RESTA-ME
Salvo do naufrágio,
Agora ando exilado em mim.
Buscando o que não perdi,
Encontrando o que nem sei.
Respiro uma vida, enquanto aspiro outra;
Dividido entre elas, não inspiro nenhuma.
Mantido só pela razão,
Temo e não arrisco nada.
Crio fórmulas sem formas,
Componho músicas sem letras.
Ao medir-me, constato limites,
Reconheço que pouco me conheço.
Também não entendo o que se passa,
Tampouco, em tudo consinto.
Resta-me a esperança que ainda tenho em Ti,
Resta-me o conforto que ainda vem de Ti.
por Magno Ribeiro em 20/9/2009 às 5:00h
A CHEGADA
Quando chegou, eu ainda Te esperava;
A retina já embaçada,
Subitamente tornou visível o Teu invisível rosto.
Os meus ultrapassados limites,
Passaram entrever doces horizontes,
Somente porque Tu chegaste.
Se não fosse a dolente espera,
Queria eu Te esperar mais vezes,
Tudo para divisar Tua sutil aproximação.
Quando Tu chegas,
A imaginação cede lugar ao real,
E o silêncio converte-se em euforia.
Porquanto, já não careço saber onde estás,
Conquanto a espera cessou.
Tu estas bem aqui!
Por Magno Ribeiro em 1/4/2009 (04h45min)
ESCOLHAS
Arrisquei-me escolhendo!
Bifurcações se multiplicavam diante de mim.
Quanto mais atraente fora a rota escolhida,
Tanto mais forte colidi, ao final fracassei.
Dos fracassos de ontem,
Restou-me a timidez de hoje.
Ainda arrisco-me quando escolho!
Nem sempre escolho o que quero,
É no que não quero para onde se inclinam minhas tendências.
Convivo nesta contínua peleja,
Da pertinácia que emerge dos meus tecidos,
Com o que busca inovar os meus sentidos.
Agora mesmo preciso escolher!
Desde já corro riscos.
Se enxergar o que perversamente me atrai,
O que é benévolo, o que me encanta, distancia-se de mim.
Felizmente já não mais estou só,
Fui escolhido, logo pressinto o que devo escolher.
Por Wittembergue Magno Ribeiro em 12/4/2009 às 12h30min
Meu eu e eu
Envolveste-me com tamanha sutileza,
Que por épocas sequer percebi.
Agi como um tolo,
E em tolo me tornei.
Segui por incontáveis caminhos, todos teus,
Deixei-me ser levado por tuas quimeras,
Não pensei na dor,
Mas seria óbvio que viria.
Despercebido protegi-te,
Enquanto desprotegia-me.
Não obedeci aos sinais,
Fui ultrapassando todos os limites;
Veloz, não foi possível parar sem me machucar.
Que insensatez!
Quanta estupidez!
Felizmente você, meu eu,
Já não mais tem absoluto influxo sobre nossa vida.
Tuas palavras já não me embebedam nos primeiros goles,
Seria preciso alto teor para tanto,
Seria preciso mais que um dia,
Entretanto, vivo só por hoje.
O amanhã não mais a mim pertence,
Tampouco a ti.
Quando acordo, já não é você quem procuro,
E como não te procuro, me encontro.
Encontro-me, mas não em mim,
Alcancei enorme graça,
Fui perdoado e me perdoei.
Que alívio!
Quanta sorte!
Por Magno Ribeiro em 9/6/2009 às 22h34m.