois frascos de remédios da mesa. Ele sai rapidamente. O pano desce.
FIM.
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Poeta
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Porão expansivo
A cena se passa na Irlanda, em 1905
Cena única
Vemos uma menina chamada Elisabeth carregando um candeeiro. Ela está no porão vendo algumas coisas, mas ela decide explorar o ambiente. Ela começa a dar alguns passos e vê algumas mobílias antigas, alguns talheres, vasos e pinturas antigas, velhas caixas.
Elisabeth- Oh, até que este porão não é tão desinteressante quanto eu pensei. Mamãe vivia me dizendo que gostaria de se livrar de tudo por aqui, mas que não o fazia por causa de papai. Mas vejo que no fundo ela também deve admirar algumas coisas que estão guardadas aqui.
(Ela continua andando pelo porão. Vemos que a luz começa a ficar mais escura, até ser totalmente apagada. Elisabeth não percebe. A luz volta e vemos Elisabeth no porão, mas há objetos estranhos, objetos de outras épocas como moedas, bússolas, astrolábio, etc. Ela admira tudo.)
Elisabeth- Oh, mas isso realmente deveria ir para o lixo. Quem ainda usa astrolábio hoje em dia? E essas moedas antigas? Bom, como gosto de coisas antigas, não vejo motivos de jogá-las fora. Deveriam estar preservadas e não aqui.
Elisabeth continua caminhando e carrega as moedas com ela. Fade out.
Depois de quatro minutos, fade in, e Elisabeth vê máscaras antigas: egípcias, maias, astecas, fenícias.
Elisabeth- Essas parecem máscaras que vi... Que vi em uma feira artísticas, mas não consigo me lembrar de quais países (Experimenta a máscara fenícia. Há um espelho perto e ele se olha no espelho com a máscara. Retira-a e coloca no lugar, e usa a máscara egípcia e mais). Lindas! Eu poderia ficar em casa com uma delas.
Elisabeth vasculha o sótão, até que a luz novamente se apaga. Quando a luz volta, vemos tacos de beisebol, e bolas de beisebol pelo porão. Elisabeth que pouco ou quase nada sobre esporte, ela com curiosidade para as bolas de beisebol.
Elisabeth- Oh, para que servem estas bolas? E estes tacos? Deveriam não ser feitos, com tanta violência no mundo isso é mais uma arma nas mãos de um louco!
Ela suspira, começou a ficar entediada. Pega uma bola e arremessa, depois outra, e v~e que não gosta de jogar as bolas de beisebol.
Elisabeth- Oh, que bobagem, eu... (A luz novamente se apaga).
Ao acender a luz novamente, vemos um monte de maquiagem e pincéis para pintar o rosto. Elisabeth que não é muito vaidosa, pega cada um dos pincéis. Ela coloca um pouco de maquiagem no rosto e fica se olhando no espelho.
Elisabeth- Ah, essa cor creme é horrorosa em meu rosto! Eu gostaria que tivesse um lilás ou roxo! Só tem... (Olhando para a maquiagem) - Verde, azul, rosa e marrom. Oh, marrom, como eu detesto esta cor!
Ela continua explorando o porão. Ela tira do bolso as três moedas que estavam em seu bolso, olha para o detalhe, uma moeda da época de Caracala, um imperador romano. A luz se apaga.
Elisabeth- Ah, essa luz não para de apagar! Eu gostaria que isso parasse e já!
Quando a luz acende, vemos uma série de dispositivos eletrônicos, alguns mesmo que podem acender e apagar à vontade. Elisabeth fica fascinada e olha para cada um, toca.
Elisabeth- Oh, Céus, que preciosidades são estas? Que mentes teriam criado isso? (Ela aperta alguns botões dos dispositivos que reagem normalmente aos seus comandos). Oh, se isso realmente for inventado, facilitará demais a vida do mundo. E será completamente uma tecnologia além da que temos, além da tecnologia física e suja que temos! Isso será realmente libertador!
A luz se apaga. Ouvimos baixo Elisabeth resmungar. Quando a luz se acende, vemos uma série de objetos mortais, usados em funerárias. Elisabeth reage com choque, pois sabe que objetos são estes. Ele se distancia um pouco, vai para o outro lado do porão.
Elisabeth- Blimey! That is disgusting and annoying! I should not see such a miserable object! How I am displeased!
