Nos livros tudo é bonito...

Fecha  10-5-2012 15:26:05 Tema:  Poemas
«Nos livros tudo é bonito, incluindo o feio», Mário Vargas Llosa, Nobel da literatura de 2010.
Não estranhei pois que, recentemente, um escritor inglês da actualidade, Mike Dash, viesse a público defender a tese de que Shakespeare era afinal um gangster.
E ao repassar muito do que se escreve (incluindo os murais e as comunidades internautas) e conhecendo alguns dos autores desses escritos, concluo que Vargas não podia ser mais assertivo.
Em Portugal há um provérbio popular que diz «olha para o que eu digo e não para o que eu faço». Com a necessária adaptação, já faz parte da história da humanidade ver «gentinha» passar por aquilo que não é, porque mais importante do que sê-lo é parece-lo.
Tal como os abutres, de hábitos necrófagos, essa «gentinha» vive acusando os outros dos maiores pecados, imaculados por uma candura e uma virgindade que raia o ridículo, mas prontos a deitar as garras ao espólio, afrontando todos os que se lhes aparecem pelo caminho.
«Gentinha» que pouco ou nada fez pela vida, mas que se julga no direito de julgar os outros, de se impor aos outros e de espezinhar os outros, não respeitando sequer os laços de sangue.
E quando há pais que se queixam, não esqueçamos que do outro lado também há filhos, que alguns pais preferiam que não existissem para não terem de partilhar aquilo que nem a lei recusa. Filhos que devem merecer o respeito dos pais! Mas essa «gentinha» é cega, só olha para si, só se revê ao espelho, autoproclamando-se com direitos divinos, impondo a sua vontade, cega, bélica e indecorosa.
Filhos que passaram a vida ao seu lado, sem nunca pedirem nada em troca, apenas pelo amor de uma relação paternal; filhos que se despediram do emprego para acompanhar os pais na doença; filhos que se privaram dos seus próprios momentos para dar companhia aos progenitores; filhos que partilharam a sua vida para manter os pais unidos… filhos que deviam ser motivo de orgulho de qualquer progenitor. Mas nem sempre é assim…porque há pais e pais.
Por isso, o meu repúdio aos imaculados da autobajulação, aos adeptos da comiseração que lavram na escrita a mentira que lhes alimenta o dia-a-dia.

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