SOU UM DEMOCRATA
Sempre fui um democrata
Sempre me bati pela Liberdade,
Viver sobre a lei da chibata
É viver no medo, na ansiedade
Como democrata que sou
Respeito todas as ideias
Mas estar de acordo,não estou
Com o cântico dessas sereias.
Sereia que engana o povo
Com o seu cínico cantar,
Não trazem nada de novo,
Só prisões para aprisionar.
Não suporto as ditaduras
Sejam de direita ou de esquerda,
Os povos vivem às escuras
Cercados por labaredas.
Prefiro uma democracia imperfeita
Pois que nela vivo em Liberdade,
A uma ditadura muito perfeita
Que nos priva da verdade.
Quem hoje defende Salazar
É porque bem na vida estava
Vivendo sem se importar
Da dignidade enclaustrada.
A. da fonseca
SPA Autor nº 16430
O ESPELHO
Olhei para o meu espelho
E vi um homem que me parecia velho.
Coloquei os meus óculos,
Meu Deus... mas sou eu!
Fiquei incomodado
Não por ser eu!...
A minha consciência interroguei;
Sem óculos, quantas pessoas
Infelizmente já eu mal julguei?
Antes de se julgar quem quer que seja, devemos primeiro nos interrogarmos a nós mesmos e se tivermos consciência, nos julgarmos. Todos nós sem exceção, temos uma nódoa em qualquer parte.
De A. da fonseca
SI UNE PAROLE SOUFFISAIT
Si un seule parole suffisait pour te conquérir
Si un simple regard suffisait pour te captiver
Si un seul baiser suffisait pour pouvoir te séduire
Si un seul geste suffisait pour à tes pieds tomber.
Je te dirais des paroles simples, les plus belles,
Pour que tu ne puisses penser que tout serait fantaisie,
Si peintre j’étais, je produirais la plus belle aquarelle
Et tu serais pour moi, de toutes, la plus belle poésie.
Si nécessaire est, pour toi, des montagnes je raserais
Je viderais tous les Océans pour pouvoir te trouver.
Quand l’amour est fort, il n’y a pas mieux qu’aimer,
Tout je ferais, pour t’avoir dans mes bras et t’embrasser.
Je conquerrais la plus belle plage de sable le plus fin,
Pour sur elle , seulement nous deux pouvoir se promener.
Et au petit matin plonger dans cette énorme piscine
Et après, rouler nos corps et faire de l’amour sublimé
A. da fonseca
MATAM A LIBERDDE
Em Oceano furioso nosso Mundo navega
Lutando contra as vagas que se erguem
Mas a esperança, quase morre nessa refrega
Numa luta desigual e a morte todos temem.
Os Almirantes não conseguem uma decisão
Para evitar a catástrofe que está bem patente
Os capitães lutam para acalmar a apreensão
Que reina entre os marinheiros já descrentes.
Nos beliches no convés da proa até à popa
Os passageiros dessa Nau em puro naufrágio
O medo, a incerteza se apoderou, nada poupa
Alimentando a miséria que é mau presságio.
A revolta começa a se sentir e a populaça
Tenta tomar o comando da Nau à deriva
Mas logo os comandantes nessa desgraça
Matam a liberdade que é a nossa locomotiva.
A. da fonseca
A VIDA É UM POEMA EM PROSA
Lembras-te
Do dia em que nos encontramos
Os nossos olhares cruzamos
E nos embebemos de amor?
Lembras-te
Dos passeios na nossa rua?
A minha mão apertava a tua
E fazíamos a volta do quarteirão
Naquelas cálidas noites de verão.
Lembras-te
Do nosso primeiro beijo?
Os meus lábios acariciaram o teu queixo,
Tu ficas-te petrificada,
Mas num nada...
Tu me deste a tua boca
E eu louco e tu louca
De prazer profundo,
Por instantes pensamos
Que estávamos sós no mundo.
Lembras-te
Do dia do nosso casamento?
Inolvidável momento!
Tu, toda de branco vestida
De flor de laranjeira guarnecida
E eu de fato preto.
E quando lá no Altar
Demos o sim sem hesitar,
A Virgem sorriu ao ver nosso olhar.
Lembras-te
Da nossa primeira discussão?
Que não nos desuniu , isso não.
Foi um grão de areia
Que trazido pelo vento
Na nossa vida entrou
Mas a brisa do amor que nos ligou
Supro-o para longe, não mais voltou.
Lembras-te do dia em que me disseste
Que eu ia ser papá?
E tu quiseste
Que fossemos comprar o enxoval
Sem saber se azul ou cor de rosa,
Mas qual importância?
A vida é um poema em prosa
Cantado pelo rouxinol num roseiral.
Lembras-te
Quando o fruto do nosso amor
Abriu os olhos para a vida
E um enorme calor
Invadiu os nossos corações?
Nós ficamos mais ricos e as emoções
Que esse dia nos trouxe
E tu pensas-te que eu não fosse
A partir daí o teu único amor.
A neve cai.
E o seu manto branco brilha na noite.
Noite de inverno, noite escura
Noite longa mas que nos dá a ventura
De poder admirar as labaredas na lareira
Que aquecem nosso lar, nosso ninho.
