Poemas :  Cada dia
Cada dia
Cada dia, um início.
Cada dia um precipício
ou uma nova situação.
Cada dia uma emoção
banhada de chuva.

Cada dia é uma curva
ou uma esquina.
Cada dia é uma virada
de página ou de pranto.
Cada dia você nem imagina
o que acontecerá no seu canto.

Cada dia a imaginação
é semeada de ilusão,
para aguentar o tranco.
Cada dia tem seu dia.
Cada dia tem seu manto.

A.J. Cardiais
02.08.2010
imagem: google
Poeta

Poemas :  Foi tudo um sonho
Foi tudo um sonho
Te amar é como um trago que "caiu bem",
e me fez ver maravilhas o dia todo.
Te amar é deixar fluir toda poesia
que do teu corpo exala;
é sinfonia do céu à beira mar,
coqueirais, luar...

Te amar é embriagar-me de alegria,
dar vivas à fantasia,
amar todos os povos,
todos os porcos corruptos
e não dar vez a maledicências.

Te amar é ignorar a hora,
o zelo, os costumes...
Etiquetas aos infernos!
Te amar é Mozart¹, é Lautrec²,
é Caetano³...

É festa de fim de ano,
é estouro de bombas e de boiada.
Tudo lindo, tudo louco...
Ah, pobre de mim,
que não tenho um amor assim...
Foi tudo um sonho.

A.J. Cardiais
16/10/1989
Imagem: google

¹ Wolfgang Amadeus Mozart - compositor austríaco
² Henri de Toulouse-Lautrec - pintor francês
³ Caetano Veloso - cantor e compositor brasileiro
Poeta

Poemas :  Caminho de todos
Caminho de todos
Ando com os pés no passado.
Por isso não ando apressado.
Meu tempo não é uniforme,
e minha alma não dorme.
Ela segue o tempo,
bisbilhotando cada movimento.

Sei de tudo que se passa,
na raça.
Preferiria não saber...
Assim não iria sofrer.

Eu queria era viver
alheio a tudo isto:
toda esta ideia de prazer,
toda esta ilusão, todo dever...

Mas não adianta disfarçar,
nem se vangloriar...
Nós caminhamos
para o mesmo lugar.

A.J. Cardiais
29.08.2011
imagem: google
Poeta

Poemas :  Rodeio
Rodeio
Um índio que ligeiramente passa,
(moderadamente pensa
e age naturalmente),
sente que a vida é uma natureza
de natureza mansa e índole dominada...

O índio é o meu desconhecido lado,
desalentado pelo outro: o letrado,
forrado de papel celofane,
com areia prateada e mil e um
lamês de ilusão...

Nessa mansidão, segue em vão
meu coração de sangue guerreiro dominado...
E não há psicólogo
para retirar de mim os louros e as glórias
deste lado.

Só que minha mente
me provoca um "frouxo arraso”,
quando o outro lado (o letrado)
quer levar uma vida melhor...

Quando ele cobra isso de mim,
coitado do meu índio...
Coitado do meu selvagem,
que encara tudo com esperança...
Que tem fé até em merda de boi.

Pobre índio que mora em mim...
Segue-me, como sempre,
esperando calado,
o sol nascer novamente.

A.J. Cardiais
25.06.1982
imagem: a.j. cardiais
Poeta

Poemas de desamor :  Fingindo
Fingindo
Existem muitos desertos entre nós...
Por mais que eu procure
observar só suas qualidades
você, por burrice ou por "vaidade",
procura acentuar mais
os seus defeitos.

Procuro embebedar-me
com seu corpo,
para esquecer as agruras da vida.
Mas você não me dá guarida.
Você me nega esta bebida.

Não existe um nó, entre nós...
Não existe um laço.
Não existe nada nos unindo.
É só eu cá e você lá:
fingindo.

AJ Cardiais
imagem: google
Poeta

Poemas de amor :  Amor da minha vida
Amor da minha vida
Gostaria muito de dizer que você
é o amor da minha vida...
Mas faltam algumas coisas
para que esta oração
fique inteira.

Não posso dizer,
de qualquer maneira,
porque ficaria esquisita.
Está faltando letras,
acentos e sinais.

É uma oração muito bonita.
Faz milagre pra muitos casais.
Gostaria que isso fosse verdade...
Mas a sensação que me invade,
é de que ela nunca será dita.

A.J. Cardiais
imagem: google
Poeta

Poemas :  Dar vazão para o amor
Dar vazão para o amor
Não posso falar de amor,
se o amor
que para mim chegou,
doeu e acabou...

Nascente de fonte rasa
vaza
no fundo do mundo.

Cresce no centro da terra
e o meu amor
encerra.
Dar vazão ao ódio, não...

Deixarei crescer amor
pela tangente.
Semearei sementes
nas mentes,
varrendo do centro,
o ódio da gente.

Vetar o ódio
e abrir porteiras
para o amor.
Dar vazão a vida inteira...
A vida inteira, amor.

A.J. Cardiais
02.05.1982
imagem: google
Poeta

Poemas :  O caminho de todos
O caminho de todos
Ando com os pés no passado.
Por isso não ando apressado.
Meu tempo não é uniforme,
e minha alma não dorme.
Ela segue o tempo
bisbilhotando
cada movimento.

Sei de tudo que se passa,
na raça.
Preferiria não saber...
Assim, não iria sofrer.

Eu queria era viver
alheio a tudo isto:
Toda esta ideia de prazer,
toda esta ilusão, todo dever...

Mas não adianta disfarçar,
nem se vangloriar...
Nós caminhamos
para o mesmo lugar.

A.J. Cardiais
29.08.2011
imagem: google
Poeta

Poemas :  Você, só no sonho
Num sonho vem você,
linda como quê:
Chuva esparramada de sol.

E me beija, e brilha,
fazendo meu sentimento
endoidecer de amor.

É tudo sonho, beijo, ilusão...
Chuva a magoar meu coração.

Se quero te ver,
tenho que adormecer
para viver
este sonho lindo.

A.J. Cardiais
31.08.2011
Poeta

Poemas :  Poema perecível
Poema perecível
Tenho tanta coisa a dizer sobre mim,
e talvez nem valha tanto,
porque eu tenho um manto
encharcado de ilusão.

Tenho uma opinião
tão contraria de tudo,
que olhando como estudo,
estou sempre na contra mão.

Faço um poema tão livre,
como é livre o vento,
quando não tem cimento
barrando sua direção.

O meu poema é natural:
sem palavra hidrogenada,
praticamente sem sal
e sem conservantes técnicos
para lhe dar mais promoção.

O meu poema é perecível,
e dependente da situação.

A.J. Cardiais
imagem: google
Poeta