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Coração é terra que ninguém anda É órgão que inflama que reclama... Desiludido pelo sentimento que engana Coração partido de saudade leviana.
Coração é traído pelo desejo Manipulado pelo beijo, subordinado pelo seio... Ludibriado pela malícia do meu pensamento Funeral sem cortejo, fome sem sustento.
Coração é esculpido pelas mãos do destino É imagem perplexa do desatino Criança sem face, odre de vinho envelhecido... No espelho do passado reflexo irrefletido.
Coração é valente nas batidas do peito Estação de folhas secas carregadas pelo vento Coração é covarde amedrontado pelo medo É inverno sem saudade céu nublado e cinzento.
Coração é lápide de mármore, histórias frias Que pulsa dentro ao peito, nas batidas pela vida... Estranho pergaminho, de palavras escondidas Do engenheiro lá do céu, a mais pura obra prima.
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Poeta
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Tuas mãos me acolhem No teu peito que é traidor Tuas palavras impuras Contaminam meus sentimentos;
Como um pombo ferido Lanço-me em teus braços Em busca da cura Em busca de abrigo;
Acalentas-me do inverno que é duro Tomas-me em falsos desejos Quando renasço em amor e sussurros Quando me matas No veneno dos teus beijos;
Venho a dormir De uma noite cansada Uma noite fria Sem vida e sem cor Sonhando acordar Nos seios da amada Que me acolhes em teu peito Que é traidor.
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Poeta
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Penso aqui com meus botões Mas... Será que eles pensam comigo?
Presos a uma camisa imprestável Eu também preso Em um amor que não é meu; Roxo-lilás de um batom Vertical nos lábios de alguém Furtaram-me vários dias;
O batom bem sabe Não existe mais Porém das marcas Jamais pude me livrar;
De que me serve a camisa Se até os botões já se foram; Eles nem sequer pensavam Eu pelo menos penso e padeço Por um lilás, que um lenço... Mesmo que pequeno Carrega as marcas De um crime imperfeito;
Ás vezes se perde na vida Muito por não pensar, Ás vezes por pensar demais Perdem-se os botões da camisa E do batom um roxo-lilás.
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Poeta
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Viva o quê é o amor, viva uma fotografia... Não brigue com sua garota Nem de noite nem de dia.
O tempo passa tão depressa Logo no deserto haverá flores Mostre a ela à terra do seu coração O tempo não espera por arrependimentos.
Viva o agora, viva o presente... A garota é sua meu amigo Como é hoje, como será sempre.
Não procure atalho em outras bocas Outro sorriso pode não ser o bastante Mostre a ela à terra do seu coração O tempo não espera por arrependimentos.
Viva o quê é bom, leve a no cinema... Não brigue com a sua garota Não vale a pena.
O tempo passa tão depressa Logo no deserto haverá flores Mostre a ela à terra do seu coração O tempo não espera por arrependimentos.
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Poeta
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Meu amor... Há um lago de fogo no meu olhar Arde como um corpo sedento de desejar Abrace-o sem medo de se queimar,
Meu amor... É doce como o mel o meu desejar Mata como a cobra e adoece em febre o seu picar Venha minuciosamente... Venha transar;
Meu amor o tempo não espera, parece parar Mostra-me em soluços o teu duvidar Faço-te mulher... Por hora nos embriagar;
Veja como é profunda, a dor a cicatrizar Meu amor sinta o meu pulso a pulsar A fogueira que se transforma em cinza a se apagar;
O vitupério sínico transparente no meu pensar Venha meu amor ainda é tempo de nos flagelar Rasgar as vestes da nudez vulgar;
Meu amor... É doce e quente este meu convidar É a vida em morte que passa sem você notar É a morte em vida que um dia irás provar;
Meu amor... O pecado que me atrai é que me faz deitar E o perdão por traí-la, futilmente suplicar;
Entenda que a solidão é um martírio pra quem quer amar É um álibi que liberta da prisão um coração que quer se enganar.
