O_tavico

Poemas, frases y mensajes de O_tavico

Selección de poemas, frases y mensajes mais populares de O_tavico


L i l á s

Juntei, com um desejo audaz,
Um pouco de azul do infinito
Ao imenso branco da paz
Em que acredito,
E ao azul claro
Que compreendo
Juntaria o verde esperança,
Que ainda é do meu amparo
Desde o tempo de criança,
Mas, não te vendo,
Logo hesitei ,
Porque o marinho raro
Seria apenas do teu olhar
E não o todo que sonhei
Para me entregar,
E num derradeiro preparo
Ao tal azul claro
Dou uma gota de mim
Em vermelho de vida
Sentindo que assim,
Compreendida,
Estonteante virás
Para o meu amor
Na a tua cor
Lilás .

tavico

não me ames

Não me ames,
Por um louco
Não te enganes,
Não apostes num fracasso.
Não consegues,
Tampouco
Não te entregues,
Não invadas o meu espaço.

Não te despeças,
Por agora
Não me peças,
O amor que não te dou.
Eu me perdi,
Em má hora
Não te vi,
E minha alma desertou.

No teu rosto,
Já impedes
O tal gosto,
Tão salgado da tristeza.
Com um gesto,
Te despedes
E todo o resto
Se reflecte na incerteza.

Digo basta,
Num aperto
Que me afasta,
Inquieto de ansiedade.
Mas o tempo,
Em desacerto
Com o desalento
Atrasa-me a felicidade.

Lá vou indo eu , assim
Sem paradeiro
Pois para gostar de alguém,
Para acreditar, também,
Preciso de gostar de mim
Primeiro.

tavico

Olá

Olá! Estou aqui
Na rua dos desgraçados
Que abre ao público quando a noite cai
Procurem-me nos perdidos e achados
Estou lá de passagem
Como quem lá vai
Estou mesmo à saída
Com esperança na bagagem
Como quem nasce para a vida.

O_tavico

abandono

Á margem da sociedade
Oiço uma caixa de sonhos
Tocando para a saudade
De outros tempos, risonhos

Por força do destino
Pousado em ombro idoso
O teu velho violino
Solta um som harmonioso

Solta um som
Para tão duros corações
Como a calçada que o rodeia
Porque a vida é de opções
Com que cada um se enleia

Solta um som
Por entre uma cidade
Que se cruza em corrida
Sem dó nem piedade
Louca e desprendida .

E assim se desune
A nossa raça
Que consegue e passa
Imune
Sim imune
A essas notas que entoam
Como musica sofrida
De solidão, de tristeza
E voam…
Em abandono de vida.

tavico

folhas de outono

Folhas de Outono caindo
Nasce o Inverno, então
A Primavera vai florindo
Morrem os campos no Verão.

Cá do alto do castelo
A minha vista se dispôs
Em redor deste Estremoz
Vendo tudo tão belo
E pela escrita revelo
Aquilo que vou sentindo
Com os meus olhos sorrindo
Por qualquer fase do ano
Vendo ao sol alentejano
Folhas de Outono caindo.

Folhas tais as que escrevo
Que me não as leve o vento
Ou se vai o meu alento
E tudo perde o relevo.
Tal sentimento que levo
É o das folhas que vão
Mas já paradas no chão
Jazem molhadas à espera
Porque o Outono já era
Nasce o Inverno então.

Então dono da esperança
Deste povo ansioso
Que te quer longo e chuvoso
Ansiando pela bonança
Um desejo de mudança
Que se quer evoluindo
A Deus se vai pedindo
E às quatro fases da lua
Porque a vida continua
A Primavera vai florindo.

Quanta vida numa flor
Grande dom da natureza
O nascimento é uma beleza
Dar a vida é puro amor.
Mas não há vida sem dor
Nem há bela sem senão
Não está na nossa mão
Nem somos donos da sorte
E como não há vida sem morte
Morrem os campos no Verão.

tavico

valsa de sedução

Vi-te, olhos nos olhos,
Por mim a passar
Uma saia aos folhos,
E em mim a rodar
Fascinação.

Segui-te,
Numa sala repleta
Mandei meu olhar
Numa volta discreta
Para tentar
Aproximação.

Um convite
Do instinto atrevido,
Dum sorriso que avança
Para o apetecido
Jogo de dança
E sedução.

A curiosidade cresce
No malandro revés
Desse olhar,
Nossos reparos
Rodam em desencontros
Numa vontade
Desinteressadamente falsa,
Continuamos a dançar,
Mas separadamente,
Uma sedutora valsa.

