Sonetos :  Fofoca ou desabafo
Jogo tanto “poema” fora,
por me recusar a escrever
sobre tudo que me aflora,
como se fosse um dever.

Por que o povo tem que viver,
tudo que me acontece
e que me apetece?
Onde está o saber?

Isto é só um desabafo.
Aí, quem lê diz: ah, isso eu faço.
E começa a desabafar...

O poeta que se toca
e não gosta de fofoca,
guarda-se no seu poetar.

A.J. Cardiais
03.08.2016
Poeta

Sonetos :  Na quietude do poema
Viver é uma mistura
de tudo: tristeza, alegria,
religião, ambição, cultura,
tempestade e calmaria.

Harmoniosamente tento,
na quietude do poema,
acomodar meu sentimento
sem transforma-lo em dilema.

Quem gosta de sofrimento
assiste novela
como divertimento.

O que passa na tela
só serve de alimento
para uma alma singela.

A.J. Cardiais
16.09. 2017
Poeta

Sonetos :  História irreal
Bebo um gole de poema
e me embriago.
Fumo um verso, trago,
mas não trago nada à tona...

Aí o poema me abandona,
me deixa na mão...
O que fazer,
com esta situação?

Uma interrogação entra,
pela minha venta,
e vai cobrando um final.

Poeta é um ser anormal
que, quando divaga inventa ,
uma história irreal.

A.J. Cardiais
24.07.2016
Poeta

Sonetos :  Inspiração e respiração
Não coloco hora no poema,
porque hora não é problema
para quem gosta de poetar.
Então só procuro datar.

A data serve para mostrar
a evolução (ou não) do poeta,
e também que a inspiração
não segue uma linha reta.

Os altos e baixos nas criações,
devem-se às várias razões.
É como o pulsar do coração:

Hora sim, hora não...
Algumas vezes me inspiro.
Outras vezes respiro.

A.J. Cardiais
03.08.2016
Poeta

Sonetos :  Abuso de poder
Talvez por ter fama,
ele deita e rola na grama.
Faz de tudo com o poema
e ninguém reclama...

Talvez por ter fama,
ele pisa na lama,
diz que é um poema
e a platéia conclama...

Ele comete um pecado
mas, porque é consagrado,
ninguém acha errado...

Enquanto o povo comer calado,
com medo de ser subestimado,
sempre será prejudicado.

A.J. Cardiais
10.07.2016
Poeta

Sonetos :  Conclusão informal
Os poetas não se repetem.
Cada um tem sua ladainha,
seu barbante, sua linha,
seu jeito de bordar ideias.

A poesia nasce nas veias,
e corre para o cérebro,
tentando pular fora.
Quando consegue, vai embora...

Poesia é como um passarinho
querendo sair do ninho,
para brincar no terreiro.

O poeta é só um hospedeiro.
Ele hospeda a poesia,
dentro de sua filosofia.

A.J. Cardiais
14.07.2016
Poeta

Sonetos :  O calcanhar de Aquiles
Ter sucesso é encontrar
o "calcanhar de Aquiles".
E o calcanhar é o amor.
O amor de qualquer forma:

O amor fora da norma,
o amor cheio de dor,
o que não se conforma,
o que não dá valor...

O que não se explica,
o que se complica...
Enfim, o amor vario.

É o amor que dá emoção.
Quando ele entra no coração,
a gente diz: puta que pariu!

A.J. Cardiais
08.07.2016
Poeta

Sonetos :  Não podem este amor
Não podem este amor
que estou sentindo...
Deixem-me viver sorrindo,
curtindo este sabor.

Quando ela vem,
querendo dar e receber,
não tenho como me conter:
corro para o meu bem.

Deixem os teóricos criticarem,
deixem os intelectuais falarem,
deixem as pessoas rirem...

Este amor que estou sentindo
e que me faz viver sorrindo,
pode significar que estou "partindo".

A.J. Cardiais
18.01.2016
Poeta

Sonetos :  Abdução Sexual
Ela fica diferente,
quando a gente faz amor.
Ela fica numa boa...
Parece outra pessoa.

Ela, que é tão exigente,
se entrega docemente
quando estamos amando.
Parece que está flutuando...

Ela fica sussurrando
coisas sem sentido,
me deixando envolvido.

Aí o soneto vai nascendo,
vai crescendo, me absorvendo...
E eu acabo sendo abduzido.

A.J. Cardiais
24.01.2017
Poeta

Sonetos :  Soneto seco
Nada como se apaixonar...
A mente navegando em problemas,
não rima com poemas
e não tenho o que me inspirar.

A vida do poeta
às vezes é um porre.
Quando um poema nos socorre,
nossa felicidade fica completa.

Mas não adianta rimar
sem sentir prazer...
É como se fosse um dever.

Se fizer um "soneto seco",
na hora de declamar,
não provoca nenhum eco.

A.J. Cardiais
23.06 2017
Poeta