Poemas :  Fumaça
Poesia é fumaça
de incenso.
Onde ela passa
tudo fica intenso.

O poeta é uma traça,
que disfarça
o seu momento,
fazendo da poesia
seu alimento.

Poesia é sentimento
montado em palavras
que, com suas clavas,
tenta modificar
a realidade.

A.J. Cardiais
17.09.2019
Poeta

Poemas :  Pregando uma vida simples
Pregando uma vida simples
Vivo pregando uma vida simples,
porque vivo uma vida simples.
Mas eu levo uma vantagem enorme
sobre os outros mortais:
A minha vida é cheia de poesia.

Então eu tenho o sol,
tenho a lua, tenho o vento...
Tenho esse céu imenso
que me faz viajar.

Quando a coisa “está braba”,
eu consigo sonhar.
Quando quero respirar,
sento-me para escrever.

É... A minha vida
não é tão simples assim,
não é mesmo?
Vou parar de pregar
esta “besteira”.

A.J. Cardiais
imagem: a.j. cardiais
Poeta

Poemas :  O poeta e os sonhos
Para que serve o poeta,
enquanto está em fermentação?
Sua poesia não vale um pão.
Seu poema não para a escravidão,
e sua dor é só sua,
não da multidão.

O poeta rabisca o caderno,
cisca no inferno,
queima pés e pestanas,
queima a última grana
apostando em um sonho...

Ah pesadelo medonho...
Quem quer poesia?
Quem quer a ousadia
de quem vive um sonho?

A.J. Cardiais
Poeta

Poemas :  Metáforas - 2
Aprendi metáforas com meu pai.
Ele só bebia café forte.
E o nosso, por ser fraco,
ele chamava de "mijo de barata".
Até hoje eu só bebo "mijo de barata".

Ser poeta é isto:
Observar as nuances da vida,
e infecta-las com metáforas.

A.J. Cardiais
05.05.2017
Poeta

Poemas :  Poeta - o clandestino
O poeta pede carona às palavras
para seguir sua estrada...
O poeta é um clandestino,
neste país chamado vida.

Seus argumentos
não valem de nada,
pois seu futuro
é uma onda passada.

O que faz o poeta aqui,
no meio dessa podridão?
Será ele um espião?

O poeta observa as nuvens,
enquanto a multidão
observa o cifrão...

Será que ele conversa com Deus?
Será que está pedindo perdão?
Ninguém sabe... Nem ele!

A.J. Cardiais
Poeta

Poemas :  Epitáfio
Antes de qualquer coisa, sou poeta...
Antes de qualquer trabalho,
antes de qualquer penduricalho,
sou poeta...

Adapto-me,
acomodo-me,
aquieto-me...
Mas continuo poeta.

O meu olhar, o meu sentir,
o meu viver, é de poeta.
Não quero tocar a lira,
porque outros poetas tocaram.
Não quero ganhar objetos,
porque outros poetas ganharam...

O que eu mais queria ganhar
para me identificar,
eu já ganhei: foi a estrada.
Só espero que ao finda-la,
quando me colocarem na vala,
escrevam na minha lápide:
aqui jaz um poeta.

A.J. Cardiais
09.03.2019
Poeta

Poemas :  Poema – o surto do poeta
Um poema não diz tudo sobre o poeta...
Mas diz sobre seu momento,
sobre sua nuvem cigana,
sobre seu pé de vento.

O poema é o surto do poeta.
Ele mostra este surto,
quando escreve loucura,
e quando rasura
a realidade.

O poeta, na verdade,
é um "maluco beleza".
E para ter certeza
de que vive a realidade,
passa tudo para o poema.

A.J. Cardiais
18.10.2015
Poeta

Poemas :  Poetizando momentos
O poeta, quando não passa seu tempo
observando e poetizando
os fenômenos da vida,
passa seu tempo poetizando
seus amores e desamores;
suas venturas e desventuras,
como se tivesse entregando "na bandeja"
as soluções (ou explicações)
dos problemas da Sociedade.

O que a Sociedade não sabe,
é que para o poeta,
viver, sentir e amar,
não precisa ser literalmente "na pele"...

O poeta pode viver, amar e sentir,
sem nunca ter vivido, amado ou sentido nada...
Para o poeta, viver não é uma questão de amar,
estar ou possuir.

Para o poeta,
viver é muito mais que isto:
viver é um sonho.

A.J. Cardiais
31.08.2017
Poeta

Poemas sociales :  Poema do fundo do poço
Preciso fazer um poema
que mostre que estamos
no fundo do poço.

Preciso mostrar que o poeta
é de carne e osso;
não é um super-herói.
Ver o povo sofrendo dói...

Enquanto o país está afundando,
os políticos continuam roubando,
e o pobre do povo acreditando
que esse bando de ladrão
resolverá nossa situação...

Em qual encarnação?

A.J. Cardiais
26.03.2015
Poeta

Sonetos :  Entre papel arrugado.
Un viejo poeta alado
Que vuela la tumba helada
Siente que tiene clavada
Las garras de lo creado.

Escribe un poema amado
Por su musa que inspirada
No es real, es inventada
Claro oscuro apasionado

Entre papel arrugado
Escritos que no son nada
En arcones arrumbado

Vaga su don escoltado
Por su rima desgarrada
Vieja herida del pasado.


Por Conrado Augusto Sehmsdorf


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