Sonetos :  Fome de poetar
Fome de poetar
Estou deitado na cama
lendo um livro de Waly Salomão,
enquanto o sol me queima
sem comiseração.

O sol invade a janela,
invade meu coração,
invade eu, invade ela...
Comete o fenômeno da invasão.

Então eu asso um soneto,
enfiado num espeto,
pra saciar a fome de poetar...

Se Waly me deu assunto,
pego as palavras e junto,
tentando me comunicar.

A.J. Cardiais
28.07.2015
imagem: google
Poeta

Poemas :  Filosofia barata
Filosofia barata
Quero desmitificar a poesia:
com essa correria,
ninguém mais para pra pensar.
Todos só querem ganhar, ganhar...
E depois poupar, investir, triplicar,
até dona morte chegar, e levá-los.

A morte hoje não anda mais â cavalo.
Ela tem um jatinho particular.
E ninguém sabe quando ela vai chegar!
Então quero por a poesia no seu lugar:
no meio do povo.
Sempre com um sangue novo
alimentando a matilha.

Pois, com tanta evolução,
ninguém saiu ainda da “cartilha”.
Ninguém quer ler o “livro da vida”.
Alguns acham uma leitura sofrida.

Outros acham até divertida.
Mas a maioria passa “batida”...
Não gosta de ler nada.

E assim, segue essa estrada...
E quando pensa que é o fim,
está só no começo da caminhada.

A.J. Cardiais
09.11.2009
imagem: google
Poeta

Poemas :  Antropofagicamente poético
A cidade engoliu o verde
que aqui havia,
deixando no lugar
montanhas de alvenaria.

O vento passa devagar,
a vida demora a chegar
(se é que há vida nesse lugar)
e a rima corta uma volta,
para se libertar.

Antropofagicamente,
absorvo tudo:
somo, incorporo,
faço um estudo...

A cidade é tão desumana,
quanto insana.
Tem gente que se engana,
porque gosta de se enganar.

A.J. Cardiais
03.01.2014

Do livro: Antropofagicamente Poético
https://clubedeautores.com.br/books/se ... C3%A9tico&sort=&topic_id=
Poeta

Poemas :  Declaração de amor
Declaração de amor
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Poeta

Poemas :  Livros às traças
Livros às traças
Os livros de poesia
dormem tranquilos
nas estantes.

Poetas, como amantes,
ainda insistem
em publicá-los.

Quem irá devorá-los,
se as traças
não chegarem antes?

A.J. Cardiais
imagem: Google
Poeta

Poemas :  Poema sem sentido
Vou apresentar aqui
um poema sem sentido,
que será subdesenvolvido
neste gigante paraíso
BRASIL
de não sei quantos
e quantos mil
ou milhões
de dólares
ou de dores.
Mas apesar
dos dissabores
continua juvenil:

A cada momento
e a cada instante
nasce ou morre
um anjo
e ninguém sabe
e ninguém se preocupa
com a gestante
nem com a gestapo,
só com o papo
de encher a estante...
Pois o livro
a cada instante
que sobe
é mais um homem
que desce
e este pais não cresce
com alucinações,
nem acende seus lampiões
nem ergue suas palafitas
nem enfeita
suas Marias Bonitas
e continuamos nas sombras
e nas sobras
dos Romeus...
Hó meu!
Pisa neste chão,
entregue-se ao samba-canção
porque rock aqui
é só o barulho do serrote
quando entra em ação.

Hó meu!
Por que não encara
o "João e Maria"?
Por que é nossa história
e não tem sabedoria?
É por isso?
É por isso que fico mordido
e acabo meu poema
sem sentido.

A.J. Cardiais
02.06.1985
Poeta

Poemas :  Livro Aberto
Livro Aberto
Venha, desvende o meu mistério...
Sou e não sou um homem sério.
Sou um jovem velho.
Sou um adulto criança
que não cansa
de brincar com a vida.

Eu sou guarida,
sou abrigo, sou afago.
Às vezes sou profundo,
às vezes sou vago...

Às vezes levo a vida,
às vezes me largo
e deixo que ela me leve.
Vou vivendo de amor...

Amor à tudo: Amor ao mundo,
amor à natureza, amor à beleza,
porque belo é a maneira de olhar a vida.

Belos são seus olhos
quando me olham desejando-me,
devorando-me, saboreando-me...

Belas são as mulheres,
que são todas belas
só pelo fato de ser mulher...

Venha, penetre no meu segredo
que eu não tenho medo:
sou um livro aberto.

A.J. Cardiais
imagem: google
Poeta