Despedida de um encontro
o mundo gira
o sono não me procura
o choro aparece com lágrimas de sangue
relembro o parto que me trouxe
pacto de dor ou alegria na caminhada
estrada real
pele e osso que me cobre
sem o frio da noite
pobre ser que adormece com o cantar matutino
verde das folhas cobre minha visão
chega outro dia
Crônica da Vida e morte
Abraçadas, descem ladeiras
Sobem ruas
A vida fala com a morte
A morte fala com a vida
De mãos dadas
Contam segredos
Abraçadas, uma tem medo da outra
Falam do futuro
Juntas, falam do presente
Abraçadas, falam do passado
A vida pede perdão à morte
A morte encoraja a vida
Juntas, bebem o mesmo remédio
Uma dorme ao lado da outra
Abraçadas, sobem à montanha
Colhem as flores
Enfeitam seus aposentos
Sempre juntas
A vida ajuda a morte
A morte ajuda a vida
Abraçadas, batem à porta
Trazendo esperança às outras
Desejam saúde à vizinhança
Sempre de mãos dadas
Abraçadas, uma parece com a outra
Uma sorridente, a outra chorando
Juntas, encontram na festa
Na despedida, a vida aperta a mão da morte
A morte chora ao deixá-la só.
Mudo
Calado ouço
O santo me avisa
Seguro o choro
Não sei expressar
Amigos de coração
Falo como irmão
Espero o sorriso
Amigos no dia
Juntos em união
Calado e triste
Sonho subir ao monte
Longe daquela tristeza
Despertando o sono
Sentindo o trilho da lágrima
Ouvindo o céu
Conversando com as estrelas;
Cheiro de alecrim
Andando para lá e para cá
procurando você naquele lugar
sentindo cheiro de alecrim
acabo de encontrar
nunca pensei em te perder
quero agora você sempre junto de mim
nunca mais ter que procurar
Encontro
Levanto a mão
O salvo é para o Chico
O sorriso de Alessandro
Abaixo a voz
Fico sóbrio
Tento falar
no tom da voz
O toque me faz aprendiz
Choro no escuro
O silêncio na boca
A rosa caída
O cheiro de jasmim
Um corpo no escuro
Vozes femininas
O medo do homem
Palavras gritadas
Um tiro no escuro
Palmas de crianças
Um canto infantil
Beijos de adultos
Um choro no escuro
Cores apagadas
Recordando passado
Lágrimas nos olhos
Um quarto escuro
Um filho solto
Palavras de esperança
O suor no rosto queimado
Pele lisa no escuro
Brotos na roseira
Suspiro de mulher
Desejo de um beijo
Vozes vindas do escuro
Abraço de dois apaixonados
Olhos vendados
Futuro desejado
Caminhando no escuro
O Tião, sô tião
Numa manhã sólida
Nascia um pássaro
Criou asas, voou, voou e pousou
Nas asas de outro pássaro
Disseminou honestidade e esperança
Com exemplos da razão
Partiu levando choro com lágrimas límpidas
Voou, voou e alcançou novos pássaros
Escondidos de nossa visão
Amigos felizes e alegres, saúdam sua chegada
Com a mesma calma e humildade que sempre foi seu perfil
Em outro espaço viverá
Com seus braços abertos, outros, na sua casa receberá
A vida é curta
Em qual dimensão a gente se encontra?
Quando é curta, quando é longa?
Apenas acordamos, quando já vivemos muitos anos
A vida é curta ou longa conforme a qualidade de vida levamos
Na juventude enxergamos curtição e aventura
Na maioridade vivemos relembrando o que já foi vivido
A vida é curta se dela vivemos intensamente
Jeito de ser
Não quero dor
quero é cheiro de flor
dentro deste pensamento, deixo um marcador
feliz por saber onde estou
enamorado estou
bons versos no pensamento ficaram
Um recado
Sem distinção de cor
Levo uma flor
Entrego na mão
Beijo sua maciez
Perto da montanha
Peço que venha
Seu jeito de olhar
Me faz chorar
Um jogo jogado
Sem ser fadado
Na madrugada
Entendo sua jogada
Flor que a tenho
A cor me faz fanho
Voz meiga
As vezes me cega