Senti-te
Num roçar de braço,
Tão perto que estou
Subtil embaraço
Que me acelerou
O coração.

Conheci-te,
Já apresentados
Não sei o que faça
Um pouco corados
Quase sem graça
E emoção.

Perdi-te
No alcance da vista
O jogo acabou
Gorou-se a conquista
E tudo ficou
Na ilusão.

tavico

espero-te

Vou esperando sentado
Por esse bem demorado
Mas já palpito de sede
Que esta espera não mata
E fico sem hora nem data
Como um tolo desesperado
Num arrojado salto sem rede.

Só espero sair deste fosso
É que estou já que nem posso
Com a minha fé a ceder
Mas enquanto espero existo
Quando quero até resisto
E faço do amor o meu osso
Que me é tão duro de roer.

Espero um último ai
Duma esperança que cai
Aos pés daquilo que fiz
Mas na espera que ocorre
Algo há que não morre
Como uma força que vai
Ajudar-me a ser feliz.

Espero-a não sei de onde
Nem sei se me responde
Ai o tempo que me é pouco
Mais um minuto de espera
Será amor? quem me dera...
Então porque se esconde
E me vai deixando louco?

Espero-te na minha rua
No mar, no campo, até na lua
Mas...ó amor sem lugar
Com a espera eu não avanço
Sem amor eu não descanso
E a minha vida será tua
Se me quiseres abençoar.

Espero-te a cada dia
A cada noite por via
Do amor que tu me dás
E na espera em que estou
Pelo amor que eu te dou
Sei de quanta alegria
O teu amor é capaz.

tavico

homem vazio

Noutro fugaz intuito
Meu, de alcançar o horizonte
Alguém que anda a monte
Dá-me um encontro fortuito,
Um ser, nunca vi, tão vazio
Que, sem eu querer, me dá pena
Ver esperança tão pequena
E só, em tal desvio .
Quero tratá-lo de amigo
Ao homem que não me dá mão
Desconfio de solidão
Que não tem o coração consigo,
Literalmente me disse
Que dinheiro já não tinha
Nem um emprego lhe vinha
Nem nada que lhe sorrisse,
Que morreu para a amizade
Numa família onde está a mais
É órfão de deus e dos pais
Com saudades de ter saudade,
Ó homem de coragem louca
O que eu disser ás condições
Em que vives, serão palavrões
Pois sem palavras me fica a boca .

tavico

PORQUÊ ?

Porquê? só a morte de um amigo
Nos confunde em marés de emoções
Emolduradas com tantas e tantas questões
Numa partilha de tamanho castigo

Numa impotência que nos condena
Nuns olhares de palavras mudas
Num apaziguar de bocas linguarudas
Ao pesar aquilo que não vale a pena.

Numa raiva onde desmoronamos
Numa vida demais injusta e atroz
Em lágrimas que nos abafam a voz
Numa verdade em que não acreditamos.

É essa a verdade que se atrasa
E nos encontra talvez mais tarde
Quando nos aperta a saudade
E por uns momentos nos arrasa.

É com muito amor que as evito
Esta verdade e a saudade em mim
A vida de um amigo teve um fim
Mas em minha alma o ressuscito.

Tenho-te bem vivo na memória
E o prazer de rever cada passagem
Com o mundo ouvinte da história
Que conto em tua homenagem.

tavico

O Sino

Toca o sino pela aurora
Incessante e lá do alto
Solta um breve sobressalto
Por quem teve a sua hora .

Quem será? pergunto ao vento
Que transmite com perícia
O que a igreja faz notícia
E é de morte o sentimento .

Toca o sino alguém chora
Oiço aqui do vento norte
Um pesar por triste sorte,

Mas quem a sente por fora
No tempo não se demora
E há vida depois da morte .

tavico

apesar de tudo sou uma criança

Eu sou a esperança

No outro lado do mundo

Onde a fome avança

E mata uma criança

Em cada segundo



Eu sou o choro que se perdeu

Por não ter nada a perder

Sou a alegria que morreu

Quando a miséria cresceu

Como se fosse errado nascer



Eu sou a evolução

Que se prendeu

Por terra abastada

Eu sou... não,

Eu sou o nada

Que não sabe nada,

Apenas o meu nome,

Que não sente nada,

Apenas fome.



Sonhos , não tenho

Nem um só desejo

Sou o que obtenho

Naquilo que vejo



Eu sou a mudança

Num processo natural

Mas a fome avança

E eu sou criança

Não sou animal.



