Chance
Descalço na areia frente ao oceano
A onda vem e molhas os meus pés
E conseqüentemente
Volta para os seios do mar
Por que não posso voltar;
Assim se faz o vento
Vem de onde não se imagina
E vai para onde ninguém determina
Assim sou nessa sua vida;
Preciso apenas uma chance
Pra recomeçar,
Você precisa de um milhão
De motivos pra me aceitar;
A imensidão do mar me deixa muitas dúvidas
Tamanha é a grandeza da sua solidão
Não é diferente no deserto que
Mostra-se no meu coração
Sem você não faz sentido a vida
Preciso apenas uma chance
Pra me encontrar;
Estou perdido nas esquinas
Embriagado neste bar
Pedindo pra voltar;
Existe uma vontade dentro do meu peito
Pedindo pra gritar
Mas o silêncio que descansa nos teus olhos
Impedem-me de falar
Preciso de um instante para respirar
Preciso de uma chance pra recomeçar.
Pelo autor Marcelo Henrique Zacarelli
Janeiro de 2002 no dia 08
Itaquaquecetuba (SP)
A História da Bola
Lá vem a bola
Desacreditada de si mesma
Às vezes vem rolando, chorando...
Lá vem ela
Otimista procurando o gol
Insatisfeita e realista
Vem sendo chutada desprezada
Um pouco apressada
À procura do gol.
Lá vem a bola
Indignada por si mesma
Nos campos de pelada
Maltratada e pisada
Lá vem ela
Oportunista e mal intencionada
Protagonista da garotada
Um pouco cansada
A caminho do gol.
Lá vem a bola
Idolatrada, mas não por si
Observada pela torcida impaciente
Adorada e odiada ao mesmo tempo
Lá vem ela
Disputada e disparada
A caminho do gol
Mas a trave desesperada a impede
A incrédula bola
Despede-se do gol.
Lá vem a bola
Estática por si mesma
Ansiosa na marca da cal
Com frio na barriga
No momento do gol
Lá vem ela
Espalhafatosa e veloz
Rompendo a linha divisória
É gol... I ki golaço!
Como diria Silvério;
Alegria de uns
Tristeza de outros
Lá vem a bola outra vez
A caminho do centro
Carregada com tristeza
Por quem a pegou.
“Esta é uma justa homenagem à bola
Que em um espaço de 90 minutos
Pode fazer sorrir e chorar
“Ao mesmo tempo uma mesma pessoa”.
Pelo autor Marcelo Henrique Zacarelli
Agosto de 2003 no dia 05
Itaquaquecetuba (SP).
ÁGUA BARRENTA
ÁGUA BARRENTA
Lavadeira menina, na beira do rio...
Trouxa e sabão parecem tua sina
Logo pela manhã te aqueces do frio
Das rotinas esfregadas, lavadeira menina;
De sorte que o sertão de Pernambuco
Mais judia o sol que fascina
Volta os trapos quase enxuto
No balaio na cabeça da menina;
São dez irmãos e muita peça feminina
Na trilha que desconfia teus pés
A caminho do rio, lavadeira menina;
E voltas do trabalho árduo, como aguenta!
São muitas as tuas lavadas
Por causa desta água barrenta.
(soneto)
Pelo autor Marcelo Henrique Zacarelli
Dezembro de 2008 no dia 23
Village Itaquá
De sorte que o sertão de Pernambuco
Mais judia o sol que fascina...
Peito Traidor
Tuas mãos me acolhem
No teu peito que é traidor
Tuas palavras impuras
Contaminam meus sentimentos;
Como um pombo ferido
Lanço-me em teus braços
Em busca da cura
Em busca de abrigo;
Acalentas-me do inverno que é duro
Tomas-me em falsos desejos
Quando renasço em amor e sussurros
Quando me matas
No veneno dos teus beijos;
Venho a dormir
De uma noite cansada
Uma noite fria
Sem vida e sem cor
Sonhando acordar
Nos seios da amada
Que me acolhes em teu peito
Que é traidor.
Pelo autor Marcelo Henrique Zacarelli
Junho de 2000 no dia 04
Itaquaquecetuba (SP)
O Pé Feio de Gesimara
Gesimara;
Meio que na marra
Contou-me segredo
Que anda descalça
Meia que com medo
Meia que sem graça
Por que tem pé feio.
Gesimara;
Virgem Maria dos céus!
Este que são pés teus
Não há quem veja
E que não perceba
E que não duvide
Ser obra de Deus.
Gesimara,
Meio que na farra
Quase me escondeu
Chinelo de dedo
De rosa vermelho
Que se escafedeu,
A que mal te pergunte
A alguém que curte
Estes pés teus.
Homenagem a Gesimara Félix da Silva.
