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Eu rimo as panelas, as janelas, o amor por trás delas... Rimo os barracos, os trapos, os farrapos, as mazelas...
Rimo o inseticida, a vida, a morte... Rimo o gado de corte. Rimo a flor que balança. Rimo o trem que não se cansa...
Rimo o idoso e a criança. Rimo a pátria dolorida. Rimo a alegria perdida e a felicidade encontrada.
Rimo a paz tão sonhada e a guerra apodrecida. Rimo a atitude envaidecida de quem não rima nada.
A.J. Cardiais 03.02.2014 imagem: google
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Poeta
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Quando você foi embora, fiquei com uma canção e um aperto no coração.
Ainda bem que sendo poeta, me desabei em rimas e não no chão.
Quando você foi embora, engoli soluços secos, mas não molhei meu rosto.
Lágrimas vêm e vão... É como uma nascente dentro da gente, que não escolhe o momento para jorrar: se de alegria ou de tristeza.
A.J. Cardiais 19.05.1990 imagem: google
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Poeta
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E a noite passa alimentando ou levando sonhos... A noite passa assustando os desnutridos; fustigando os feridos e abençoando os bandidos.
A noite passa, às vezes como por pirraça, oferece champanhe na taça para quem não pode beber.
A noite passa fazendo nas rimas chalaça do próprio poeta, que tem que levantar para escrever.
A.J. Cardiais imagem: google
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Poeta
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Eu estou bem, apesar de poucos entenderem o meu “estar bem”...
Não tenho um vintém, mas também não devo a ninguém.
(Será que não? Não lembro bem)
Vou levando minha vida na base das rimas pobres: pobres e nobres amor e flor paixão e coração estrela e vê-la...
E por aí vou, e por aí sigo, perseguido um sonho, sem ficar um segundo se quer acordado para ver se é possível acontecer.
A.J. Cardiais imagem: google
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Poeta
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Sem razão de ser o meu modo de viver é só um amontoado de rimas. Rimas frágeis, rimas fúteis, rimas banais... Rimas, pra quê as quero? Não, não quero mais...
Quero seguir meu rumo e ver se me acostumo a navegar em outra direção. Não andar na contramão e pisar firme nesse chão.
Chega de céu! Voar é com os pássaros. Eu já voei muito... E agora, quero pousar meu juízo e atinar para o guizo da razão a tilintar: viver é trabalha, e não sonhar.
A.J. Cardiais
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Poeta
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Quem vê beleza na favela, é porque sabe que nela mora um monte de rimas. E as obras primas dos barracos elevam a imaginação.
Quem vê a favela morta, sem respiração, não sabe onde é sua aorta, nem como pulsa seu coração.
Quem tem siso de glória, inventa uma porta bandeira. Quem tem no pé a rasteira, diz alô a sua história.
Quem mal reflete seu bucho, pode se dar ao luxo de querer tanta besteira. Tem na miséria a memória que o luxo é sua glória e se apraz com tranqueira.
A.J. Cardiais imagem: google
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Poeta
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A poesia pode ser algo que dói, algo que corrói e que foge de explicação; Pode ser um traço de união ou uma fonte de interrogação; um conglomerado de rimas sem muitos dizeres ou serem obras primas. Podem ser recados: mal dados, bem dados, truncados, amaldiçoados, codificados. Pode ser o seu olhar de reticências, para este viver de aparências. A.J. Cardiais imagem: Google
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Poeta
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Estou aqui mandando ver mandando vir... Abusando das rimas para me distrair.
Estou aqui sem eira, nem beira escrevendo besteira para me distrair.
Eu estou aqui, na cama. Você deve estar aí, numa cadeira.
Eu escrevi o que você está lendo e deve estar dizendo: meu Deus, quanta besteira...
E eu estou aqui, rindo desta brincadeira.
A.J. Cardiais imagem: google
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Poeta
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Esboço uma saída para meus problemas, enquanto meus poemas tingem-se de dramas...
As rimas podem dar sentido aos poemas, mas não fazem nada com meus problemas.
Estes, se bem aproveitados, só podem ser rimados e nada mais.
A.J. Cardiais imagem: google
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Poeta
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Não podemos ser iguais. Quem não sabe falar das pedras, que fale dos metais ou de outras coisas mais.
Tudo é passível de rimas. A vida não se enfeita só com "obras primas".
A.J. Cardiais imagem: google
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Poeta
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