Frases y pensamientos :  Serei só eu? - VIII
Oiço muitas vezes a neta falar das miúdas de 10 anos, que parecem mulheres de 20 anos, na maneira de vestir, mas sem cabeça para o serem. Mal vai o mundo quando se tem 17 anos e já se dá conta que as gerações que vêm a seguir vão ser muito piores, como algumas das suas colegas.
Mas estou confiante, o Anjo da Guarda é dos antigos e vai ajudá-la em todo o momento. Tudo isto não parecendo mexe com o nosso coração e o temor sem darmos conta apodera-se de nós. Tenho um marido feito sombra, só criticar, uma casa que me faz dar 15.000 passos, por dia, um genro que tem sempre temor pelo seu futuro no mundo do trabalho de hoje. A filha que não está acomodada porque tem horário rígido a cumprir, uma neta que começa a abrir a porta de uma nova aventura. As preocupações com todos os que me são queridos e a distância enorme que me separa destes entes, que gostaria que não existisse. Os velhos abandonados pelos filhos sem poderem terminar os seus dias rodeados com carinho, por todos por quem tanto se sacrificaram, partem vazios de afecto.
A falta de humanismo dos médicos o deixa correr dos pais perante o caminho tortuoso que os filhos percorrem.




O futuro – que é já amanhã e que de certeza não vai ser melhor do que o que estamos a atravessar. Da falta de amizade que existe. Hoje tudo é falso. É tudo de ocasião, antes dava-se, hoje empresta-se. Da falta de ajuda a quem mais precisa. Hoje é tudo material, só o dinheiro interessa. Das Igrejas cinzentas, sem imagens, vazias, ocas e sem aconchego, até as velas são eléctricas, com horário para abrir as portas, se são a casa de Deus porque é que estão fechadas?
Porque não posso pedir, rezar, orar aos Santos, já não há. Nas igrejas só há cimento tenho muitas preocupações e interrogações, mas também não há onde e a quem possa pedir ajuda acabam com o chilrear dos pássaros, com o verde das serras e calcinadas - Assim vou ser penalizada, por gostar de ver o pôr-do-sol, o azul do mar, a alegria dos pequeninos, casais de mão dada, do abraço amigo, da lágrima de alegria nos encontros, com pessoas que vivem longe, quando se encontram. Devo confessar que estou de pedra e cal, jamais renunciarei a sentir emoções e a demonstrá-las aos outros. Que se riam, mas eu tenho uma alma e vou preservá-la até ao fim. E tudo farei para nunca mudar de direcção. Nasci com sentido único a minha estrada é recta e sempre em frente. Pobres dos que andam a corta mato. Nunca chegarão a nada, o corpo envelhece, mas a alma revive em cada dia com a simplicidade com que consigamos alimentar os sentimentos nobres.


Ninguém pode apontar-me o dedo de ter abandonado as minhas obrigações, fiz e continuo a fazer da falta de vontade, a vontade para sobreviver, cansada e gasta continuo a enganar quem me vê todos pensam que sou muito alegre, muito bem disposta que sou muito feliz. Deus sabe às vezes o quanto me custa acompanhar a minha filha e neta quando vão a festas ou ao Corte Inglês são horas e horas de pé, levo sempre dois pares de sapatos, para descansar os pés, mas como posso dizer-lhes que não vou,? A tristeza delas é tão grande, que preferem não ir;, nas férias ando sempre de um lado para o outro, até às discotecas vou.
Contei os passos que dei, dezassete mil!!!! Só num dia e em casa.
Este verão vou contar os que dou quando estiver a acompanhar a minha neta, vai ser lindo! É tremendo sentir-me como um saco de batatas a ser arrastado por ela. Nunca digo nada faço de conta. E o comentário é sempre o mesmo. Sou a super abuela. Assim engano, assim faço da idade uma mentira até que tenha mesmo que abdicar.
Quando esse dia chegar vai ser o dia mais triste da minha vida, Para já é melhor não pensar. Entretanto, vou usufruindo o que a vida me dá são pedaços de brocado, numa manta de retalhos, gasta e cansada, não posso deixar de aproveitar os belos e felizes momentos de acompanhar a quem tanto quero e que e me quer.
Poeta

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