Elisabeth toca as moedas como que para esquecer dos objetos. Depois de sete minutos, a luz se apaga. Quando a luz volta, vemos Elisabeth no porão de sempre. Ela fica aliviada por estar longe dos objetos de funerária, mas desapontada por não ver mais nada.
Elisabeth( dá dois passos em direção ao que estava vendo antes)- Oh, eu terei que ver agora...
A porta se abre. Uma mulher entra. É Alexa, a mãe de Elisabeth. Ela entra apressada e pega na mão de Elisabeth.
Elisabeth- Ai, mamãe, sabe que detesto quando pega minha mão com essa força.
Alexa(puxando-a) - Venha, preciso te mostrar uma coisa.
Elisabeth (pouco curiosa) - O que é?
Alexa- Só posso te falar mostrando. Vem logo (Sai puxando-a. A luz se apaga por alguns instantes, e aí vemos algumas luzes dos dispositivos se acenderem e apagarem. Depois total escuridão. O pano desce.)
FIM
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Poeta
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A catedral do sono
A cena se passa na Escócia, em 1948
Cena única
Um dormitório superior em uma catedral, quase como se fosse um porão. Lá há antigas estátuas, um ou dois guarda-roupas antigos, uma poltrona quase ao centro com um homem que está deitado nela dormindo. Perto dele está uma garrafa vazia e um charuto. Ele se chama George Mccalum. Não há muita luz nesse lugar, então vemos pouco como ele realmente é. Entram duas figuras vestidas de negro e encapuzadas.
Figura I- E aqui estamos. Ele realmente dorme há três dias. E andou bebendo, veja.
Figura II- Provavelmente já chegou aqui com a bebida e com o charuto .(Observa bem George deitado na poltrona dormindo).
Figura I- E já é a segunda vez que o resgatamos. Será que ele realmente sabe de suas atividades noturnas como ritualista?
Figura II- Ouvi de uma pessoa que o conhece que ele tem flahses de memórias, mas ainda algo muito vago para saber de toda a verdade.
Figura I- Ainda bem que só há nós dois aqui nessa catedral, e mais aquele outro padre que nada desconfia. Porque se ele soubesse, estaríamos em problemas.
Figura II- Ele não diria nada. Ele é discreto. Gosta de ficar sozinho. Não é nenhum problema para nós.
Figura I- Sim, mas você sabe, há tantas histórias nesse povoado, e nós sabemos que quando as histórias começam a ganhar um padrão, elas são consistentes e não podem ser negadas.
Figura II- Sim, mas o que... Esse é o primeiro homem que vem até aqui. Você sabe, ele estava em perigo. Não podíamos deixá-lo de ajudar.
Figura I- Sim, claro.
Figura II- O que me preocupa é o vício dele. Todo bêbado acaba sempre falando demais.
Figura I- Sim, devíamos ter tirado a bebida dele quando chegou. Mas ele está tão fraco, e isolado há três dias aqui nesa parte da catedral. Ele não irá a lugar nenhum.
Figura II- Talvez acorde daqui a pouco. A pessoa que o conhece disse que ele dorme no máximo seis horas por noite.
Figura I- Por que não o transferimos para um hospital nosso?
Figura II- Já fiz a solicitação. Ele será levado em dois dias.
Figura I- Eu gostaria que fosse amanhã...
Figura II- Você está com medo demais para uma primeira pessoa envolvida em um culto que aparece aqui na catedral. Por favor, acalme-se.
Figura I- Tudo bem, é que... Esquece. Vamos tomar chá?
Figura II( como se não tivesse outra escolha)- Vamos. Logo ele acorda.
Os dois saem.
George ainda está dormindo quando entra em cena um corvo. Ele para em um banquinho e fica grasnando. George acorda assustado. Vê o corvo. Ele arregala os olhos, pega uma vassoura e começa a espantar o corvo que fica grasnando e voando. O corvo sai de cena. George volta a dormir.
Depois de dois minutos, o corvo volta e fica perto de George. Ele acorda novamente e pega a garrafa e taca no chão e o corvo sai correndo voando. George mais uma vez adomece.
Pela última vez, o corvo vem grasnar diante dele. Dessa vez George quase o pega, o corvo tenta bicá-lo, mas não consegue. George consegue dar um tapa no corvo que cai no chão, levanta e vai embora. Dessa vez as duas figuras entram e vão até George.
