DESERTO INQUIETANTE
DESERTO INQUIETANTE
Num caminho de árvores despidas
De onde caiu o dourado do Outono.
Penso em escondidos segredos
Tranquilos degredos
Onde as sombras se encobrem.
Mas há no sol um teimar tão excitante
Que nas mãos escorrem o sentir dilacerante
E as leva a abrir a porta cerrada
De algum deserto inquietante.
Quando tu te escondes
desfaz as alegrias em montes
e me faz derramar lágrimas constantes
E me deixo levar pela ausência e transporto
dos sonhos os olhares ternos de qualquer instante
Mas quando vens e me banha de tuas carícias
me desfaço das sombras e agarro a unha suas malícias
e me faço tão sua, quanto jamais fui minha.
AMOR DE DOIS
AMOR DE DOIS
Rendo-me aos deslizes em que te faz presente
lacrimejo as saudades em gotas de raros cristais
a névoa que se estende é instante querente
em minhas entranhas secretas, ais borboletais
Quem me dera render teus pulsos, todos os carinhos
embebedar-te de meus encantos em pura essência
e revelar-te das inconstâncias, o próprio caminho
absorvendo do destino, qualquer e toda experiência
E no céu verás reluzindo o nosso amor em esfera única
pois bem sabes que a natureza nos julga
e a primavera se vai nas estações mudas
Entre os passos, que, juntos damos sós,
num instante sempre único, nem antes, nem após
Nos amamos em dias e noites de intermináveis sóis.
TEMPO DISTANTE
TEMPO DISTANTE
O tempo parece que para, quando você se vai
sobre a neve do céu, na falta de palavras no papel
quando falta-me o teu ser, sobre as janelas de infinitos ais
e você vaga por ali, e eu aqui, em passos circunstanciais
Sobre as sombras do léu, vestígios de arranha-céus
entre antenas de tv, essa ardente falta de você
nos espaços vagos, tanta saudade a sufocar
esperando sinais de estar, o celular tocar
E a madrugada insiste em ficar,
na mudez que não quer calar
nesta falta de respirar
nesta dor que insiste em gritar
Procuro por ti em ato inconsequente
e decolam os sonhos-canções
neste coração silente, de paz ausente
quando de ti me faltam as sensações
Maldito tempo, que se arrasta em castigo
quando tanto te quero e não está comigo
cada minuto é desatino, é sofrer no infinito.
EU TE AMO!
EU TE AMO!
Amo os teus olhos que são doces
Pois nada te poderei dar senão amor
mesmo que já exausta, é o motivo do meu ardor
Pois tua presença é qualquer coisa
entre inspiração, querer e vida
E eu sinto que em mim há tanto de você
e em minha voz a tanto de sua voz
Pois surges em mim a cada dia
como estrelas num céu incansável
E me banha com tuas gotas de orvalho
me fazendo esquecer a nódoa do passado.
Teus dedos enlaçaram meus dedos
e tu desabrochas sempre para a minha madrugada
nesta estrada deserta, que se fez a tua falta.
E tu nem sabes que quem te colheu fui eu,
porque no grande íntimo da noite
encostei a minha face na tua
e ouvi a tua fala amorosa
E neste tempo suspenso no espaço
Em que vivo a misteriosa essência
deixei de ser veleiro abandonado
num cais de silêncio desordenado
Mas eu te possuirei mais que ninguém
Pois amo-te sem fim no crescer dos dias
dos nossos sorrisos, um amor de alegrias
pois és de mim nada menos que a própria vida
em saltitantes instantes de harmonia
E hoje qualquer palavra é quase nada
diante de mim, de ti, de nós
dos sentimentos que transbordam a verdade
um algo a mais que a felicidade
um amor além da própria eternidade.
Eu te amo, vida!
DEPENDENTE
DEPENDENTE
Estranha loucura essa dependência que me absorve
em que assumo o papel de réu - frente a você
em que não mais me escondo - me entrego, não nego
me pegas com paixão e muito mais lhe quero
nestas carícias de amor sincero que tenho a lhe oferecer
Longe de ti retorno ao vazio angustiado
esgotando os sonhos desmatados
Deito na imensidão e conto estrelas
não sei se infinitas... perdida em suas vãs belezas
perpetuando em gemido o silêncio que morre e renasce
num espelho transbordante de querer
Numa vasta profundidade arde: o amor e a saudade,
nestes instantes de ausência ao qual me faz metade
nestes pingos de chuva, que são lágrimas querendo
de alguma forma transformar nossas realidades...
TODOS LOS DESNUDOS
Yo estaba todavía en la oscuridad y se hundió a su sensualidad
y de pronto, triste, me sonríe desde el cielo, la luna,
Y vino a mí mirándome con ojos brillantes
Si ofrece, tan desnuda, mi oficina
Donde mis labios aterrizó poesía en vivo
que no es más que el amor de la vida misma.
Esa lágrima en mis lágrimas y se ríen de mi risa
ver mis alegrías y mis penas sufrir
El miedo de mi ira, y nido en mi tiempo libre
la quema de color rojo en el pecho blanco
y finalmente se besan los labios con delicadeza
y me afecto mucho en sus ojos, susurrando para mí, princesa!