Poemas :  Uma velha ideia
Uma velha ideia
Não quero só o belo
do poema...
Quero o estratagema,
quero o gemido,
quero o zumbido
dessa dor
no pé do ouvido
de algum senhor.

Quero a poesia estapafúrdia,
mas que traga misericórdia,
que traga algum alento
para um ser sedento
de atenção.

Eu quero doar minha mão
à palavra
e lavrar com ela
uma velha ideia
para esta nova geração:
O AMOR.

A.J. Cardiais
imagem: google
Poeta

Poemas :  Licença poética
Licença poética
Ser poeta
é estar à espreita
da fantasia,
e traçar passagens
sem abordagens
para a poesia.

Deixar a ideia
correr livremente
pela imagem,
dar sua mensagem,
construir uma linguagem
(às vezes inocente)
e seguir em frente.

A.J. Cardiais
imagem: a.j. cardiais
Poeta

Poemas :  Sambando na miragem
Tenho os olhos vagos no tempo...
Minha mente ainda está nublada,
da noite passada.

Rimo a passo do automóvel,
que invade a paisagem,
e sambo na minha miragem,
em busca de uma ideia qualquer...

Tento prender o tempo,
que se espalha sobre mim,
mas ele é que me prende
em sua teia de interrogações.

A.J. Cardiais
imagem: google
Poeta

Poemas :  O poema em ebulição
O poema em ebulição
A minha concentração,
é um poema em ebulição.
E para deixá-lo sair
tenho que me exprimir
em versos.

Às vezes, enquanto converso,
um poema se aproxima...
Primeiro uma ideia,
depois uma rima...
É o poema nascendo.

Com quem estou conversando,
não fica entendendo
o que está acontecendo...

Está me vendo distante,
diferente de antes,
quando eu estava participando.

É que estou escutando
o que estão "me ditando”.

A.J. Cardiais
imagem: google
Poeta

Poemas :  O sucesso
O sucesso
Tento não contaminar-me
com a ideia de “sucesso”...
Sei qual é o preço
de perder o endereço.

O que é ter sucesso?
É fazer o que eu gosto,
e ganhar o que mereço?
Não vou correr atrás da fama,
para não dar tropeço...

Se eu tropeçar,
aí é que vou me prejudicar,
pois não estarei nem no fim,
nem no começo.

Então sigo o meu caminho,
mesmo caminhando sozinho.

A.J. Cardiais
imagem: google
Poeta

Poemas :  O Próximo passo
O Próximo passo
O próximo passo
é um assalto na ideia.
É roubar um prazer
e deixar morrer nas nuvens.

O próximo assalto,
é um desbancar de letras.
É um mar de portas abertas
e o ar gritando: mãos pro alto!

O próximo asfalto
vai dar num caminho inseguro.
Vai dar num muro
que segura as lamentações.

As próximas orações
seguem as rimas frágeis da vida...
E em seguida, vem a viajem,
vem a mensagem, vem o medo.

A.J. Cardiais
imagem: google
Poeta

Poemas :  Uma Velha Ideia
Uma Velha Ideia
Não quero só o belo do poema...
Quero o estratagema,
quero o gemido...

Quero o zumbido
dessa dor,
no pé do ouvido
de algum senhor.

Quero a poesia estapafúrdia,
mas que traga misericórdia;
Que traga algum alento
para um ser sedento
de alguma atenção.

Quero doar minha mão
à palavra, e lavrar com ela
uma velha ideia
para esta nova geração:
O AMOR.

AJ Cardiais

imagem: googa
Poeta

Crónicas :  Escrever e coçar...
Escrever e coçar...
Tem uma peça de teatro cujo nome é: Trair e coçar é só começar. Bem que eu gostaria que isso acontecesse com a escrita. Assim ó: Escrever e coçar, é só começar. Se bem que tem pessoas que a “coisa” acontece assim mesmo: começam a escrever, terminam. Comigo não... Eu sofro influências de várias maneiras. Se alguma coisa, ou alguém, interromper meu raciocínio, eu tenho que largar a escrita. E, às vezes, não adianta tentar recomeçar depois. Se eu tiver escrevendo alguma coisa com o rádio ligado, e tocar alguma música que eu gosto, quase sempre entra alguma coisa da música no texto. Eu preciso chegar com o texto praticamente pronto (na cabeça) para sentar e digitar. Caso contrário, ficar esperando que as palavras cheguem ou que o vento me sopre alguma coisa, a influência "cai matando".

Este texto mesmo, já estava todo engatilhado para ser escrito... Mal eu me sentei para digitá-lo, meu filho entra no quarto me pedindo dinheiro. Pedir dinheiro a quem está duro, é dureza. E quando você diz que não tem, e a pessoa fica insistindo, é pior ainda. Como é que eu posso ter estrutura para escrever alguma coisa que preste? Ainda bem que eu não escrevo por obrigação, como os cronistas dos jornais. Já li vários deles colocando esta situação nas crônicas: a de ter que improvisar. Isso é bom porque se transforma em um exercício. Mas não é a mesma coisa que “largar a alma” na escrita.

Mario de Andrade dizia que a crônica para ele era uma válvula de escape. Era quando ele se distraia com a escrita, porque não tinha tantas preocupações com as normas, como nos outros tipos de textos.
É justamente por esta “liberdade” que eu gosto da crônica. Ela não nos cobra nada a não ser soltar a imaginação e escrever. Apesar das interrupções (não foi uma só), dos olhares vagos no tempo, das buscas à ideia principal, eu consegui escrever alguma coisa. Talvez até eu possa dizer agora que: "Escrever e coçar, é só começar".

A.J. Cardiais
imagem: google
Poeta

Poemas :  Uma velha ideia
Não quero
só o belo
do poema...

Quero o estratagema,
quero o gemido
quero o zumbido
dessa dor.
no pé do ouvido
de algum senhor.

Quero a poesia estapafúrdia,
mas que traga a misericórdia;
que traga algum alento
para um ser sedento
de atenção.

Quero doar minha mão
à palavra,
e lavrar com ela
uma velha ideia
para esta nova geração:
O AMOR.

A.J. Cardiais
Poeta

Poemas :  Gatos e gatunos
Os gatos não têm nada
contra os ladrões.
Quem tem a ver
são os cães.

Os ladrões também são
conhecidos como gatunos.
Os ladrões e os gatos
têm hábitos noturnos.

Vou fazer como o Poeta
Ildásio Tavares:
esse poema não quer dizer
nada, nada, nada, nada...

Foi só uma ideia
que me veio.

A.J. Cardiais
18.10.2006
Poeta