Eu sou o futuro

No outro lado da certeza

Onde é mais escuro

E onde auguro

Conhecer a tristeza



Sim, conhece-la

Porque não a sinto

Outra coisa me apela,

Mais do tê-la,

Neste olhar faminto.



Eu nunca a vi

E serei triste um dia

Quando souber que senti

E que o sorriso abri

Por uma pequena alegria.



É meu o deserto

Onde ninguém vai

Estou em céu aberto

Com o inferno perto

Onde a morte cai



Não me ostentem

A vossa vergonha,

A que não sinto

E a que não sentem

Os que mentem

A quem sonha



Levem-me

Salvem-me

Alimentem-me

Mostrem-me tudo

O que para lá existe

Mas sobretudo

Dêem-me alegria

Para saber estar triste.



tavico

fonte dos amores

Fui á fonte dos amores

Na aldeia de S. Luis

Um jardim de belas flores

Mas nem uma delas me quis.



Diz o povo lá da terra

Com orgulho no saber

O amor desce da serra

Para na fonte se beber.



Eu bebi água da fonte

A tradição assim me pede

Veio uma flor lá do monte

Ainda fiquei com mais sede.



Vem passando outra donzela

E, educado me levanto

Mas aos lindos olhos dela

Não chegou o meu encanto.



Entre as damas desta gente

Não há flores abandonadas

Há histórias de antigamente

Nesta fonte bem guardadas.



Um pouco triste eu fiquei

Mas daqui não levo mágoa

Meu coração eu enganei

Quando da fonte bebi água.



Por amor já ninguém morre

E quem espera sempre alcança

A água da fonte ainda corre

Quem beber não perde a esperança.



O_tavico

De Ti

Do teu corpo me lembro,
De cada sombra,
Cada membro,
Do teu rosto, de ti
Em palavras diluída
Onde me distraí
E encaro
De como eras merecida
De um reparo

Algo ingrato,
Perdi-me
Mas da memória turva
Te resgato,
Nítida e sublime,
Em cada curva
Onde te senti
De prazer
E sem ti
Me invade
Um querer
De saudade.

tavico

a musica das palavras

A musica das palavras
Ouvida no amor com que me falavas
Entrou em mim para não mais sair
Ficou em mim para poder sorrir
Enquanto abalavas

E a memória de quando tu estavas
Tão perto de mim e não me faltavas
Vive na saudade de um dia te ouvir
Cantando saudosa por me sentir
Como quando voltavas.

Enquanto ainda me faltas
Invento os teus beijos em pautas
Oiço a tua ausência em melodia
E em ti me refresco, ó fantasia
Da inspiração que me exaltas.

Vêm letras que dançam coloridas
Em notas soltas tão divertidas
Os meus pés levam os teus passos
E meus gestos guiam os teus braços
Num enleio de duas vidas.

Ainda te vejo, imagino
Desejo-te, ainda não me domino
Ao teu coração, o meu disponho
Amor de ilusão, que és do meu sonho
Um suspiro genuíno.

Como um gemido de prazer comum
De nossos corpos feitos num
Como um invasor do imaginário
deste coração tão solitário
Amando sem amor algum.

tavico

saias ao vento

O vento sopra e alterna
Levantando aquela saia
Até ao cimo da perna
Ai, que o queixo não me caia .

E a saia em corpo sereno
Com a mão foi-se ajeitando
Por um segundo pequeno
A senhora viu-me olhando

Ó senhora com o respeito
O que eu lhe vi foi sem querer
Não fique assim sem jeito
O que é bom é para se ver .

Num gesto meio apressado
A senhora já bem composta
Deixou-me embasbacado
Com uma frase sem resposta .

Disse do instinto de macho
Que me guiou no olhar,
É o tal que me põe em baixo
Se não tenho onde me agarrar .

E eu gravei este momento
Sem lá perder o controle
Há mais saias ao vento
E pernas espreitando o sol .

tavico

Dunas de seda

É no nosso ocaso
Que Florescem fantasias
E me desafias,
De gozo extravaso
Quando me seduzes
Com as milhentas luzes
Que me confias
Nos teu olhos românticos
E me contagias
Com desvios tântricos
E o teu corpo nu, deserto,
De espírito entreaberto
Com prazer arrebato
Porque me apressou
A sede que me torturou
E agora a mato
Com um esforço suarento
Em que me deslizo
Num arrepio num riso,
De atrevimento,
Do carnal desejo
Com um derradeiro pestanejo
Que tento
pelos teus cabelos
Que me acercam belos
Como sombras ao vento.
Ainda me queres
Eu pego em fogo
Entro no teu jogo
Se assim preferes
Mas não te toco
Evito, te provoco
Quase te roço,
Abraça a energia
Que te assedia
Enquanto te adoço
E o fogo amenizo,
No momento preciso
Em que um suspiro segreda
A mútua entrega
Que nos aconchega
Em dunas de seda.

tavico

Beijo-te

Beijei-te ao anoitecer
Entreguei-me, foste minha
Foi todo nosso, o prazer
E com prazer fiz-te rainha.

beijei-te, vi-te adormecer
Quis no teu sonho entrar
Adormeci sem te perder
No meu sonho vi-te chegar.

