Poemas :  Construções
Construções
Se você olhar para o tempo,
com um olhar envenenado,
o tempo parecerá parado.
Mas o tempo não para...

Ele segue em frente...
É por isso que a gente
está sempre atrasado,
e o tempo adiantado.

Quando você volta,
e pensa que é a mesma coisa,
já não é a mesma rosa.
Não é a que você queria.
Tem outra Ave Maria
escrita na lousa.

Tem outra rima fácil,
se fazendo de difícil...
Tem outro edifício
construído em seu pomar.

A.J. Cardiais
14.04.2015
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Poeta

Poemas :  De hoje para amanhã
De hoje para amanhã
O que escrevi hoje,
pode não servir para amanhã...
Pode não ter mais o mesmo elã.

O que escrevi hoje,
amanhã pode estar podre...
Uma ideia apodrecida
pode prejudicar a vida.

O que escrevi hoje,
amanhã poderá ficar ausente
para prevalecer o presente.

A.J. Cardiais
02.03.2015
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Poeta

Poemas :  A tristeza como apoio
A tristeza como apoio
Tristeza não tem tamanho.
Nunca lhe acompanho
sem ter a certeza
de que a alegria
estará me esperando
em forma de poesia.

A tristeza não é minha,
é do tempo.
Se me perco por um momento,
ela me faz companhia.

Escuto sua voz querendo
me conquistar
e deixo-me levar
à procura da poesia
que gosta de ficar
dentro da melancolia.

A.J. Cardiais
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Poeta

Poemas :  Acendendo as horas
Acendendo as horas
Gosto de acender as horas,
para o tempo enxergar o caminho.
O tempo nunca anda sozinho.
Anda com uma comitiva de chuva,
sol, vento e tempestade.

O tempo parece lento.
O tempo não tem idade.
Mas o relógio não acompanha
sua velocidade.

Ninguém consegue medir o tempo.
O tempo é imenso
e, ao mesmo tempo, curto.
O tempo é uma loucura...

Tem coisas que com o tempo,
mata...
Tem coisas que com o tempo,
cura.

A.J. Cardiais
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Poeta

Poemas :  Calmaria das horas
Calmaria das horas
A vida me mostra um relógio...
Luto contra o tempo.
O tempo é longo,
mas com espaços
curtos e rápidos.

E eu já perdi muitos espaços...
Agora só tenho a pressa
do ponteiro de segundos.
Perdi a calma do ponteiro
das horas.

Meu Deus, é agora???
Os ponteiros não giram
ao contrário!
Perdi meu tempo em segundos,
não me procurando mais profundo,
confiando na calmaria das horas.

A.J. Cardiais
maio/1982
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Poeta

Poemas :  Caminho de todos
Caminho de todos
Ando com os pés no passado.
Por isso não ando apressado.
Meu tempo não é uniforme,
e minha alma não dorme.
Ela segue o tempo,
bisbilhotando cada movimento.

Sei de tudo que se passa,
na raça.
Preferiria não saber...
Assim não iria sofrer.

Eu queria era viver
alheio a tudo isto:
toda esta ideia de prazer,
toda esta ilusão, todo dever...

Mas não adianta disfarçar,
nem se vangloriar...
Nós caminhamos
para o mesmo lugar.

A.J. Cardiais
29.08.2011
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Poeta

Poemas :  À minha maneira
À minha maneira
Vou vivendo o meu sonho,
dentro da minha realidade.
Não vivo tanto quando sonho,
é bem verdade,
mas é o suficiente para mim.

Eu sou assim, ora essa!
Não tenho pressa,
nem enfrento tempo ruim.
Espero o sol sair,
para eu poder seguir.

O meu tempo está sendo...
Sei que ninguém está vendo.

Mas o que me importa,
é minha vida torta,
sem eira nem beira...

Eu sou feliz,
à minha maneira.

A.J. Cardiais
16.12.2014
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Poeta

Poemas :  No outono da vida
No outono da vida
Nasci no outono...
Estação das frutas.
Talvez eu esteja
no outono da vida.
Quando eu estava lá atrás,
nunca imaginei o que eu seria,
quando estivesse aqui, agora.

Escutando uns clássicos
da música erudita,
medito:
o quê fiz na minha vida?
Acho que fui como uma cigarra...
Só curti a vida.
Nunca pensei no inverno.

Eu nunca seria uma formiga.
Teria perdido a vida.
No pouco ou muito
da vida que me resta,
continuo cigarra:
ainda insisto em fazer festa.

A.J. Cardiais
31.03.2009
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Poeta

Poemas :  De Vez Em Quando
De Vez Em Quando
De vez em quando,
encontro uma palavra
perdida no tempo,
uma imagem,
um momento...

Aí paro e sento
para conversar.

De vez em quando
escuto beijos de amor
entre as coisas...

Então apuro meus ouvidos,
a inspiração se levanta
e começa poetar.

A.J. Cardiais
09.08.2011
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Poeta

Crónicas :  A liberdade de escrever
O bom da crônica é isto: a liberdade de escrever sobre qualquer coisa. Pode ser o assunto mais sério ou o mais bobo, o mais vulgar. Tudo serve para comentar. Até a falta de comentário. Dizem que a palavra “crônica” deriva da palavra grega “chronos”, que significa tempo. Então, se a crônica significa “tempo”, ela está com tudo: com o passado, o presente, o futuro, as horas, as eras, o sol (tempo bom) a chuva (tempo ruim)... E está acontecendo o tempo todo. Então o Tempo é tudo. Talvez seja por isso que tudo é um motivo para uma crônica.

Eu já li crônicas que, nas suas palavras, não queriam dizer nada. Mas no seu bojo trazia uma infinidade de idéias, que só quem gosta de ficar observando a vida é quem é capaz de entender. Então os que não têm essa “visão especial” devem achar uma besteira. Mas isso é bem da crônica. Tem tantas coisas “bobas” acontecendo por aí, que as pessoas nem percebem... O próprio tempo por exemplo: o sol surge, passa por cima de nós, vai embora. E as pessoas já estão tão acostumadas com essa “besteira”, que só notam a falta do sol quando precisam dele e ele não está lá, para servi-las. Caso contrario nem sentiriam sua presença ou ausência.

As pessoas vivem muito preocupadas com seus afazeres, sonhando em ganhar dinheiro ou procurando esquecer-se das mazelas da vida. Então não têm tempo de ficar observando essas “besteiras do tempo”. Afinal, isso serve para quê? As pessoas só querem saber de coisas úteis, de coisas que possam vender ou, no mínimo, sirvam para debater numa roda de amigos. É por isso que assistem os BBBs da vida: para não ficarem por fora do bate papo. O importante é participar. Não interessa a importância do assunto. Aí, quem não gosta de ficar debatendo “BBBesteiras”, fica de fora observando as besteiras do tempo e aproveitando para escrever um crônica besta.

A.J. Cardiais
Poeta