Poemas de nostalgia :  RUGAS DA BELEZA
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Gavetas cheias do nada
Livros e revistas que gritam
Prazos de validade expiram
De coisas que não lembrava existir

Acúmulo. Roupas pouco usadas
Maquiagens ultrapassadas
De máscaras que teimam cair
Dos padrões que quero sair

Ombros arcados do peso invisível
Acomodação com máscara de calma
Costume aceito que aos poucos
Dá endereço incerto à alma

Abro novamente a gaveta
Lá no fundo a caixa preta
De meus sonhos guardados, amarrotados
Caderno velho, lápis desbotados

Loucuras bem guardadas
Em puro coração alado
Fogem do corpo cansado
Pelo tempo sempre escravizado

Percebo que o velho,
O usado, a pele seca
E a mão trêmula
Sempre por aqui estiveram

Rugas da beleza
Vincos de alma acesa
Onde a luz de passos incertos
No amor põe sua mesa.
Poeta

Poemas de amor :  LINHAS VAZIAS
Vivia entre a loucura e a realidade
E na primeira mais que devesse ficar
Visto que de muito necessitava
Teus olhos e tua boca tocar

Teus lindos e cerrados olhos desnudos
Arrancaram o frágil vestido de minh’alma
Teus cabelos em grisalhos desalinhos
Largaram-se entregues em minhas mãos

Vi tua boca abrindo-se lentamente
Em busca da minha úmida e ardente
E antes que teu hálito pudesse alcançar-me
O sopro de tua alma tomou-me por inteiro

Invadiu-me neste lapso de segundo
A derme que evoca a paixão
Momento onde supomos ter o mundo
Onde no abismo do ser bate um coração

Queria para sempre neste mundo ficar
Mas tu me lembrastes que é preciso voltar
Acompanha-me ao Portal da Loucura
Lembrarei sempre tua ternura

A rotina traz enfadonhos dias
E nos animais e flores, alegrias
Na arte escondo minhas manias
De minhas linhas pouco vazias

Tento viver no limite, a tênue marca
Tocar-te por pouco e ficar na terra vazia
Mas querendo sem conseguir, quase me perco
E retorno para aquecer as linhas frias.
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Poeta