Beijei-te ao amanhecer
Acordei-te, vi-te partir
Sorriste como que a dizer
Para te esperar a sorrir.

Beijei-te ao entardecer
E quero em cada regresso
Mostrar-te meu bem querer
Todo este amor que confesso.

Beijei-te em pensamento
Beijo-te sempre que posso
E todos os beijos que invento
São do amor que é só nosso.

Beijei-te, trocámos um beijo
De alma correspondida
Desejei-te, foi nosso desejo
Amei-te, ganhámos a vida.

tavico

em ti existo

Caem-te pelo rosto caído
Lágrimas que troco por beijos
Sem conhecer, enternecido,
Qualquer dos teus desejos
E vou, de emoções contido,
Encontrar esse olhar raso
No meu que leva o ocaso
Para uma tristeza sem sentido .

Sem sentido porque és linda
Fazes-me rever aquele brilho
Dos teus olhos, que me é ainda
A alegria onde me humilho
E a luz que o amor me brinda
Que não quer que sejas triste
Que trago comigo e se existe
A felicidade, seja bem-vinda .

Ainda trémula, a tua mão na minha
Seguro, entrelaço os dedos
Por mim um arrepio na espinha
Como se lesse dos teus medos
Uma solidão que já me tinha
Tentado com uma cilada
E agora em ti minha amada
Nessa tristeza se adivinha .

Mas eu não deixo, insisto
Lábios nos lábios te chamo
Voltas a ti, te conquisto
Ai amor como eu te amo
E do esboço que em ti avisto
A tristeza que te amenizo
Dá lugar a um largo sorriso
Que me diz que em ti existo .

tavico

já te conheço

Esse teu rosto é inconfundível,
De olhar caído, reservado
E numa ausência desprezível
Em penitência, choras teu fado,
Sem horizonte e envergonhado
Com lágrimas de sonhos traídos
Em planos e amores volvidos
Que a vida te tem ofertado.

E esse teu andar de pobreza
De espírito aos ombros, descaídos,
Como quem carrega a tristeza,
Como quem perdeu a certeza
De recuperar os velhos sentidos

E essas tuas mãos, inquietas,
Que apalpam o futuro com medo
Num presente que não projectas
Para lá das paredes secretas
Que de tua alma fazes degredo

E esses teus passos seguem o rodopio
De tantos pensamentos irresolutos
Que fazem de cada desejo um vadio
Em qualquer dia que repassa sombrio
Esse dom de propósitos devolutos.

Nas palavras que te ouço, revistas
E poupadas, em curtas frases
Entendo mil histórias fatalistas
Com terminações pessimistas
Na realidade que contrafazes.

Reconheço-te em quem se lastima,
Em ti me vi e assim, já te conheço…
Acontece, a quem de ti se aproxima,
Ficar sem um pingo de auto estima
Para enfrentar a vida com apreço.

Em oposição a qualquer felicidade
Tu existes e resistes vazia de nada
Mas num injusto atentado à verdade
Ainda te confundem com a saudade,
Os que não te conhecem desmascarada.

tavico

amor meu mar

Joguei-me ao mar que eras tu
Por um chamamento que ouvi
E nas tuas ondas, amor bebi,
Embebedei-me de azul
Ninguém me salvou daqui
E fiquei de ressaca de ti.

São inebriantes os teus tons
De verde água e azul-marinho
Que me entontecem o caminho
Nestes momentos tão bons
E noutros que te imagino
Quando estou no mar sozinho.

Flutuei nas tuas águas
Estive em marés de chorar
Mas amei-te sem me afundar
Afoguei em ti minhas mágoas
Até em ti me encontrar
E sentir a alegria a chegar.

Alguém disse, o mar enjoa
Pode até ser turbulento
Quando domina o cinzento
Mas vem meu amor , me abalroa
Me envolve de cabelos ao vento
Com a maresia para meu alento.

No meio dum mar de amor
Sosseguei, estou ancorado
Nem desejo ser resgatado
Vejo a lua e o sol pôr
Cá do mar que me tem amado
E continuo apaixonado.

tavico