Admirar extasiados, nosso netinho.
Relembrar o passado, sempre presente,
Porque o nosso amor, jamais esteve ausente.
Vejo-te sempre toda de branco vestida.
De flor de laranjeira guarnecida!
Lembras-te do meu fato preto?
Lembras-te?
A. da fonseca
Leia mais: http://www.luso-poemas.net/modules/news/article.php?storyid=24178 © Luso-Poemas
ESQUECENDO O MUNDO
Dia de sol, passeio na areia e admiro o oceano.
De tempos em tempos uma vaga chega até mim
Molha-me os pés me provocando, fica a espuma,
Espuma, que me fez ficar triste pensando ao nosso amor.
Assim os meus pensamentos voltaram ao passado
Um passado que tantas saudades deixou em mim.
Desses momentos de loucura de amor em liberdade
Das noites em que os nossos corpos se entrelaçavam.
As nossas lágrimas corriam de prazer, também salgadas,
Como esta água do mar que teima em me provocar
Como tu o fazias com o teu sorriso de felicidade
E eu me perdia nos teus braços, esquecendo o Mundo.
Hoje as lágrimas também correm mas não de prazer.
Correm para o mar o tornando assim mais salgado.
As vagas que vão chegando pouco a pouco até mim
Não são que a espuma de um amor jamais esquecido.
A. da fonseca
MOMENTO INFELIZ
Sou fera
Sou Anjo
Sou quimera
Sou banjo
Se fera ferida
Ataco feroz
Aureola perdida
É corda partida
Instrumento atroz
Quimera banida
Momento infeliz,
Tiraram-lhe a vida
Feriram-lhe a raiz
A. da fonseca
AMISADE, AMOR, SIMPATIA
Passeio num prado de letras de versos e de rimas.
Respiro o ar puro da paz e do amor que nele reina.
Vejo as letras que passeiam com os irmãos e primas
E o meu espírito respira livremente nada o queima.
Mais além vejo um poema de amor em pleno prado
Não me aproximo, leio à distancia; não o incomodo,
Aprecio e sei que tem um coração para ser amado
Qual paixão apaixonada de amor, tudo é um todo.
Olho em redor e mais longe um poema dedicatória
Representa a amizade que deve de existir em nós.
Sem hipocrisia, sem cinismo, mas bem natural.
Amizade, amor, simpatia mesmo que seja virtual,
É o que ser humano precisa, é a melhor vitamina
Para que o corpo, a mente, o coração sejam roseiral
A. da fonseca
CONTINUO A PROCURAR QUEM SOU
Brevemente mais um Natal que bate à porta.
O que mudou nesta sociedade depois do ultimo?
Nada! Ou sim, piorou, a miséria se exporta
Quantos continuam sem saber quem são,
Quantos ainda continuam a dormir no chão.
Procuram calor, procuram amor, procuram ser
Mas não sabem ainda se são seres humanos
Ou se são feitos de ilusões, de nada, de enganos.
Procuro saber quem sou, não tenho resposta
Procuro saber onde estou, estou numa sociedade
Sem,condescendência sem coração, sem atenção
Nem todos os seres têm o mesma possibilidade
Passam por nós como quem passa ao lado de nada.
Mas porquê? Somos seres considerados humanos
Há os que são privilegiados, outros vivem de enganos
Muitos sorrisos, palmadinhas mas sem sentimento
Os punhais sempre afiados sempre prontos a ferir
Enquanto a nossa dignidade sangra, eles ficam a rir.
Mas não fazem por mal, eu até os compreendo,
É simplesmente por cinismo por cobardia, sem coragem
Por nos dizer em face, não, não gosto de ti, não és nada!
É na verdade triste que haja quem acredite em fadas
Eu continuo a acreditar que a amizade mesmo virtual
Deve de ser respeitada senão corta-se o cordão umbilical
Que nos liga sem nos conhecermos, nem todos, certo,
Que por vezes longe , por vezes perto, nos dão o ombro,
Que nos dão calor com as suas palavras verdadeiras
Nos aquecendo a alma e acreditamos que somos alguém.
Eu há muito que procuro a amizade sincera tão almejada
Mas quem sou eu? Sou alguém sem interesse, não sou nada
Mas pouco importa, sou como sou ninguém me mudará
A minha dignidade nasceu comigo e comigo morrerá
A. da fonseca
A VIRAGEM DAS NOSSAS VIDAS
Lembras-te quando nos encontramos
Os nossos olhares cruzámos
E deles saía o esplendor do amor?
Quis pedir a tua mão, não consegui
Mas vi que aguardavas o meu pedido.
Mas na beleza do teu sorriso
Não tinha palavras, eu me senti perdido.
Aproximamos-nos e murmurei palavras
Que nem eu mesmo compreendi
Mas tu sim, pois que tu esperavas por elas.
Disseste-me mais tarde que não resististes
Porque as minha palavras eram palavras de amor.
Queria pedir a tua mão mas como dizer?
E então num momento de coragem...
Não te pedi a mão mas as duas,
Tu me as destes e selamos esse momento
Com demorado beijo e foi a viragem
Das nossas vidas.
Vidas de amor acorrentado
A dois corações apaixonados !
A. da fonseca
SPA autor nº 16430