Sonetos :  Sem querer mentir
Sem querer mentir
Só gosto de falar de amor
quando estou amando...
Não sei ficar inventando,
procurando metáfora em flor.

Só gosto de falar
do que eu estou sentindo.
Não quero ficar mentindo,
criando por criar.

Escrevo coisas esquisitas,
que nem sempre são bonitas,
mas vem do meu olhar.

Como quem toca “de ouvido”,
eu toco meu verso comovido.
Sem ligar para dó, ré, mi, fá.

A.J. Cardiais
imagem: google
Poeta

Poemas :  No vento da literatura
No vento da literatura
Gosto quando a poesia
chega de surpresa...
Pode não ter beleza,
mas que tenha amor.

Como se saída de uma flor,
para enfeitar a vida,
vai bailando distraída
sem nenhum temor.

Gosto da poesia,
como um beijo roubado.
Como um beijo estalado
numa face dura,
para aliviar a dor
de toda amargura.

Gosto da poesia pura,
da poesia sentimento;
Da que navega no vento
da literatura.

A.J. Cardiais
imagem: google
Poeta

Poemas :  ELEGIA DEL TACTO
ELEGIA DEL TACTO

Es el instante en que la sumergida flor del tacto,
la flor única,
de pétalos móviles
distribuídos en los dedos,
se inclina suavemente para soñar.
Y sueña.
El tacto
sueña
con térmicos y largos promontorios,
y con profundidad de terciopelos
a nivel de latentes superficies.
Toca las perlas que no hallamos en las bajas mares
del ser líquido.
Sepárase del cuerpo y así la flor del tacto
sostiénese en atmósferas astrales,
y danza
como la luz,
el tacto
danza
en un difuso mundo de sedas y de espinas.
La piel tiene ese ambiguo color de la hierba madura
en la sombra.
Las voces del día
duermen,
coronadas de musgos silenciarios.
Tenue respiración impulsa el pecho,
como rosada y tibia nave por mar híbrido.
Los párpados se abren y cierran lentamente
como valvas de hipnóticas conchas,
y el tacto,
la flor única
y espectral, incolora, alimentada
por honda sangre aérea,
crece.
Y su nocturna hostia multiplica
sobre el tallo de la absoluta calma.
Poeta

Poemas :  Minha vida teatral
Minha vida teatral
Minha vida é uma arte.
Invento um amor,
invento uma dor,
para sobreviver
ou para sofrer.

Minha vida é uma arte.
Ela está em qualquer parte,
em qualquer flor,
em qualquer lugar:

Nos olhos de uma menina,
nos lábios, no andar,
no vestir, no calçar...
Eu qualquer lugar:

Numa feira, num curtume,
num bordel, num curral
cheirando estrume...
Vaqueiros aboiando,
gados ruminando...
Mas eu não estou lá.

Estou aqui, cá, no meu lar,
vivendo tudo isso,
numa parabólica natural...

Este é o meu bem,
este é o meu mal,
esta é minha vida teatral.

A.J. Cardiais
imagem: google
Poeta

Poemas de amor :  Corpinho de flor
Corpinho de flor
Amei...
Ela, com aquele corpinho de flor,
despetalou-se em meus braços,
perfumou-me de amor
e saiu enigmática...

Hoje espero seu desabrochar
num sonho qualquer,
num cálice ou, preferencialmente,
numa manhã ensolarada.

A.J. Cardiais
07.01.1990
imagem: google
Poeta

Poemas :  Conflito interno
Conflito interno
Está tudo aí para eu escolher
sobre o que escrever...
Existe este vazio em mim,
como existe o vazio do ar.

Insiste uma canção no rádio,
para que eu a escute...
Por que meu travesseiro,
não me mostrou nenhum caminho?

Caio despedaçado,
igual às flores despetaladas
pelos enamorados,
em busca de verdades.

Eu também busco a verdade.
Mas não posso perguntar
a nenhuma flor...
Será que ela sabe?

Está tudo ai,
diante dos meus olhos:
este céu nublado,
este dia enjoado,
este conflito interno...

“Mundo mundo vasto mundo”.
O “Santos Drummond”,
não seria solução...
Não me adianta voar
na sua imaginação...

Deixo tudo como está.
Tudo aí, no mesmo lugar...
Talvez quando eu voltar,
o conflito já tenha passado,
e eu possa escrever sossegado.

A.J. Cardiais
imagem: google
Poeta

Poemas de amor :  Poema rosa para um dia de sol
Poema rosa para um dia de sol
(A Rosa Emília)

A Rosa que anda,
é a mulher que é a vida.
A Rosa que ama,
é a Rosa ferida,
exprimida no caule do teu
próprio espinho-mulher...

A Rosa colorida,
é a flor esperança meiga,
da mulher Rosa apaixonada,
dócil, singela, mimada...

A Rosa, rosa,
é a Rosa flor-mulher,
de espinhos indefesos
para uma vida de amor...

Ah, Rosa...
Prenda-me nas tuas pétalas,
e ponha-me toda pureza,
do teu desabrochar
perante o sol.

A.J. Cardiais
imagem: google
Poeta

Poemas :  Em busca de inspiração
Em busca de inspiração
Estou em crise...
Não sei escrever tecnicamente
como muita gente faz.
Escrevo para ficar em paz.

E só escrevo inspirado:
Preciso ser provocado,
preciso estar comovido,
preciso ser induzido...

Às vezes eu me provoco.
Às vezes me toco
e tento caminhar sozinho...

Mas, a Poesia é flor
e o Poema é espinho.
E no meio do caminho,
eu topo na pedra da dor...

Aí, abandono o meu intento
e vou procurar alimento
nos livros de algum autor.

A.J. Cardiais
imagem: google
Poeta

Poemas :  Poema agreste
Poema agreste
Gosto da poesia
quando vem do nada.
Não é aquela coisa buscada,
programada, estudada...

Gosto da poesia,
como uma flor qualquer,
uma flor do mato,
um mal me quer...

Gosto da poesia
quando ELA me procura...
Pra você poder ser loucura,
mas para mim não é.

A.J. Cardiais
imagem: google
Poeta

Poemas :  Rosa flor, rosa mulher
Rosa flor, rosa mulher
Rosa, em quantos cantos
te cantarei?
Sinto a vontade de escrever,
como a fome de inverno.

Brinco e rabisco.
Dou asas à perfuração veloz
da caneta.
Sou um estafeta de mim...

Sou poeta?
Fujo do mundo
e das rosas.
Em quantas prosas?

Rosa flor, Rosa mulher,
rosa qualquer cor-de-rosa.
Rosa, não te cantarei nem nada...
Simplemente te amarei.

A.J. Cardiais
08.12.1989
imagem: google
Poeta