Pelo autor Marcelo Henrique Zacarelli
Novembro de 2002 no dia 11
Itaquaquecetuba (SP)
Coração Doente
Quando dói o coração
Não tem jeito
São lágrimas que vem de dentro
Do fundo do peito
Não sou perfeito
Sou pensamento
Sou folha seca
Que baila no vento
Sem tom, sem cor, sem sabor...
Barco que navega entre a dor
Encalhado no porto
Sem calor, sem amor...
Deveras, eu soubesse
O dia de amanhã, zombaria de hoje...
Esqueceria o ontem
Renasceria depois de amanhã
Mais... Quando dói o coração
O orgulho chora baixinho
De mansinho, bem de mansinho...
É o medo da solidão
Se faz presente todo momento
A transparência do sentimento
Não a hipocrisia, apenas lamentos...
Liberdade sofrida de expressão
Os olhos falam o que sente o peito
Pudera olhares em meus olhos
E conversares com meu coração.
Pelo autor Marcelo Henrique Zacarelli
Julho de 2002 no dia 22
Itaquaquecetuba (SP).
Leite Derramado
Sobre o olhar incrédulo e desatento
O leite ferveu, subiu e derramou...
E por quase dois segundos
O fogão não reclamou
É um sujo que se limpa com o pano
Desperdício de alimento, ou engano...
Fruto do organismo mecânico
Ou pensamento;
Talvez se o leite não agisse tão rápido
Contrariando a lei da física
E do calor não derramasse
E a sujeira no fogão espreguiçasse
Não se teria em vão a solução
E os olhos estáticos
Por um momento não fitassem
O que iriam pensar?
É certo de que o pensamento é lento
Quando o leite derramado de besteira
Por ser leite e não pensamento
Não pode retornar a leiteira.
Pelo autor Marcelo Henrique Zacarelli
12/novembro/2002 Itaquaquecetuba (SP).
No Silêncio do Seol
Quero ser o seu poeta
Seu amigo destemido
Ser um cântico sofrido
A bebida predileta.
Quero ser o seu caminho
Pelos campos ou deserto
Quando longe ou bem perto
Emprestar-te o meu carinho.
Quero ser a sua bravura
Sua conduta na coragem
A esperança na mensagem
Sentimento que perdura.
Quero ser tua inspiração
O acalento do teu colo
A firmeza deste solo
O pulsar do coração.
Quero ser a ansiedade
Do teu peito sem maldade
No teu corpo à vontade
Dos teus dias a saudade.
Quero ser a tristeza
De um dia sem sol
Ser a alma que descansa
No silêncio do seol.
Pelo autor Marcelo Henrique Zacarelli
Setembro de 2001 no dia 25 Itaquaquecetuba (SP).
Amor pela Metade
Saudade como dói esta saudade
Dentro do meu peito
Do meu lado esquerdo;
Maldade por que fica esta maldade
Junto do meu leito
No meu pensamento;
Tristeza me invade a tal tristeza
Minando minha alma
Tirando minha calma;
Madrugada, quando cai a madrugada
Sinto-me tão sozinho
Falta-me um carinho;
Verdade, só existe uma verdade
Que eu sinto a tua falta
Do desejo que me assalta;
Certeza só me falta uma certeza
Da certeza que me amas
Do meu corpo que reclama;
Esperança, só me resta uma esperança
De esperar por esta tarde
Nem que for a eternidade;
Um amor pela metade
Quem espera sempre alcança.
Pelo autor Marcelo Henrique Zacarelli
Outubro de 2001 no dia 09
Itaquaquecetuba (SP).
A NOSSA TRILHA
A NOSSA TRILHA
Produzido por zacarelli
As pessoas se entusiasmam, outras duvidam...
Não cruzemos os braços agora
Estamos no circulo do nosso limite
No ápice do acreditamos.
Há um pouco de nossas pegadas naquela trilha
Há um pouco de nossa alma naquela ilha.
As portas ainda estão abertas
Muitas pessoas passam Por ela
Devemos continuar com a nossa missão
Com a nossa força e auto crítica.
Tudo que temos é o que carregamos conosco
Seria talvez a hora de aceitar a ajuda de um estranho
Dê um gole nesta bebida
Sinta o amargo que é duvidar
Só não perca a sensibilidade dos teus passos
Não deixe jamais os rastros dessa trilha se apagar.
Há um pouco de nossas pegadas naquela trilha
Há um pouco de nossa alma naquela ilha.
Escrito por Marcelo Henrique Zacarelli
Mauá fevereiro de 2006 no dia 26
Seria talvez a hora de aceitar a ajuda de um estranho
Dê um gole nesta bebida
Sinta o amargo que é duvidar...