Frases y pensamientos :  Serei só eu? - IX
Hoje sinto-me particularmente triste o vazio é imenso, a saudade entrou, sinto falta do que tive do que vivi e não aproveitei para criar raízes para agora poder realizar o sonho que me atormenta. Tenho necessidade de ti, não sei quem és, não consigo imaginar-te, só sei que preciso. Parada no dia a dia ansiando para que o dia acabe, fingindo que estou alegre, fazendo de conta que estou bem, desperdiço a vida e sei que não o devia fazer. Na bagagem que o destino me entregou quando nasci não vinha o companheiro não vinha afecto não vinha a mão para segurar a minha não vinha amor, não vinha o olhar de ternura, não vinha o abraço apertado de carinho Sem companheiro tudo ficou vazio, coisa vaga penumbra de escuridão, vida morta que respira, passos
parados, na imensidão do mar, de noites e dias, sem sol, sem luas, de ocasos sem
poente, de alvoradas sem luz tu, que fizeste o mundo, o universo e tudo quanto existe, porquê me abandonas-te foi por esquecimento? Talvez ainda possas ajudar-me, se tiveres um momento livre, sei que me livraste de doenças graves de ter que passar fome de muitas coisas más. Mas Senhor porque me deste este coração tão grande onde tudo entra e faz doer? De tanta lágrima chorada sequei os olhos, mas o choro continua. Pelos velhos que tão mal tratados são, pelos doentes terminais com tanta dor, pelas crianças sem defesas e tão mal alimentadas por tanto sofrimento evitável, que infligimos à humanidade e o pior é que não pensamos que não temos nada é tudo emprestado desde o corpo até ao poder.
E cada dia que passa sem ter nada para me sentir viva é pior. Sei que pensarão que sou ingrata porque af inal aos olhos da sociedade tenho tudo, mentira não tenho nada, não sou nada e nunca terei, o pouco que me faria feliz é tarde muito tarde, tenho consciência de que o momento passou e não devo acalentar esperanças, de um milagre, de farrapos não se faz um manto dourado. Meu Deus! Como sofro ao ver casais da minha idade que se olham com carinho, atenciosos pendentes de que nada interfira na harmonia, que é só deles, que angustia olhar para o lado e não ter ninguém a quem dar a mão, ir a festas e limitar-me a ver os outros a dançar, a sentir a sua felicidade e eu a chorar por dentro e a sorrir por fora. Tento não pensar mas é muito difícil, se há vinte ou trinta anos tentei remediar a situação e voltei a fazê-lo mais vezes ultimamente porque é que não me deixam ir embora para bem de todos? Claro está que o problema é sempre o dinheiro, mas se só peço para me darem o mínimo para viver e um lugar para ficar. Não seria melhor do que um divórcio? Tenho necessidade de ouvir frases como “só de olhares para mim, me incomoda” E outras muito piores, sou humana e como tal sei que não posso deixar que me neutralizem com violência verbal, as palavras também ferem magoam muito, às vezes mais do que a violência física. O cansaço é muito grande a desilusão maior, o único lugar para descansar é o meu quarto onde me deito e tento sonhar com o impossível.

Espero com ansiedade a Primavera, é a estação que mais me ajuda, identifico-me com ela, vem todos os anos dar luz, flores, melodias cantadas pelos pássaros, enquanto fazem ninhos, nas árvores a rebentar de vida, sabendo que é por pouco tempo, pois o verão é curto, vem o Outono e o Inverno e estragam toda a beleza, mas no ano seguinte volta de novo, para os que pouco têm possam ter a alegria de poderem aconchegar-se debaixo do sol tépido e sentir o seu incomparável cheiro primaveril. Faz-me renascer e fortificar as defesas para novos dissabores, que muitas vezes até são benéficos, pois consigo que pequenas alegrias se tornem grandes.
E a vida é como o tempo, Às vezes muito sol, outras vezes tempestades, outras nostalgia, mas o que é preciso é saber passar por todas com muita esperança.
Desde que escrevi que tinha 65 anos, já se passaram mais 2, incrível como o tempo passa, a neta já fez 18 anos! A filha 47 e eu 48 de casada, impressionante a impressão de o passado estar misturado com o presente como um redemoinho onde tudo gira sem intervalos. Sinto-me num turbilhão incontornável tentando agarrar-me nem sei bem a quê, gostava de não aprofundar tanto as coisas, eu sou uma pessoa simples e como tal devia de viver sem querer compreender o que não tem explicação. Estes dois últimos anos foram difíceis, muita ansiedade, medos frustração sempre a esperar o dia seguinte sem dormir, a sofrer pela doença de outros, a sentir a degradação física e mental de pessoas muito chegadas, impotente, sem recursos para os socorrer, foi muito difícil. Continua a ser, mas conforme vai passando o tempo vamo-nos habituando e tudo se torna parte do dia a dia.
Com a alma em pedaços faço por tentar juntá-los, bocados doces pedaços amargos triste alma esta que sem saber me purifica e me ajuda a alcançar um lugar no coração dos que tanto amo.

Talvez me repita já não sei. Passaram meses sem o fazer, as férias interromperam o dia a dia , levaram para o esquecimento os pensamentos que me acompanham enquanto estou na rotina dos dias sempre iguais, não por não fazer nada ,pelo contrário ,mas pelo ambiente já de mim conhecido durante 20 anos. Muita coisa se passou, muitos momentos alegres sempre em companhia da neta, sem horas para comer , dormir, passear ,conviver, relaxar enfim tudo o que preciso para estar bem. Depois é o regresso mas como se tem que arrumar roupas ,malas fazer as compras necessárias mais um mês passa. Infelizmente adoeci e mais mês e meio passou. Entretanto já estava na quadra natalícia e como pude fui enfeitando a casa para as festas. Embora a saúde não estivesse ainda muito boa , tudo correu bem. A seguir entrei em obras tremendas, porque desfazer 2 quartos de banho desde chão, paredes, canalização e armários é muito complicado, muito pó e barulho, três semanas + tirar o papel de dois quartos e forrá-los de novo, não houve tempo para a minha pobre cabeça pensar em nada. Entretanto enquanto estive de cama, li muito e por sorte 2 dos livros foram uma bênção para a minha mente, aprendi ou seja reeduquei - a, aprendi ou melhor assumi o que já sabia, agora consigo ter poder sobre mim e sem o ser sentir-me feliz. Grande batalha venci! Todos os dias digo :- sou feliz. Pois se posso ver o nascer do dia e o cair da noite, se posso andar, ouvir, sentir, que mais quero? Com a balança da vida pesei o bom e o mau. O resultado foi surpreendente, tenho muitas coisas que outros não têm e muitas outras que não tenho e os outros têm, mas nunca esquecer que os outros os que têm, muita coisa.,. espero nunca as vir a ter assim como as pessoas que tanto amo. Assim este novo capitulo da minha vida vai continuar a dar-me força e inteligência para continuar a escrever com o pensamento, mas talvez de uma forma um pouco diferente. Continuarei a narrar pedaços da minha vida deixarei correr livremente a escrita sem segredos nem omissões, deixarei de lado falsos pudores, deixarei que a minha culpa seja julgada. Quem me julgará? Deus tenho a certeza que nunca o fará, portanto ---sou feliz!
Poeta

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