George- Ei, quem são...?
As Duas figuras não respondem, eles simplesmente pegam George pelos pés e mãos.
George( voz fraca)- Me soltem! Por que estão fazendo isso?( Ele cai no sono).
As Duas figuras o levam. Depois disso, o padre que havia sido citado no começo entra. Ele olha o ambiente todo bagunçado, deplorável, e sente um frio na espinha. Ele decide se sentar na cadeira em que George estava. Fecha os olhos por um momento, a luz vai ficando cada vez mais escura. Um grasnar de corvo se ouve. Um grito de horror do padre. O pano cai.
FIM
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Poeta
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1. A melodia do medo
A cena se passa na Espanha, em 1913.
Cena Única
Um porão contendo três armários. Um na parede esquerda onde tem uma porta e dois na parede do meio. Umas dez caixas ao lado de uma mesinha, todas fechadas, três banquinhos, um cabide, alguns chapéus velhos, roupas antigas em um cesto, uma velha rabeca, etc. No porão vemos um rapaz moreno, cabelos escuros, olhos negros, de 18 anos. Ele se chama Adolfo. Ele está trancado no porão, e procura um meio de sair.
Adolfo- Madrecita de Dios! Ayuda me! Já é a segunda vez que fico trancado neste porão, e da última vez... Oh, da última vez comecei a ouvir música vinda de fora. Oh, como detesto essas músicas que sempre tocam quando estou em casa! Na verdade, quase nenhuma música me agrada. Ou seja a melodia, o tom, a letra, ou tudo junto! Ayuda, Dios!
Ele vai até um armário e pega umas folhas, revira as folhas para ver se acha uma chave, mas não acha nada, joga tudo no mesmo lugar desorganizadamente. Vai até o primeiro armário do meio. Procura nas gavetas dele, mas não acha nada.
Adolfo- Cáspite! Meus dedos estão todos empoeirados! Isso aqui não se limpa há tempo. Preciso pedir ao Juan para limpar aqui.
Adolfo anda pelo porão olhando para todos os cantos para ver se acha alguma chave. Revira as roupas, mexe em duas caixas e não acha nada.
Adolfo( mãos na cabeça preocupado)- Estou aqui há quase uma hora. Por que fui tirar a siesta aqui? Essa porta sempre emperra, ou sei lá, só pode ser azar mesmo!
Adolfo continua procurando. Logo ouvimos em off um barulho de música popular. Adolfo para estremecido. Ele fica pálido, começa a ficar com medo. Ele se senta em um banquinho.
Adolfo- Não posso acreditar nisso! Não me faltava mais nada! Trancado nesse porão pela segunda vez, e agora a ouvir música!( Coloca as mãos no rosto consternado). Eu... Simplesmente preciso sair daqui e ir para o quarto dos fundos onde não se ouve quase nada!
Adolfo continua a procurar. Ele mexe em mais duas caixas colocando o conteúdo no chão. São alguns livros. Ele revira todos em busca de uma chave. Nada. Ele chuta alguns livros e a música continua tocando o que deixa Adofo mais preocupado.
Adolfo- Dios! Yo no puedo más! Eu preciso sair desse porão maldito!
Ele vai até o último armário e na gaveta da esquerda para a direita, ele acha três chaves. Sorriso de contentamento. Ele pega as chaves e vai até a porta. Testa uma, não funciona. Testa outra, não funciona. E na última, ele já está totalmente desesperançoso, mas ainda assim tenta, a chave quase funciona, mas a porta que é de ferro não abre.
Adolfo- Bom, se nada funciona... Bom, eu me lembro que da última vez... Bom, meu pai uma vez costumava me dizer que falar Eu crio enquanto falo realmente pode funcionar. Oh, mas eu vou dar mais uma busca por esse porão que adora me pregar peças.
Volta para o fundo do porão e remexe o restante das caixas. Enquanto tudo isso acontece, ainda há música soando. O que impulsiona Adolfo a buscar mais rapidamente para se livrar do som da música. Ele decide ir a porta e diz:
Adolfo- Eu crio enquanto falo! Eu crio enquanto eu falo! Eu crio enquanto eu falo! Eu crio enquanto eu falo! Eu crio enquanto eu falo!