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Poeta
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Você se prepara para a noite que a atormenta E tenta em um momento de lucidez absorver a calma Acende um cigarro em um gesto de sedução E tenta intimidar a ansiedade no tocar das palavras Aumenta o volume de uma música qualquer e chama a atenção para si Você está pronta para quebrar as algemas do seu coração
É simples voar quando as asas não estão quebradas Abrir a janela do coração e oferecer a alma Envolver-se em um sentimento arriscado É simples quando as asas não estão quebradas Pousar na mansidão de tranqüilas águas
Você derrama sua alma na calmaria do vento E se recorda lentamente de um sussurro descuidado E você se lamenta de um minuto perdido E você luta contra o sono que quer te fazer adormecer Mas logo vem o sol em sua cama e te desperta no amanhecer E virá a tona minha maneira de sentir novamente
Sinto mergulhar meus olhos nos anseios dos teus pensamentos Sinto mergulhar o frio suor de um suspiro quente Sinto que algo de mim se perdeu pra sempre Algo que jamais vou esquecer com o passar do tempo
É simples desejar quando as algemas estão quebradas Quando a batida de um coração descompassa E jurar pra si mesma que é esta vez é a última É simples quando as algemas estão quebradas Repousar na mansidão dos teus pensamentos.
É simples atropelar a calma quando está exausta Quando se toma um fôlego e retoma a calma E jurar para si mesma que esta vez é a última É simples atropelar quando está exausta O certo é que esta noite vai eternizar.
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Poeta
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Você veio me conceber uma luz Uma luz que clareia você Ou será que veio me entorpecer Com seu jogo de mentiras
Podemos disfarçar Ou ser nós mesmos Podemos sorrir, ou chorar Poderíamos nem estar aqui esta noite Mas não podemos fugir de nós mesmos...
É fácil apontar um culpado Agora que estamos separados Bater a porta e sair chutando tudo Como se nada tivesse acontecido
Agora que o sol está mais vermelho E mudou de direção o seu brilho Agora que as folhas caíram E floresceu no seu mundo É fácil apontar um culpado
Mas um dia há de florescer também O sol se lembrará dos lados de cá O vento irá mudar de direção E trarão as folhas na palma de minhas mãos
Mas esta noite eu suplico Não vá sair por aí Bancando a santa que perdeu a sua áurea Vamos enfrentar a realidade Mesmo que ela pareça apenas um sonho
Vamos colocar a limpo Vamos odiar se for preciso Vamos colocar em risco As incertezas de que somos amigos Vamos revirar nossos livros E ver quem é protagonista deste jogo
O vento mudou a direção Não adianta virar as costas Como se nada tivesse acontecido.
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Poeta
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Sabe... Eu não sei se poderia viver sem você Não sei se suportaria a rotina de mim
Sabe... Eu não sei se saberia te esquecer Todas as vezes que me olho eu vejo você
Às vezes em um gole de Drink Um cigarro aceso queimando Eu tento não ser eu... Pelo menos eu tento
Sabe... Eu me encontraria se não houvesse você E te perderia completamente em mim
Eu sei que está ficando enjoativo este cinismo Mas eu preciso de um momento de fúria É melhor que gritar neste quarto sozinho Sem ninguém pra me ouvir ao pedir sua volta
Sabe... Eu me entorpeceria na ilusão de te ver Você sabe que isso é de mim, eu não sei...
Enquanto isso vou vivendo sem mim Eu tento não ser você... Pelo menos eu tento.
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Poeta
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Às vezes eu penso que sou louco Às vezes eu penso que perdi a razão As pessoas me olham como se eu não existisse Mas há uma fogueira em mim que ninguém pode ver
Se eu estou com você à chuva pode esperar Se estivermos juntos meu amor a brasa vai queimar... Se você não resistir viraremos cinzas esta noite
Às vezes eu trago uns goles a mais Às vezes eu penso que preciso perder a lucidez As pessoas me olham me prometendo Há uma fogueira em mim, você pode ver
Eu pensei que pudesse sair às ruas Afinal eu pensei que pudesse encontrar você Mas eu ando tão perdido meu amor Que é preciso me encontrar primeiro
Se eu estou com você à dor pode esperar Se estivermos apenas juntos... Você não vai resistir
Viraremos cinzas esta noite As pessoas me olham como se eu não existisse.
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Poeta
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