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A guerra, vista num filme, é poeticamente linda... Ilusão de ótica. A guerra, vista assim do alto, ainda não de perto, é uma guerra, um protesto, um manifesto em poesia.
A guerra vista de frente, no asfalto, não mais do alto, feita em invasão com a fome no lar, sem um teto pra sorrir, sem um lugar pra chorar...
Sem invenções sem meias palavras sem poetas sem festas sem fantasia... A guerra é uma heresia.
Não é preciso estouro, estalos, estampidos, comboios, esquadras, esquadrilhas... O inverso, o contrario das ilhas, a guerra é cercada de dor.
A.J. Cardiais 13.07.1989 imagem: google
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Poeta
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Não posso ter uma poesia bela, vendo tanto sofrimento na tela. Não tenho uma palavra doce como se a realidade assim fosse...
Tenho um poema duro, ousado, impuro. Como ser feliz, vendo tanta infelicidade vagando pela cidade?
De que me adiantará um nome se não puder amenizar a fome? De que serve a “intelectualidade”, vendo o povo sem dignidade?
A.J. Cardiais imagem: google
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Poeta
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Preciso concentrar-me mais... Preciso arregaçar as mangas do poema e botá-lo para lutar contra as injustiças sociais.
Meu mal, em mel se fez. A minha indignação ficou para trás. A minha fome feroz de tudo, esbarrou num sem fim de mundo e ficou brincando de rimar...
Eu deixei de sonhar e parti para o estudo. Perdi-me no sem fim de mundo e voltei com cara de tacho... E agora, onde me encaixo?
Solto este poema na correnteza, e deixo que ele me mostre o caminho.
A.J, Cardiais
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Poeta
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Eles falam de guerra como se vivêssemos em paz. Acabar com esta guerra todo mundo é capaz.
Eles pensam que a guerra, são só canhões estrondando... Mas a pior das guerras é a que a gente vem passando:
São políticos roubando, é o trânsito matando, o desemprego assolando e a violência aumentando.
A pobreza crescendo e a tristeza logo atrás. Ainda pensam em guerra... Como se vivêssemos em paz.
A.J. Cardiais imagem: google
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Poeta
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Ah, como eu gostaria de escrever só o belo... Porém o meu martelo condena a hipocrisia.
Eu vejo a vida vazia que o povo está levando, acabo não suportando e explodindo na poesia.
Amplio a velha fotografia de três por quatro, de dois por dois...
Enfeito mais retrato, com sonho de feijão com arroz e fome de encher o prato.
A.J. Cardiais imagem: google
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Poeta
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Falar da epiderme das raças da violência nas estradas dos que dão contra-mão...
Falar da fome, da falta de pão, do sentido obrigatório da vida da alma perdida do sem teto, do sem chão...
Falar do meu itinerário do meu dicionário sem direção...
Falar do quê? Fala nada não... Você não vê? Estou sem inspiração.
A.J. Cardiais imagem: google
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Poeta
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O retrato é a seca: Costelas de fora, urubus na espreita...
Quem “se apaga” não deita, nem deleita o sonho do suor derramado.
Sede de viver é sofrer é penar é lutar
Sozinho, contra um mundo de ambição.
A.J. Cardiais 25.11.1983 imagem: google
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Poeta
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Quanto vale o que eu escrevo? O meu desejo é pura imaginação.
Um pedaço de pão disfarça a fome. Mas sem um nome eu não chamo atenção.
Trabalho duro nessa estrada chamada de poesia, vivendo sem mordomia.
Sigo minha caminhada procurando no meu dia a dia a rima rica para minha alegria.
A.J. Cardiais imagem: google
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Poeta
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Preciso trabalhar mais... Preciso arregaçar as mangas do poema e botá-lo para lutar contra as injustiças sociais.
Meu mal, em mel se fez. Minha indignação ficou para trás. Minha fome feroz de tudo, esbarrou num sem fim do mundo, e ficou brincando de rimar...
Deixei de sonhar, parti para o estudo... Perdi-me no sem fim do mundo, e voltei com cara de tacho... E agora, onde eu me encaixo?
Solto este poema na correnteza, e deixo que me mostre os caminhos da pureza.
A.J. Cardiais imagem: google
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Poeta
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Não posso ter uma poesia bela, vendo tanto sofrimento na tela. Não tenho uma palavra doce como se a realidade assim fosse... Tenho um poema duro, ousado, impuro. Como ser feliz vendo tanta infelicidade vagando pela cidade? De que me adiantará um nome se não puder amenizar a fome? De que serve a “intelectualidade”, vendo o povo sem dignidade?
AJ Cardiais
imagem: google
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Poeta
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