A porta começa a se abrir. Adolfo tem uma expressão de contentamento, mas susto, pois é a primeira vez que pratica tal palavra, mesmo assim ele sai apressadamente do porão que ainda se ouve a música. E o pano desce.
FIM
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Poeta
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Alegrias Noturnas
A cena se passa em Lisboa, Portugal, no ano de 1923.
Cena Única
Uma sala com uma cadeira, uma poltrona no lado esquerdo da sala, uma mesinha, umas duas garrafas de bebida, uma janela que está fechada e com uma cortina de cor vermelha. Um homem está sentado na poltrona, ele se chama Carlos Hortênsio Nunes. Uma mulher entra.
Carlos- Ah, você ainda está aqui, pensei que já havia ido embora há um bom tempo.
Mulher- Não, eu preferi ficar, mas se quiser que eu vá embora, eu posso ir.
Carlos(indiferente)- Isso depende da sua própria escolha, você quem sabe...
Mulher- Você sabe que só saio daqui depois do que sempre fazemos todas as noites.
Carlos( pega uma garrafa, um copo, enche o copo de vinho e toma ele pela metade)- Hoje pode ser diferente, minha cara, nunca se sabe quando o homem está disposto aquilo que sempre fazemos.
Mulher- Há quantos dias está bebendo, Carlos?
Carlos( Termina de beber e coloca mais para si)- Três dias inteiros. Minhas alegrias noturnas são o álcool, essa casa, de vez em quando ler um jornal e você.
Mulher- Claro, eu não poderia faltar, né? Mas a empregada limpou a casa hoje?
Carlos- Sim, limpou, e por isso estou na sala bebendo, senão estaria em outro lugar da casa.
Mulher- Você tem conversado com sua mãe? Ela me disse que você estava meio distante e frio com ela.
Carlos( irritado ao falar)- Mamãe sempre acha que quando a gente está falando ou está usando um tom distante ou frio quando a gente não concorda com o que ela fala, você sabe como ela é.
Mulher- Sim, e eu te entendo perfeitamente( Dá alguns passos pela sala)
Carlos( levanta-se, coloca mais vinho na taça, e vai até a janela e abre)- Nossa, a noite está incrível, eu deveria ir lá fora ver as estrelas, mas hoje prefiro ficar aqui em casa.
Mulher- Apenas bebericando vinho e pensando nos próprios problemas... Não sei como consegue ser assim tão fechado.
Carlos( bebe um gole de vinho)- Eu não sou fechado, eu apenas gosto de manter meus momentos íntimos.
Mulher- Posso beber o vinho?
Carlos(distraído)- Claro, fique à vontade. Ah, noite, como estás bela e deleitosa, em ti moram todas as belezas astrais de uma noite mágica...
Mulher- Está agora criando poemas para a lua?( Ri, bebe um gole de vinho)
A Mulher vai até a poltrona onde está a mesinha, ela pega a garrafa e coloca vinho em uma taça que está na mesinha.
Carlos( sai da janela, se aproxima dela)- Não, você sabe que estou com os meus escritos parados, mas ainda consigo recitar poemas ou inventá-los na hora...
Mulher- Carlos, Carlos, eu acho que sei o que você precisa para voltar a escrever maravilhosamente bem como antes.
Carlos( ingênuo)- O quê?
A Mulher avança nele e lhe dá um beijo apaixonado na boca, o qual ele retribui na mesma intensidade. Eles vão até uma escada do lado direito da sala e começam a subir se beijando, Carlos tenta falar, mas a Mulher o impede com mais beijos.
Tudo fica escuro e o pano desce.
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Poeta
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Se miraba extenuada, muy cerca del camino que conduce a un cementerio abandonado. Sus ojos vidriosos y pelaje oscuro, daban a su apariencia un tinte misterioso. No obstante, la tomó entre las manos, poniéndola en el asiento trasero de su auto.
Manejaba a gran velocidad por la desolada avenida. De pronto, un frío helado invadió el vehículo, paralizando su corazón.
¡Y Teófilo y su gata triste, jamás llegaron a su destino!
Es la muerte, lazo misterioso que transmuta la vida
Es viento sediento
Ola inquieta
Sombra sonora de amor y olvido
Gota en el alma, herida en el corazón.
* • Imagen de Carlos Miguel Perez. Luz Marina Méndez Carrillo/ 31012021/ Derechos de autor reservados.
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