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A minha voz oculta faz do poema catapulta pra jogar palavras fora
A ideia que me devora, quando encontra uma rima, grita logo: mãos pra cima! E toma a palavra na tora.
Ser poeta é uma tara que não é qualquer um que encara, por não ser um ofício. Fazer poema é um vício.
A.J. Cardiais 25.04.2016
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Poeta
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Às vezes algumas palavras ficam cutucando a minha mente... Quando elas não se definem claramente, eu procuro esquecê-las. Já quando estou procurando “sarna”, eu me sento e tento decifrar o mistério. Eu chamo isso de “Exercício e Treino” ou “Riscos e Rabiscos”. Fico procurando encaixar as palavras, como se estivesse montando um quebra-cabeça. Tem coisas que eu gosto na hora. Já tem outras que eu não gosto, porém não jogo mais fora, como eu fazia antes. Aprendi a conservar tudo que escrevo. Deixo de lado para ver se aproveito mais tarde. Afinal, estamos na era da reciclagem, não estamos?
A.J. Cardiais 22.07.2011
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Poeta
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Tem palavras que ficam presas no vocabulário do nosso subconsciente. Quando “inventamos” de escrever, começamos a chacoalhar a mente. Então elas se desprendem, e querem ser usadas. É aqui que começa a história: quando digito a palavra, e o dicionário do computador passa o “traço” vermelho. E agora, o que fazer? Tira letra, põe letra, tira acento, põe acento... E nada do traço apagar. Quem tem o luxo de ter um “Aurélio” em casa, se safa numa boa. Mas o meu “socorro” coitado, nessas horas pede perdão. O pior de tudo é que nessas paradinhas, um monte de inspirações invadem (e evadem também). E quando volto a caminhar, já não sigo pelo mesmo caminho. Nessas horas já estou cortando caminho, pegando atalho etc. Tudo para ver se encontro o fio da meada. Mas a questão aqui é a palavra. Tem aquela coisa do regionalismo, do bairrismo... e qualquer “ismo” que vá diminuindo o raio de ação da palavra. Eu mesmo sou “retado” (olhe aí, consulte o Nivaldo Lariú) para usar palavras da minha infância, que só entende quem foi menino (e do mesmo bairro) naquela época. Por exemplo: num poema, eu usei a expressão: “pidir pinico” (é assim mesmo). Quando meu compadre (o poeta Luiz Nazcimentto) leu, ele achou engraçado por eu ter me lembrado daquela expressão. Outra pessoa logo diria: aqui está errado!. O certo é pedir, e não “pidir” e o nome é penico, não pinico. Também esta pessoa não saberia o significado. O pior é que isso não está em nenhum dicionário, nem no de Nivaldo Lariú.
Se eu tivesse terminado o curso de Letras, teria optado pela Linguística. Eu gosto de como se fala, e não como se escreve. Eu canto minha aldeia, tentando tornar-me universal. Que não entendam a letra, mas espero que gostem da música.
Vocabulário: Pidir pinico - Dar-se por vencido, jogar a toalha, entregar os pontos, perder a luta. Nivaldo Lariú – Autor do livro: “Dicionário de Baianês” Aurélio - Aurélio Buarque de Holanda – Autor de Dicionários de Língua Portuguesa
A.J. Cardiais 16.07.2011
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Poeta
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Descrevo meus momentos, mas não afirmo serem poesias. Para pertencer a esta “dinastia”, precisa ter muitos elementos.
Meu poetar é vago como o vento. Só uso palavras chulas, que são teimosas como mulas: empacam a todo momento.
Sou poeta de improviso. Escrevo quando preciso de algum divertimento,
Ou de desabafar. Poetar aguça tanto meu juízo, que consigo ver o mundo girar.
A.J. Cardiais 09.10.2013
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Poeta
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Vivo a poesia catando palavras pelas ruas, junto com meu sentimento.
Esta areia que passa, escorraçada pelo vento serve, junto com o cimento, para minha construção.
Então meto a mão na obra: meço bem as palavras, para não ficar sobra.
É uma luta, misturar a palavra bruta, com o cimento da razão...
Faz calos na imaginação.
A.J. Cardiais
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Poeta
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A minha voz oculta, faz do poema catapulta, pra jogar palavras fora.
A ideia que me devora, quando encontra uma rima, grita logo: mãos pra cima! E toma a palavra na tora.
Ser poeta é uma tara que não é qualquer um que encara, por não ser um ofício. Fazer poema é um vício.
A.J. Cardiais 25.04.2016
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Poeta
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Deixe o poema livre... Deixe ele correr solto pelo vale literário...
Não crie itinerário, forçando-o a passar por onde você quer chegar...
Deixe o poema livre... Deixe que ele colha palavras à vontade.
Deixe ele saciar a sede de liberdade.
Deixe-o falar, falar, falar... Até esgotar a pilha da necessidade.
A.J. Cardiais 27.04.2011
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Poeta
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Acordo e penso: meus poemas são pequenos, diante da imensidão de palavras...
Procuro uma que não consta na boca de um qualquer. Mas uma rima me vem logo. E rima, vocês sabem, é como mulher: Você ama, e manda ver...
Fujo de muitas situações para economizar espaço. Porém o espaço é esse mesmo. E para este poema só coube um laço: enforcar-me-ei com ele.
A.J. Cardiais 15.10.2010
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Poeta
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Não siga os meus ais... Eu vivo sozinho nas bandas das madrugadas. As palavras acordadas são quem me atendem pelo caminho.
Não tenho o estudo das ideias mortas. Eu conto as sílabas pelas palavras tortas.
Eu rimo os galhos, porque eles se abrem à minha passagem...
Então não vejo necessidade, de cortá-los do meu caminho. Eu sou como o espinho: não me bula e eu não furo.
Eu piso no escuro para ver se clareio algum lugar vazio.
A.J. Cardiais 06.01.2011
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Poeta
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Minhas palavras são como ferro em brasas. Vibram com suas asas de jitirana bóia.
Esta serpente voadora enganadora, que nem “óia”. Voa cega pela floresta e onde se encaixa, mata.
Minhas palavras saem doidas pelo ar... Se forem para alegrar, que assim seja.
Mas se forem para derrubar: olha a rasteira. A minha capoeira nem sempre é brincadeira.
Eu danço na frente, traço um gingado, jogo a palavra e espero o resultado.
A.J. Cardiais 06.01.2011 imagem: google
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Poeta
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