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O meu maior pecado é não ser disciplinado... Não gosto de seguir nenhum caminho marcado.
Quando sou forçado, sigo até onde aguento... Quando não dá, arrebento e sigo o caminho do vento.
Nem acorrentado estou preso. Meu sonho, meu pensamento, satisfazem meu desejo.
Minha poesia é o momento. Tudo que eu sinto ou vejo, transforma-se em alimento.
A.J. Cardiais imagem: Google
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Poeta
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Eu não arredo o pé de protestar na poesia, enquanto a ralé comer tanta hipocrisia.
Aproveito-me dos versos e faço meus protestos. Uns dizem que não presto, outros me acham honesto.
Mas uma coisa é dita: uma poesia bonita, não pode ser manifesto.
Tem que ser de utopia para agradar a Academia e enganar o resto.
A.J. Cardiais imagem: Google
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Poeta
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Poeta para quê? Para poetar a vida? Mas o povo não quer saber de poesia. O povo quer é viver na folia.
Para o povo a vida não é poesia... A vida é uma correria atrás do pão de cada dia. E quem ganhou pão demais, agora quer mordomia e nem olha pra trás, para não ver a agonia.
“Viver e não ter a vergonha de ser feliz"...(¹) Quem me diz onde está a felicidade?
Está no medo do covarde, que foge da realidade? Está na coragem do valente, que enfrenta o batente com honestidade?
E o poeta faz o quê? Está no mundo da lua, ou está no meio da rua tentando esclarecer?
“Mundo mundo vasto mundo, se eu me chamasse Raimundo seria uma rima, não seria uma solução".(²)
¹ Gonzaguinha – O Que é, O Que é? ² Carlos Drummond de Andrade - Poema de Sete Faces
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Poeta
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Não sei "destrinchar um poema", como os teóricos fazem.
Também não sei "montar um poema", como eles montam.
Eu só sei equilibrar pedras sobre palavras, e palavras sobre sentimentos.
Formando uma falsa alvenaria, que eu ouso dizer que é poesia.
A.J. Cardiais imagem: google
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Poeta
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A manhã transcorre em poesia... Não quero uma alvenaria de palavras me cercando. Quero meu pensamento solto...
Voando nas asas do acontecimento. Eu quero o momento de uma rima qualquer.
Rimar homem ou mulher... Rimar tudo que vier... Eu quero ver o dia saltitante de alegria, com a brincadeira do sol.
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Poeta
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Vou falar de coisas amenas. Deixar o peso e a podridão da política de lado. Vou falar deste sol frio e que agora senti um arrepio.
Falar dos meus olhos, que vagam como ondas procurando algo que me responda em poesia.
Falar deste dia. Maravilhoso dia... Não está como eu gostaria, e nunca vai estar. A gente só sabe reclamar.
Falar do sol batendo nas casas, e elas apanhando caladas, como que escravizadas...
Estou adorando vagar... Esta falta de responsabilidade, é um bom lugar.
A.J. Cardiais imagem: google
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Poeta
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A minha poesia vai carregando o sal e salgando mais este mar literário.
Ela não tem itinerário: Vai fazendo suas caminhadas aleatórias pelas picadas, evitando o saber sedentário.
Vai invadindo as florestas, fugindo das estradas e tropeçando nas letras.
Quando olha pelas frestas, as ideias escravizadas, tenta deixa-las libertas.
A.J. Cardiais imagem: google
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Poeta
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Quando você sai, é como apagar a luz, ou como desligar o som: eu fico sem.
Sou uma garrafa atirada no mar: fico à deriva, à mercê da correnteza.
Quando você sai, minha poesia chora, cai chuva lá fora,
O relógio perde a hora, o dia pra passar demora... Depois que você vai.
A.J. Cardiais
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Poeta
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Está clareando o dia... Fiquei quase a noite toda acordado.
De vez em quando a poesia deitava-se ao meu lado e contava coisas picantes, para me deixar agitado.
A poesia não sacia sua sede, enquanto a minha rede estiver esticada...
Quando ela me pega de jeito, nós varamos a madrugada.
A.J. Cardiais
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Poeta
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Estou num deserto de inspiração... Nada passa por aqui, nem ladrão. Ele vai roubar o quê? Sei não... Sei não...
Lá fora, falta imaginação. Uma pessoa agoura, tirando minha concentração. Eu tenho cabeça para quê? Sei lá! Pra pensar. Mas a preocupação, tira a poesia do ar.
Faço um poema sem emoção, somente para pirraçar... Talvez forçando a barra, eu consiga me inspirar.
Mas os “teóricos” dizem, que inspiração não existe. Então eu vou transpirar... Vou suar um poema triste.
A.J. Cardiais imagem: google
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Poeta
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